Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!

Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!
Brigitte Helm, A Deusa Eterna De Yoshiwara!!!

sábado, 16 de setembro de 2017

Resenha de Filme - Dupla Explosiva. Vale Mais Pela Comédia


                  Cartaz do Filme
Um filme de ação com cara de comédia está em nossas telonas. “Dupla Explosiva” é o clássico filme de “porrada, bomba e tiro”, mas que é muito mais interessante por seu conteúdo altamente cômico. E isso amparado por um elenco estelar: Ryan Reynolds (cuja presença ficou muito mais valorizada por onde ele passa depois de “Deadpool”), Samuel Jackson (que dispensa apresentações) e as gratas surpresas de um Gary Oldman, o versátil ator português Joaquim de Almeida e, principalmente, Salma Hayek, que andava meio sumida e que, apesar da idade, ainda tem uma beleza para lá de estonteante.
                            Uma baita química!!!
No que consiste a história do filme? Michael Bryce (interpretado por Reynolds), um agente de segurança de gente muito importante, sempre foi impecável em seu trabalho. Até que um dos seus clientes acaba assassinado, o que o colocou no limbo, conseguindo apenas trabalhos menores. Ele será chamado por Amelia Roussel (interpretada por Elodie Yung) para proteger Kincaid (interpretado por Jackson), um assassino profissional que é testemunha-chave para condenar um ex-presidente da Bielorússia (interpretado por Oldman), acusado de genocídio. O problema é que o tal ex-presidente tem todo um rosário de capangas e assassinos que vão perseguir nossos protagonistas até ao inferno, se for preciso, com o objetivo de matar Kincaid. Aí, o resto todo mundo já sabe. Mas o detalhe aqui está no relacionamento entre Bryce e Kincaid, que foi, digamos, um tanto turbulento no passado, o que vai provocar muitas risadas nos espectadores.
                 Muito bom ver Hayek de volta!!!
O filme definitivamente gira em torno de Reynolds e Jackson, como não podia deixar de ser diferente. A química entre os dois foi perfeita, com um carisma maior por parte de Jackson. Ele meio que engoliu Reynolds durante a película. De qualquer forma, Reynolds também esteve bem. O personagem talvez não ajudasse muito, já que ele era metódico, certinho e, como dizem hoje em dia por aí, cheio de “mimimi”. Já Jackson era um supersafo da vida, com os “Motherfuckers” de sempre, o que provocava muito mais impacto. Duas naturezas tão antagônicas ajudaram a compor um bom relacionamento entre os dois, que começou com turbulências muito engraçadas, mas que pouco a pouco deram lugar a uma aproximação e entendimento melhor entre eles.
Com relação ao vilão, ele apareceu muito pouco e fez o bandidão mau e impiedoso clássico, o que é uma pena, pois um talento como o de Oldman sempre pode ser melhor aproveitado, se bem que, num filme desse tipo, não existe muito espaço para isso, pois o vilão é mau e somente isso. Podemos dizer que Oldman fez seu “feijão com arroz” direitinho. Já Joaquim de Almeida é aquele talento que todos nós cinéfilos que acompanhamos o cinema europeu já conhecemos de eras. Mas o cinema americano insiste em criar estereótipos e mais uma vez deu um papel de mau caráter a Almeida, o que eu particularmente acho uma coisa muito chata e reforça os argumentos de Ricardo Darín em não ceder às tentações de Hollywood. Salma Hayek interpretou a esposa de Kincaid, e fez o estereótipo da mulher latina fogosa e violenta clássica. Como era algo sem saída, Hayek caiu de cabeça no papel e o fez de forma tão caricata que isso caiu como uma luva no gênero de comédia do filme. E, cá para nós, como foi bom ver Hayek de novo com sua beleza irresistível! Só isso já valeu o ingresso!
                  Oldman. Vilão convencional.
Apesar do rosário de estereótipos, “Dupla Explosiva” é um filme altamente recomendável pois, mais do que um filme de ação, é uma ótima comédia feita por um elenco muito bom e traz atores que estavam meio sumidos nas telonas. Só é lamentável que esse filme tenha passado em tão poucas salas e com poucos horários, o que reflete a carência de salas de cinema numa cidade de escala nacional como o Rio de Janeiro. Quem não tiver a chance de ver no cinema, pode depois procurar no DVD.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Resenha de Filme - Paterson. Poesia e Cotidiano.


