Geragalu.
Modéstia Como Virtude.
Ainda dentro da mostra “Novo
Cinema Indiano”, realizada no mês de janeiro no CCBB, tivemos a película
“Geragalu”, realizada no sul da Índia (Karnataka) em 2015 e dirigida por Nikhil
Manjoo. O filme é, acima de tudo, um libelo pela modéstia. Vemos aqui a
história de um artista muito conceituado, Gaffur Kahn, que recebeu muitos
prêmios por desenvolver a manifestação cultural Yakshagana. Tanta bajulação fez
com que o sucesso lhe subisse à cabeça e ele se tornasse uma pessoa
simplesmente intratável, que só pensa em seus êxitos e nas pessoas como suas
servas. Isso faz com que a vida do artista e todos os que estão à sua volta se
torne um verdadeiro inferno. Mas toda a empáfia de Gaffur Kahn vai desaparecer
quando seu netinho resolve visitá-lo e, ao começar o ritual de orações para
fazer o Yakshagana, ele pronuncia uma palavra errada na frente do neto, sendo
prontamente corrigido por este. Enfurecido, Kahn dá uma surra no garoto e vai
procurar seu antigo mestre, por quem tem verdadeira adoração e devoção, e o
professor caba lhe dizendo que o neto está certo. Ante à reação revoltada de
Kahn, o mestre lhe chama a atenção dizendo que ele não pode deixar de ser
humilde. O artista, então, destrói todos os seus amados prêmios e se matricula
numa escola para alfabetização de adultos, colocando sua soberba de lado e buscando
um caminho mais humilde. Essa película já mostra um outro estrato cultural e
étnico bem diferente de “O Navio de Teseu”. Enquanto que este primeiro filme
era feito numa região mais urbanizada e ocidentalizada, “Geragalu” tem uma
forte cultura local enraizada, seja nas práticas culturais, seja nos hábitos
cotidianos. A impressão que nos dá quando vemos os dois filmes é a de que presenciamos
dois países diferentes, o que espelha bem o espírito da mostra “Novo Cinema
Indiano”, que é mostrar toda a diversidade cultural da Índia em películas
autorais, longe dos blockbusters de Bollywood.
Um ator muito convencido
O diretor Nikhil Manjoo
Nenhum comentário:
Postar um comentário