sábado, 19 de abril de 2014

Resenha de Filme - Os Filhos do Padre

Os Filhos do Padre. Planejamento Familiar Às Avessas.
Um planejamento familiar às avessas. Esse é o melhor resumo de “Os Filhos do Padre”, uma divertida comédia da Croácia, algo que não temos muito contato por aqui. Vemos neste filme que os povos aparentemente sisudos do leste europeu podem ter bastante senso de humor e temos aqui uma grata surpresa. Vamos falar um pouquinho desta película inusitada.
A história fala do padre Don Fabijan (interpretado por Kresimir Mikic), que foi chamado para substituir o padre Don Jakov (interpretado por Zdenko Botic), de uma paróquia numa pequena ilha no Adriático. Mas o padre titular por lá permanece e nosso Don Fabijan fica como uma espécie de padre suplente, que muito sente não ser tão popular quanto Don Jakov. Outra coisa que incomoda Don Fabijan é a alta taxa de mortalidade da ilha e a taxa de natalidade em zero, num claro sinal de que a população está encolhendo. Don Fabijan assiste a tudo, meio sem ter o que fazer, até que, um dia, ele recebe em seu confessionário Petar (interpretado por Niksa Butijer), o dono de um quiosque que vende, entre outras coisas, preservativos e se acha culpado pela morte de pessoas que nem terão uma chance de nascer. Nesse ínterim, o padre tem uma ideia e combina com Petar furar todas as camisinhas com um alfinete para que as mulheres possam engravidar. Mas o plano não dá certo, pois as mulheres usam anticoncepcionais na farmácia de Marin (interpretado por Drazen Kuhn), um croata veterano de guerra ultranacionalista, que sofreu em campos de concentração sérvios e muçulmanos. Assim, Don Fabijan planeja sabotar as caixas de anticoncepcionais com vitaminas, tendo o apoio de Marin, pois o farmacêutico quer aumentar a população croata a qualquer custo para que os inimigos não tomem seu país. O filme tem lances muito engraçados como o linguajar de baixo calão de Petar com Fabijan e como o padre imagina as relações sexuais entre os membros da comunidade. A questão étnica e os preconceitos entre os povos do leste europeu também são abordados com muito humor, principalmente no que toca à visão dos croatas sobre os albaneses. Mas o filme também mostra como a interferência do padre Fabijan na vida das pessoas com relação a aumentar a taxa de natalidade pode prejudicá-las. E a trama, que aparece muito engraçada em seu início, se torna mais pesada e sombria ao seu final, dando uma impressão de que o início e fim do filme destoam de uma certa forma. Mas essa discordância nos mostra como essa história não se propõe a ser apenas uma comédia com simples função de entretenimento. É um filme que também faz pensar e faz algumas críticas aos procedimentos da Igreja Católica. Vemos, por exemplo, um bispo que visita a ilha e se preocupa muito mais com casos de pedofilia, perdoando até Don Fabijan, que acabou sendo flagrado com um dos preservativos. E também o estupro cometido por Don Jakov, que acabou resultando no suicídio da menina estuprada. O estupro também acabou sendo mantido em segredo pelos padres, pois eles aproveitaram o expediente do sigilo na confissão para guardar segredo do crime cometido, procedimento moralmente inaceitável nesse contexto, mas aceito pela Igreja Católica. Fica curioso aqui também perceber os problemas de natalidade nesta parte do mundo, onde os nascimentos precisam ser estimulados, ao contrário do que acontece aqui no nosso terceiro mundinho, onde precisamos justamente desencorajar a natalidade.

Por essas e por outras, “O Filho do Padre”, outro filme que está discretamente no circuito, é uma história que merece ser vista e desfrutada pelos cinéfilos de plantão...


Cartaz do Filme


Padre Fabijan em ação


Fabijan e Petar.


Tomando intimidade com o tamanho GG.


Trio implacável. Petar, Fabijan e Marin.

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