Cartaz do Filme
O diretor Jim Jarmusch está de volta, em parceria com o “Kylo Ren” Adam driver, trazendo o bom filme “Paterson”. Um filme sobre escrita e poesia. Mas também um filme sobre cotidiano, regado a pequenas e quase imperceptíveis alterações de rotina. Uma verdadeira aula de como você deve lidar com o dia-a-dia e os problemas que eventualmente surgem em sua vida.
A história em si é muito simples. Vemos aqui a trajetória de Paterson (interpretado por Driver), um motorista de ônibus que vive numa cidadezinha que tem o seu nome e que fica em New Jersey. Nosso protagonista acorda todos os dias em torno das seis e dez da manhã, troca uns beijinhos com sua esposa Laura (interpretada pela estonteante Golshifteh Farahani), vai para seu emprego, dirige o ônibus o dia inteiro, volta para cada, janta com sua esposa, leva o cachorro para passear e para num bar. De segunda a sexta, essa é a rotina de Paterson, que é quebrada em poucos momentos. Nem sempre a conversa no bar é a mesma, diferentes passageiros têm diferentes conversas no ônibus e Paterson, atento a tudo, as registra em sua memória. Mas a principal quebra de rotina na vida de Paterson é o ato de escrever suas poesias. Poesias que não rimam, é verdade, mas que pegam pequenas coisas do cotidiano (uma caixa de fósforos, por exemplo) e as transformam em objetos de arte com grande lirismo por parte do escritor. A esposa de Paterson é outro ponto importante na quebra dessa rotina. Cheia de manias, ela quer, simultaneamente, ser artista plástica, abrir uma empresa de cupcakes ou até mesmo ser uma cantora country, colocando Paterson eventualmente em maus lençóis financeiros. Mas o amor do motorista escritor por sua esposa é tanto que ele é altamente compreensivo com as doideiras dela, que também o apoia muito em sua carreira de escritor. E assim, a vida dos dois vai seguindo ao longo da semana. Só que um acontecimento inesperado quebraria violentamente essa rotina.
                     Paterson, um carinha legal…
O grande barato desse filme está justamente na questão da rotina e da sua quebra, com a poesia atuando como ponte entre esses dois pólos. É do cotidiano que Paterson tira inspiração para escrever seus versos e estrofes. Ou seja, de um local aparentemente estéril em termos de criatividade (a rotina do cotidiano) é de onde sai para Paterson todo um terreno para ele pôr em prática a sua fértil visão de mundo. Somente um artista refinado e sensível consegue tal proeza. E vamos percebendo isso paulatinamente na película, onde nosso protagonista começa a criar seus versos um pouco antes de sair com o seu ônibus, quando tem o raciocínio cortado pelo despachante pessimista da empresa, e o retoma na hora do almoço, quando tem mais tempo para escrever.
Com a esposa, doidinha, mas muito amável…
É claro que não é apenas a repetição do cotidiano que dá material para Paterson escrever. As conversas dos passageiros no ônibus trazem elementos novos para o motorista. Uma conversa de dois homens contando suas paqueras, um papo de estudantes anarquistas sobre uma importante figura anarquista do passado da cidade, ou até a importância do filho ilustre Lou Costello para a cidade de Paterson, todos estes são elementos que tiram o filme da rotina e trazem novos pontos de reflexão para o escritor, que é apaixonado por um famoso escritor local, William Carlos Williams. Existem até outros elementos que eu poderia mencionar à respeito da quebra de rotina, elementos esses relativamente interessantes, mas chega de spoilers por hora.
E os atores? Golshifteh Farahani foi muito bem numa personagem que, de tão lúdica, beirava o caricato. Ela segurou o rojão bem e comprou a ideia. Convenhamos que sua beleza hipnotizante ajudou bastante, mas a moça é talentosa, não vamos desmerecer a sua atuação em função de sua beleza. Já Adam Driver fez um personagem excessivamente calmo e compreensivo, que eventualmente saía de seu estado letárgico em situações engraçadas do bar. Apesar da excessiva passividade de Paterson, Driver fez a gente gostar do cara, o que é sinal de uma boa atuação.
Situações inesperadas quebram o cotidiano
Assim, “Paterson” é um bom filme, que tem um ritmo lento por viver em função do cotidiano e da rotina, mas cativa e prende a atenção pelos personagens, pelos atores e pela poesia bem escrita, talvez a grande vedete do filme. Vale a pena dar uma conferida em DVD.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Resenha de Filme - Neve Negra

