sábado, 25 de abril de 2015

Resenha de Filme - Sr. Kaplan

Sr. Kaplan. Vida Alimentada Pelo Sonho.
Nós não temos muito contato com o cinema uruguaio. Poucos filmes vêm para cá, se compararmos com as películas argentinas. Desta vez, tivemos a oportunidade de presenciar uma boa história lá da Banda Oriental. “Sr. Kaplan” tem uma trama interessante. O filme fala de um senhor judeu bem idoso, o tal sr. Kaplan (interpretado por Héctor Noguera), que fugiu dos nazistas na 2ª Guerra Mundial. Os efeitos da idade fazem com que nosso protagonista seja visto com reservas por seus amigos e até por sua família, já que ele nem consegue mais dirigir o seu carro direito. Os filhos chegam a contratar um motorista para o velho, o gordinho Contreras (interpretado por Néstor Guzzini), um ex-policial que foi abandonado pela família. Obviamente, o sr. Kaplan não gostou nada da ideia. Mas logo, logo os dois formarão uma dupla, já que o velhinho, num desses acasos da vida, foi parar numa praia mais afastada e encontrou um alemão (interpretado por Rolf Becker), dono de um pequeno restaurante. Como o estabelecimento comercial se chamava “Estrela”, o sr. Kaplan fez uma associação com o navio “Stern” (“Estrela” em alemão), que trouxe uma leva de oficiais nazistas fugidos da Europa após o fim da guerra. Kaplan e Contreras, então, farão uma investigação para descobrir se o alemão suspeito é ou não um nazista. E fica em nós a expectativa de se os devaneios do velhinho têm procedência ou não.

É uma história um tanto divertida, mas arrastada. O que salva é justamente a curiosidade de se o alemão é nazista ou não. O desfecho não chega a ser óbvio, havendo uns meandros que nos ajudam a enxergar a complexidade da guerra. Um elemento a mais está no personagem de Contreras, onde vemos em flashback o seu passado de policial e o porquê dele ter sido abandonado pela família. É uma história de derrotados que buscam dar a volta por cima. O inconformismo de Kaplan com a velhice e as limitações que ela traz levam o velhinho a encarar a louca missão de sequestrar o suposto nazista para submetê-lo a julgamento e terminar os seus dias como herói de seu povo. Seu motorista Contreras, um desempregado beberrão que passa madrugadas em bares preso à máquinas de flippers, mira-se no exemplo de seu idoso patrão e se encoraja a tomar um novo rumo na vida, recuperando o coração de sua família. Essa dupla de excluídos irá justamente dar força um para o outro para novamente fazer a diferença. Dessa forma, a camaradagem entre os dois é a tônica dessa interessante película uruguaia. É só uma pena que o final do filme fique um pouco solto, uma espécie de anticlímax. A coisa poderia ser um pouco mais fantasiosa, o que cairia bem num filme de pequena ópera do absurdo. Mas parece que o roteirista e diretor Álvaro Brechner preferiu um maior choque de realidade, o que tornou a trama um tanto chocha em sua conclusão. Lamentável para nossos dois personagens, principalmente para o sr. Kaplan. Ele merecia um final mais à altura de seu espírito de luta. De qualquer forma, ainda vale dar uma olhadinha no filme pela boa ideia e pelos laços de afetividade dos protagonistas principais.

Cartaz do filme


Sr. Kaplan. Um idoso em busca de reconhecimento.


Com Contreras, de motorista a fiel escudeiro...


Buscando pistas nos locais mais exóticos...


Kaplan e Contreras em missão. 


Um alemão suspeito.


Contato inevitável.


Será esse alemão um nazista???


O diretor Álvaro Brechner dirigindo seus atores...





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