segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Resenha de Filme - O Lobo de Wall Street

O Lobo de Wall Street: Uivos de Uma América Dividida.
Saiu um novo Scorsese! Um filme com várias indicações ao Oscar, “O Lobo de Wall Street” traz novamente a dupla de sucesso Scorsese-DiCaprio (os dois são agora inclusive produtores do filme). E novamente temos um filmão! Bom roteiro (adaptado de uma história real) e três horas de duração. Mais uma vez mexe-se com a América, suas “virtudes” e “defeitos”. Tudo de forma nua, crua, agressiva, espetaculosa. Do jeitinho que só o cinema americano (e, principalmente, Scorsese!) sabe fazer.

A trama conta a história do corretor da bolsa de valores, Jordan Belfort (interpretado pelo sempre ótimo ator Leonardo DiCaprio), que começa o filme fazendo uma apresentação bem humorada de si mesmo. Fala de sua riqueza, trambiques, paixão por drogas, sexo com prostitutas e seu principal vício: o dinheiro. Jordan começa como corretor na empresa de Mark Hanna (interpretado por um ótimo Matthew McConaughey, que foi pouco aproveitado no filme), que lhe ensina a regra básica do corretor ganhar dinheiro fácil: jamais deixar o investidor vender suas ações e pegar os lucros, mas sim estimular o investidor a reinvestir os lucros em ações para poder pegar as comissões das vendas. Se os investidores tivessem prejuízo nessas novas operações financeiras, azar o deles! O que importava era o dinheiro da comissão na mão do corretor. Mas a empresa faliu no primeiro dia de trabalho de Jordan, que acabou numa empresa de corretores que lidavam com microempresas, cujas ações valiam centavos e estavam fora de Wall Street. Jordan, com sua lábia, transformou essa pequena empresa numa gigante do mercado de ações, mesmo estando fora de Wall Street. Não demorou muito e mais operações irregulares eram feitas, festas com orgias, muito consumo de todo tipo de droga e diversões grotescas como lançamento de anões ao alvo ocorriam. A Comissão de Valores Mobiliários buscava irregularidades, mas não conseguia encontrá-las. Tudo parecia perfeito para Jordan e sua trupe de parceiros, até que o FBI se meteu no meio. Aí as coisas começaram a melar, pois na esfera criminal, Jordan se enrolou bastante, não sem antes tentar subornar os agentes com discursos sutis. O filme ainda mostra tentativas atrapalhadas de Jordan transferir seu dinheiro para a Suíça (onde o banqueiro era interpretado por Jean Dujardin, isso mesmo, aquele de “O Artista”) e lances muito inusitados de Jordan e seus sócios totalmente doidos com drogas (o momento onde Jordan se drogou com a “lemonade”, a mais violenta de todas, foi hilário!). Mas, ao fim, a empresa foi fechada pelo FBI e todo mundo terminou em cana. Isso depois de haver uma trairagem dupla até na delação premiada. Ao fim do filme, vemos que existem dois pólos: a América onde tudo é feito em nome e pelo dinheiro, onde o homem é totalmente desregrado em suas ambições, dando espaço para toda atividade ilícita e corrupta. Isso fica bem claro quando Jordan, num discurso para os empregados de sua empresa dizia que sua empresa “é a América”. E a empresa tinha tudo o que se podia imaginar: muito dinheiro rolando, consumo de drogas, prostituição, orgias, etc., etc., etc. O outro pólo é a América virtuosa, que respeita a lei e os direitos burgueses do cidadão, representada pela justiça e por agentes do FBI que não se deixam corromper, mesmo vestido o mesmo terno por três dias e voltando para casa de metrô. Os corruptos e imorais quebraram a cara, a América virtuosa e respeitadora venceu. Mas fica a pergunta: em qual das duas Américas você acredita???

Cartaz do Filme



Jordan e seu maior vício: o dinheiro


Matthew McConaughey, pouco aproveitado...


Mandando uma grana para a Suíça...


Jordan tentando subornar os federais. Mas os heróis da “América Certinha” resistiram bravamente.


Lançamento de anão.


Martin Scorsese, outro gênio do cinema...

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