Cartaz do filme
Ricardo Darín apareceu novamente no cinema argentino. Entretanto, a gente acaba lamentando aqui a sua pouca presença em sua nova película, mesmo que seu nome puxe os créditos. Uma pena, pois “Neve Negra” se revela um bom filme de drama psicológico, com uma pitada de suspense, embora o filme tenha sido vendido da forma completamente oposta.
Vemos aqui a história de Salvador (interpretado por Darín), um homem que vive recluso nas gélidas florestas da Patagônia. Ele vive de sua caça, pois está a quilômetros e quilômetros de distância de qualquer coisa civilizada. Salvador tem um irmão, Marcos (interpretado por Leonardo Sbaraglia), que vem a sua cabana com a esposa Laura (interpretada por Laia Costa). O assunto que levam os dois à casa de Salvador é a venda da propriedade da família e a consequente retirada de Salvador do terreno. Mas isso não é o único motivo de conflito entre os irmãos. O irmão caçula havia sido morto no passado por um tiro numa saída para a caça e a culpa de tudo ficou atribuída a Salvador, o que teria sido um “acidente”. Mas essa história estava muito mal contada e, aos poucos vamos descobrindo que a verdade é muito diferente do que foi mostrado no início da película.
Salvador, um verdadeiro eremita
Como a história é demasiadamente cativante, vou parar aqui com os “spoilers”. Além do roteiro bem escrito, a gente também pode mencionar uma primorosa montagem, pois a tensão do tempo presente no filme precisa ser alimentada por uma sucessão de “flash-backs” que devem entrar nos momentos certos, numa constante interação entre presente e passado. Isso tem que ser feito de forma bem engenhosa para não criar confusão na mente do espectador, assim como a narrativa não pode ficar mais concentrada no presente ou no passado, precisando ficar bem distribuída, como aconteceu no filme. Outra virtude da película foi o clima altamente soturno que permeia toda a história, que foi vendida mais como um filme de suspense. A fotografia e a música da película sufocam o espectador com essa impressão de suspense e o clima pesado não arreda o pé da história um instante sequer. Mas creio que a principal característica do filme é a do drama psicológico, pois o passado dos irmãos foi manchado por violentos traumas, onde o isolamento dos filhos feito por um pai opressor provoca uma sucessão de pequenas tragédias que culminam na morte do filho caçula.
Marcos terá que convencer o irmão a sair da propriedade da família
Com relação aos personagens, essa é uma história mais centrada no casal Marcos e Laura. Salvador fica numa posição mais periférica e sua natureza rude e introspectiva causava uma má impressão inicial em seu personagem. Sua pouca participação no filme foi outro problema, pois não deu voz ao personagem ao longo da trama e tempo para desenvolver sua história, o que é um desperdício em se tratando de Darín e de um filme onde ele encabeça o elenco nos créditos. Ficou uma má impressão de que o ator ficou muito mal aproveitado.
Uma coisa que ficou um pouco complicada foi o desfecho, onde apareceu uma situação meio “Mandrake”, ou seja, mesmo que o cinema possa lançar mão de toda uma licença poética, a solução de todo mistério e de todo o passado nebuloso veio de forma extremamente fácil, já ao apagar das luzes da história. Teria sido muito mais saboroso se esse mistério tivesse sido desvelado aos poucos (e até o foi), mas sem um desfecho tão abrupto e pouco plausível. De qualquer forma, a história de “Neve Negra” ainda pode ser considerada muito boa e com notáveis reviravoltas.
Laura. Participação importante na trama
Assim, vale muito a pena ver Darín novamente atuando, embora tenha sido muito pouco para quem é fã de verdade desse grande ator argentino. Que bom que, pelo menos as atuações de Leonardo Sbaraglia e Laia Costa também tenham sido boas, já que o filme foi mais centrado nesses atores. Apesar de algumas situações inusitadas, “Neve Negra” é um bom filme de drama psicológico, regado a um clima soturno de suspense. Vale muito a pena dar uma conferida quando sair nas locadoras.

