segunda-feira, 30 de março de 2015

Resenha de filme - O Sal da Terra.

O Sal Da Terra. Uma Obra-Prima.
E chegou às nossas telonas o tão esperado documentário sobre Sebastião Salgado, “O Sal da Terra”. Dirigido pelo grande diretor alemão Wim Wenders e com co-direção de Juliano Ribeiro Salgado (filho de Sebastião Salgado), esse documentário foi indicado ao Oscar de melhor documentário este ano e isso foi motivo suficiente para que a sua estreia por aqui fosse muito esperada. E a espera valeu a pena, pois o documentário em nada decepciona. Muito pelo contrário.
A película começa com um lindo preto e branco que se misturava com as fotos de Salgado de Serra Pelada. As imagens das fotos em fusão com o rosto do fotógrafo dando o seu depoimento das imagens que tomou vão indicar a tônica do filme, onde o fotógrafo falará de seus trabalhos. Vemos, também, um relato do próprio Wenders que fala de seu primeiro contato com uma foto tomada por Salgado de uma refugiada, que provocou comoção imediata no cineasta alemão e despertou a curiosidade em conhecê-lo.
O documentário vai descortinar a vida de Salgado, um economista que desistiu de uma carreira promissora para se lançar na incerta carreira de fotógrafo, primeiro de fotógrafo de esportes para, mais tarde, fotografar questões sociais. Os anos de exílio na França durante a ditadura militar, e o apoio incondicional da esposa a seus trabalhos, a começar por uma viagem pela América Latina, são ressaltados. Especialmente tocantes são seus trabalhos no Nordeste, onde ele retratava crianças mortas em caixões, e, principalmente, nas inúmeras guerras que ele presenciou na África, onde toda uma tragédia formada por genocídios e fome foi retratada de forma nua, crua e extremamente chocante. Tais trabalhos chegaram a provocar em nosso fotógrafo mais famoso uma descrença generalizada pela raça humana e até mudaram o objeto principal de seus trabalhos. Salgado passou a enfocar mais a natureza, fazendo trabalhos desde o arquipélago dos Galápagos para “ver o que Darwin viu” até o norte da Sibéria, onde fotografou morsas numa praia, não sem levar um susto de um urso polar antes.
A vida aventureira de Salgado, homem muito viajado que viu as mais diversas e inusitadas situações, é de tirar o fôlego. Mas, o mais curioso é que Salgado consegue se recriar até nos limites de sua própria casa, onde mostra com orgulho (e belíssimas imagens para variar) um projeto de reflorestamento da fazenda de sua família. Um legado que será deixado para as próximas gerações além de suas excepcionais fotos, onde o preto e branco e seu contraste bem nítido tornam a estética ainda mais bela, seja nas patas de uma iguana dos Galápagos, seja no corpo esquálido e inerte de um refugiado, onde toda a dor e desespero se manifestam.

Ao fim desse belo filme, temos a noção de que ele é tão essencial como os próprios ensaios fotográficos de Salgado, um homem que realmente soube aproveitar a vida e que deixou um grande legado para as gerações vindouras. Um legado de exaltação à beleza da natureza, mas que também denuncia toda a agressividade e violência humanas. Um documentário que foi aplaudido pelos espectadores da sala ao seu final e que é extremamente essencial.

 
Cartaz do filme


O trio que fez a diferença


Salgado, incansável com sua câmara


Com a esposa



Mostrando suas fotos a Wenders.


Fotografando a tribo Zoe na Amazônia


Poços de petróleo em chamas no Kwait em 1991.


A tragédia dos refugiados


Um brasileiro do qual nos devemos orgulhar....

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