sábado, 31 de outubro de 2015

Resenha de Filme - O Clube

O Clube. O Lado Negro Da Igreja Católica.
Um filme chileno extremamente agressivo aos nossos sentidos. E, por isso mesmo, muito bom, embora ele deixe um gosto amargo no estômago. Essa é a impressão de “O Clube”, de Pablo Larrain, um filme consagrado pelo Urso de Prata no prêmio do Júri do Festival de Berlim desse ano. A película trata de forma extremamente contundente um tema altamente espinhoso: os casos de homossexualismo e pedofilia na Igreja Católica. E de como a maldade humana não tem limites. É um filme que te indigna e te enoja, e você sai da sala arrasado e profundamente decepcionado com a humanidade e seu mar de hipocrisias.
Vemos aqui a história de quatro padres que vivem juntos com uma irmã numa casa no meio de uma cidadezinha litorânea do Chile, que é altamente soturna e melancólica. Dentre as poucas diversões do local está a aposta em corridas de cachorros. Os padres e a irmã vivem juntos nessa casa isolada, pois eles estão impedidos de exercer o sacerdócio, já que “pisaram na bola” e devem permanecer um longo (talvez perpétuo) período de penitência e arrependimento em virtude de seus pecados. Pode-se dizer que a Igreja Católica “condenou à prisão” esses padres. Dentre os atos condenados pela Igreja que os padres cometeram estão a pedofilia, o homossexualismo, a violação da confidencialidade da confissão e a doação de filhos de uma família para outra, frutos de gravidez indesejada. Um belo dia, um quinto padre excessivamente atormentado chega à essa singela comunidade, mas acaba se suicidando com um tiro na cabeça depois de um homem que fora vítima dos casos de pedofilia na Igreja ficar provocando os padres em frente à casa contando em voz alta os casos de sexo oral e anal ao qual foi submetido por um padre quando jovem. Devido ao desfecho violento do novo hóspede, a Igreja enviou um psicólogo que vai tratar o grupo de uma forma excessivamente tradicional e muito, muito dura, criando sérias situações de conflito. E não podemos nos esquecer do homem que continuava tocando no passado turbulento de todos aqueles padres. Toda essa situação altamente caótica meio que provocou uma piração geral em todos, que buscaram uma solução violenta, esdrúxula e desprezível para o problema, com a “devida” aprovação da Igreja Católica na figura do psicólogo. Você sai da sala revoltado com o que viu, é um filme que realmente mexe com você. O mais lamentável é que, na sua ânsia de manter a integridade dos paradigmas, a Igreja Católica impiedosamente destrói vidas e noções básicas de caráter. E, como dizia o comunista João Saldanha, vida que segue, como se nada de mais sério tivesse acontecido. É uma película altamente agressiva e, por isso mesmo, muito boa, pois ela bota a sua cabeça para funcionar e questionar. O sentimento mais latente ao fim da exibição é o de raiva.
Só é de se lamentar a péssima qualidade da cópia (ou será que ela foi produzida assim mesmo?), muito escura e pouco nítida, o que só aumentava o sentimento de angústia ao longo da projeção.

Assim, se “O Clube” tem a propriedade de ser altamente odioso e agressivo ao público, por outro lado essas características são, ao mesmo tempo, as grandes virtudes do filme, já que elas nos sacodem por dentro, nos deixam profundamente indignados perante as injustiças provocadas no interior da Igreja Católica, sobretudo nos casos de pedofilia. Um filme fundamental. Um filme que te faz chorar de raiva. Um filme que te deixa profundamente indignado. Um filme de denúncia, cumprindo a função social do cinema.

Cartaz do filme

Um grupo exótico

Passado atormentado por casos de abuso sexual

Cachorros, a única diversão.

Um psicólogo altamente opressor. Poder da Igreja Católica


O diretor Pablo Larrain

Em Berlim

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