domingo, 23 de julho de 2017

Resenha de Filme - Clone Wars



Cartaz do Filme. Excelente animação

“Há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante”. Todo mundo conhece o prólogo de “Guerra nas Estrelas”. A saga criada por George Lucas, que começou no longínquo “Uma Nova Esperança”, lá em 1977, expandiu seu Universo de uma tal forma que passou por um processo de amadurecimento ao longo do tempo. Os fãs da trilogia original até torceram o nariz para esse amadurecimento (leia-se a trilogia Prequel). Mas sem dúvida a coisa se enriqueceu e se variou bastante. Se na trilogia original houve um tom mais lúdico de fantasia espacial, a trilogia Prequel buscou dar um conteúdo maior de trama política, com uma história mais densa dividindo o espaço com as empolgantes cenas de ação de sempre.

Anakin e Obi Wan terão uma difícil missão pela frente

O espaço entre as trilogias e os episódios das trilogias também passou a ser ocupado por novas histórias em várias mídias. Videogames, quadrinhos, livros, animações. Uma dessas tentativas foi o longa de animação “Clone Wars”, que se passa entre os episódios II e III da trilogia Prequel. Temos aqui uma história de muito boa qualidade, que nada fica a dever aos filmes das duas trilogias. O ambiente da animação está nas famosas Guerras Clônicas e há toda uma disputa estratégica entre o Conde Dooku (faça-me o favor de tirar o nome Dookan daqui para bem longe; devemos respeitar o original, mesmo que em português soe ridículo) e as forças da República. Jabba, o Hutt, controla todo o tráfego da Orla Exterior e é imperativo que se tenha o livre acesso a esse tráfego para se poder ter vantagem na guerra. Só que o filhinho de Jabba, um bebezinho Hutt (que fofinho!) foi sequestrado por Dooku. Obi Wan Kenobi e Anakin Skywalker, que estão na linha de frente da guerra, são chamados para salvar o pimpolho Hutt. Mas Dooku fará de tudo para culpar os dois jedis pelo sequestro. Assim, Kenobi e Anakin terão a dura missão de salvar o Huttzinho enquanto participam de uma violenta e sangrenta guerra contra o exército droide de Dooku.

Conde Dooku: mais conspirador que nunca

Essa animação traz alguns elementos interessantes. Em primeiro lugar, priorizou-se bastante as cenas de ação em detrimento das tramas políticas, que ficaram muito mais simplificadas. Já foi dito aqui que a trilogia Prequel foi muito criticada pela densidade política da história, colocando as cenas de ação da fantasia espacial mais em segundo plano. Parece que buscou-se dar mais um ar de trilogia original e seu espírito de aventura à animação, ambientada na trilogia Prequel. E o resultado foi muito bom. Até as costumeiras piadinhas ao longo dos filmes da trilogia original apareceram. Em segundo lugar, a introdução de novos personagens. O Conde Dooku tem ao seu lado Asajj Ventress, uma assassina que lembra um Darth Maul de saias, fazendo bons duelos com Anakin e Obi Wan. Mas a mais interessante personagem é Ahsoka Tano, uma twi’lek que é padawan e foi designada para ser aprendiz de Anakin. A mocinha é convencida e atrevida, onde sua forte personalidade baterá de frente com o gênio forte de Anakin, embora os dois também tenham alguns momentos mais ternos. De qualquer forma, foi divertido ver Ahsoka Tano zoando com a cara do sisudo Anakin.

Ahsoka e o huttzinho…

Assim, “Clone Wars” foi uma boa investida da Lucasfilm, pois conseguiu dar um sabor de aventura e fantasia espacial à trilogia Prequel e, ao mesmo tempo, apresentou novos personagens que interagiram bem com personagens já conhecidos, sobretudo a padawan Ahsoka Tano. Se você ainda não viu (como eu não tinha visto), vale a pena conhecer. E se você já viu, sempre é bom dar uma revisitada, já que “recordar é viver…”.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Resenha de Filme - A Bela e a Fera

Batata Movies – A Bela E A Fera. Encontro de Outsiders.

Cartaz do Filme
E a Disney lançou a sua versão action movie de “A Bela e a Fera”, estrelando Emma Watson no papel da mocinha. Esse é um filme que já vinha cercado de uma certa expectativa, pois todo mundo já conhecia a animação lá da década de 90. E aí, ficou a pergunta: o que esse filme traria de novo?
Releitura de um velho clássico
Bom, em primeiríssimo lugar, o elenco. Além de Emma Watson, tivemos uma boa participação de Kevin Kline, como Maurice, o pai de Bela. É muito legal ver um ator que tanto apareceu lá na década de 80 ainda dando caldo. Mas o filme teve outras gratas surpresas. Luke Evans, que fez um dos mais novos “Dráculas”, fez um bom vilão no papel de Gaston. Vários atores consagrados participaram do filme, mas eles fizeram papéis dos objetos do castelo. Assim, só pudemos ver ao final da película os semblantes de atores como Ewan McGregor, Ian McKellen, Emma Thompson, etc. Um destaque todo especial deve ser dado ao ator Josh Gad, que fez o papel de LeFou, o fiel escudeiro de Gaston, e que despertou muita polêmica entre mentes mais conservadoras por aqui por se insinuar de forma homossexual no filme. Querelas à parte, ele foi muito bem em seu papel e chamou muito a atenção, mais por seu talento do que por toda a polêmica envolvida. Só é de se lamentar que o papel de Fera tenha ficado com um ator pouco conhecido, Dan Stevens, onde o CGI teve mais presença que o ator em si. Já a atuação de Emma Watson foi segura, mas talvez um tanto plana. Seus momentos mais dramáticos não convenciam muito. Talvez seu perfil não se encaixasse tanto no papel, o que foi uma pena, pois essa é uma excelente atriz, mas a coisa não deu a química esperada.
Correndo contra um encanto e contra o tempo…
Um detalhe interessante que a história nos mostra é a questão do outsider. Tanto a Bela quanto a Fera são figuras deslocadas do meio em que vivem. A Fera é o príncipe que sofreu um encanto por ser uma pessoa má e foi esquecido por todos, sendo condenado ao ostracismo enquanto seu encanto não fosse quebrado. Já a Bela era a moça deslocada de sua comunidade, pois tinha o estranho hábito de ler, o que provocava falatórios das pessoas com relação às suas atitudes. Ainda, ela era muito malvista por ensinar crianças a ler (!). Algo típico de uma sociedade de Antigo Regime, onde a posição da mulher era vista de forma ainda mais periférica do que hoje e mulheres que se comportavam diferentes daquelas que eram preparadas para casar ficavam à margem da sociedade. Assim, o encontro da Bela e da Fera no castelo fez com que os dois se identificassem em seus deslocamentos perante os outros. Isso, obviamente, depois de quebrado o gelo inicial.
Fera. Mais expressividade no CGI
O filme é também mais um delicioso musical, um gênero que tem voltado às telonas ultimamente e da melhor forma possível, ou seja não uma “cópia e cola” dos musicais da Broadway para o cinema. Já vimos esse grato retorno dos musicais com “La La Land”. E fazer o mesmo para uma história adaptada pela Disney deu um bom resultado, pois os números estavam muito bem coreografados e mais uma vez ficamos com aquele gostinho dos antigos musicais americanos, que é o que o cinema de Hollywood consegue fazer de melhor. O gênero musical é uma invenção genuinamente americana e suprassumo do cinema dos Estados Unidos.
Assim, “A Bela e A Fera” correspondeu às expectativas de ser mais um bom lançamento da Disney, que nunca brincou em serviço. Uma história com um excelente elenco, um bom musical, um encontro de outsiders. A se lamentar somente um ator desconhecido para o papel de Fera e a interpretação inesperada de Emma Watson, um tanto fria para o papel (inglesa demais?). Mas nada disso prejudica o filme em si. Vale a pena dar uma conferida.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Resenha de Filme - Takeshis'

Takeshis’. Qual É O Kitano De Sua Preferência?
No mês de janeiro, a Caixa Cultural comemora os 70 anos do cineasta japonês Takeshi Kitano (completados no dia 18), com uma mostra dedicada a essa grande figura do Cinema Mundial. O cinema de Kitano tem um estilo único, com uma violência explícita, assim como o sexo, passando por um humor negro tragicômico regado a muito surrealismo e non sense. Os filmes de Kitano realmente mexem com a gente e não ficamos indiferentes a ele.
Um dos filmes exibidos na mostra foi “Takeshis’”, realizado em 2005. Essa película mostra, de uma certa forma, os dois lados do diretor. De um lado, Takeshi, o artista consagrado, verdadeira instituição cultural nacional. De outro, o senhor Kitano, um homem simples e inseguro que continuamente faz testes de figurante para o cinema e não é aceito, sendo motivo de chacota para os vizinhos. Sendo humilhado por tudo e por todos, e tendo a oportunidade de possuir muitas armas em sua mão, depois que um mafioso da Yakuza morre escondido e baleado no banheiro da loja em que trabalha, o senhor Kitano vai pirar na batatinha e sair passando fogo em todos que tripudiaram dele. A partir daí, o filme se torna uma torrente de surrealismo e de non sense que somente um ambiente onírico pode dar uma explicação plausível.
Definitivamente, o filme se torna mais interessante depois da revolta do senhor Kitano, e o mar de surrealismo tem pitadas de erótico e doses relativamente generosas de humor negro, onde a violência é o maior elemento motivador. Kitano sabe brincar com a violência de uma forma soberba, colocando-a nas situações mais inusitadas. A impressão é a de que presenciamos uma enorme ópera do absurdo ao longo de sua revolta, onde nada faz sentido. Pessoas mortas por rajadas de balas reaparecem todas arrebentadas pelos tiros para somente morrer de novo nas mesmas condições. Policiais fortemente armados atacam o senhor Kitano junto com samurais. DJs tocam suas carrapetas e seios femininos em meio a festas dançantes sob tiroteio intenso.  E por aí vai a sucessão de surrealismo. Apesar de tudo isso ficar um pouco maçante numa certa altura, uma coisa é certa: sempre algum elemento novo vai aparecer, mesmo que ele não tenha pé ou cabeça, como realmente não vai ter.

Assim, se você quer ter uma experiência cinematográfica um pouco diferente, eu aconselho muito dar uma chegadinha ao Caixa Cultural no Centro e assistir a alguns filmes da Mostra de Takeshi Kitano. Uma coisa é certa: você não vai ficar indiferente, pois o homem sabe fazer um cinema agressivo. E não deixe de ver o trailer depois das fotos.

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Cartaz do Filme

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Um artista consagrado

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Um figurante feito de palhaço

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Tentando de tudo para ganhar a vida

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Sofre deboche dos vizinhos

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Mas uma hora ele surta!!!

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Violência cimenta filme





TAKESHIS' TRAILER

domingo, 15 de janeiro de 2017

Resenha de Filme - Geragalu

Geragalu. Modéstia Como Virtude.

Ainda dentro da mostra “Novo Cinema Indiano”, realizada no mês de janeiro no CCBB, tivemos a película “Geragalu”, realizada no sul da Índia (Karnataka) em 2015 e dirigida por Nikhil Manjoo. O filme é, acima de tudo, um libelo pela modéstia. Vemos aqui a história de um artista muito conceituado, Gaffur Kahn, que recebeu muitos prêmios por desenvolver a manifestação cultural Yakshagana. Tanta bajulação fez com que o sucesso lhe subisse à cabeça e ele se tornasse uma pessoa simplesmente intratável, que só pensa em seus êxitos e nas pessoas como suas servas. Isso faz com que a vida do artista e todos os que estão à sua volta se torne um verdadeiro inferno. Mas toda a empáfia de Gaffur Kahn vai desaparecer quando seu netinho resolve visitá-lo e, ao começar o ritual de orações para fazer o Yakshagana, ele pronuncia uma palavra errada na frente do neto, sendo prontamente corrigido por este. Enfurecido, Kahn dá uma surra no garoto e vai procurar seu antigo mestre, por quem tem verdadeira adoração e devoção, e o professor caba lhe dizendo que o neto está certo. Ante à reação revoltada de Kahn, o mestre lhe chama a atenção dizendo que ele não pode deixar de ser humilde. O artista, então, destrói todos os seus amados prêmios e se matricula numa escola para alfabetização de adultos, colocando sua soberba de lado e buscando um caminho mais humilde. Essa película já mostra um outro estrato cultural e étnico bem diferente de “O Navio de Teseu”. Enquanto que este primeiro filme era feito numa região mais urbanizada e ocidentalizada, “Geragalu” tem uma forte cultura local enraizada, seja nas práticas culturais, seja nos hábitos cotidianos. A impressão que nos dá quando vemos os dois filmes é a de que presenciamos dois países diferentes, o que espelha bem o espírito da mostra “Novo Cinema Indiano”, que é mostrar toda a diversidade cultural da Índia em películas autorais, longe dos blockbusters de Bollywood.

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Um ator muito convencido

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O diretor Nikhil Manjoo

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Resenha de Filme - Navio de Teseu

Navio de Teseu. Histórias Aos Pedaços.
No mês de janeiro, o CCBB realizou uma mostra de produções recentes do cinema indiano. Buscando fugir um pouco do estereótipo de Bollywood, a mostra intitulada “Novo Cinema Indiano” buscou filmes mais autorais dos vários estados que compõem a Índia. Um dos filmes exibidos na mostra foi “Navio de Teseu”, produzido em 2013 e dirigido por Anand Gandhi. O filme começa com a seguinte questão: se as partes de um navio são trocadas, ele permanece o mesmo? A partir disso, o filme conta três histórias onde seus protagonistas sofreram transplantes. Na primeira história, uma fotógrafa sofreu uma inflamação da córnea e ficou cega. Ela continua a exercer seu ofício com a ajuda do marido. Um transplante de córnea vai ajudá-la a recuperar sua visão. E aí, ao invés de a volta da visão ajudar, a moça fica perdida perante tantas opções de fotografias que ela podia fazer a partir da visão recuperada. A segunda história é a de um monge que luta contra os laboratórios que fazem experiências com os animais para produzir cosméticos e remédios. Mas o monge sofre de cirrose hepática e precisa fazer um transplante. Entretanto, em virtude de seus princípios, ele se recusa a tomar as medicações prescritas pelo médico e vai lentamente definhando. Até que é convencido por um amigo a fazer o transplante e tomar as medicações. A terceira história é a de um corretor da bolsa que faz um transplante de rim. Mas ele suspeita de que o órgão que foi colocado em seu corpo foi roubado de outra pessoa. Mesmo sabendo depois que o órgão transplantado para o seu corpo não era roubado, ele foi atrás do paciente que teve o rim roubado transplantado e tenta reparar essa injustiça.
Três histórias sobre transplantes, onde as pessoas que receberam os órgãos, tal como o navio que recebeu outras partes, não ficaram mais as mesmas. A moça, excelente fotógrafa quando cega, ficou relutante com seu trabalho quando recuperou a visão. O monge doente, que para sobreviver, teve que questionar suas convicções e filosofias. E o inescrupuloso corretor da bolsa que ficou altamente solidário ao ver uma pessoa de camada social muito baixa ter um órgão roubado numa operação de apendicite, sendo que esse órgão foi transplantado num cidadão sueco, ou seja, de um país de Primeiro Mundo. Uma curiosa forma de perceber como as pessoas podem sofrer mudanças ao longo das situações que a vida lhes impõe.

Esse é um filme muito premiado e foi feito na região de Mumbai. Uma interessante película da mostra do novo cinema indiano no CCBB. Não deixe de var o trailer abaixo.
Quer mais cultura? Não deixe de visitar a Batata Espacial!!!! www.batataespacial.com.br

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Cartaz do Filme

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Uma fotógrafa que se perde com a própria visão

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Um monge que, para viver, tem que ir contra sua filosofia

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Amigos em busca do rim perdido.

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Belo cartaz promocional do filme