domingo, 22 de março de 2015

Resenha de Filme - Mapas Para As Estrelas

Mapas Para As Estrelas. O Lado Trágico Do “Star System”.
Uma excelente película dirigida por David Cronenberg. “Mapas Para as Estrelas” é um filme que faz um bom exercício de reflexão sobre as mazelas do “star system” americano. É um filme para quem tem estômago forte, pois ele é de uma crueza terrível. Uma história em que todos são vítimas e culpados. Uma história em que todos surtam. Não, mais do que isso. Todos enlouquecem mesmo.
A trama inicia com a jovem Agatha (interpretada por Mia Wasikowska), uma moça repleta de marcas de queimadura pelo corpo, chegando a Hollywood e sendo recebida por um motorista de uma empresa que aluga limusines, Jerome (interpretado pelo “vampiro” Robert Pattinson). Os dois estabelecem uma amizade e a moça conta que conhece a atriz Carrie Fisher (nossa amada princesa Leia, que faz uma ponta) pelo twitter e que a indicou para trabalhar como assistente de uma atriz decadente, Havana Segrand (interpretada por Julianne Moore), que lutava arduamente para ter o papel principal no “remake” de um filme estrelado por sua mãe na década de 1960. Por outro lado, havia o ator adolescente Benji Weiss (interpretado por Evan Bird), um mala sem alça extremamente arrogante e mimado pelos pais, que são um apresentador de programas de auto-ajuda, Dr. Stafford Weiss (interpretado pelo sempre ótimo John Cusack) e Christina Weiss (interpretada por Olivia Williams). O menino estava sob os olhos da produtora em virtude de seu vício por remédios. Aliás, ser viciado em remédios parecia ser uma espécie de lugar comum para todos. Não houvesse quem não tomasse suas pílulas. Em alguns casos, como os de Havana e Benji, eles tinham alucinações. Havana via a sua mãe, desvalorizando-a e lembrando dos abusos sexuais que ela sofreu na infância feitos pelo namorado da mãe. E Benji via uma menina morta que ele visitou no hospital e era fã dele, para quem falou uma série de mentiras.
Essa breve sinopse, que não será estendida aqui por conta dos “spoilers”, já nos dá uma noção de como o filme é muito barra pesada. Mas o que foi dito aqui é apenas a ponta do “iceberg”. Temas muito mais pesados aparecem, onde a desgraça alheia pode ser a sua felicidade, o incesto é recorrente e práticas piromaníacas não são uma exceção. É uma película extremamente agressiva, onde parece que a grande maioria dos personagens perde o controle totalmente. A busca pela fama e riqueza provocam extremo sofrimento, desagregação familiar, fortes vícios, alucinações e comportamentos para lá de violentos. Não há qualquer alegria, somente um estado letárgico alternado por momentos de extrema agonia. Tudo isso faz com que o filme seja muito bom, já que ele tem a coragem de denunciar algo espinhoso que sabemos que existe no showbiz, mas não é muito contado por aí (a menos que renda vendas para revistas de fofoca, que só se interessam pelo escândalo de forma superficial). As pressões que a fama impõe, onde fica bem claro que o glamour é algo totalmente efêmero e há uma luta atroz para se manter no topo, a ponto de um adolescente tentar estrangular uma criança por causa disso, aparecem de jeito altamente contundente. Todos estão submetidos a um “star system” que estraçalha corações e mentes. E a gente se pergunta: até que ponto valem a pena a fama e a riqueza se sua vida está destruída? Mansões cobertas com luxos de todo tipo servindo a almas dilaceradas...

Assim, “Mapas Para as Estrelas” é uma película que merece ser vista e que realmente denuncia situações extremas na indústria de entretenimento dos Estados Unidos. Um filme interpretado por bons atores que fala das mazelas que alguns atores despreparados para a pressão podem passar. Um filme essencial...

Cartaz do Filme.


 
Agatha. Luvas que escondem marcas de queimaduras...


Jerome. Aspirante a ator e roteirista, além de motorista de limusines


Havana. Atriz decadente e atormentada...


Benji, um pirralho insuportável



Stafford. Programas de auto-ajuda...


Insanidade à flor da pele.


O excelente diretor David Cronenberg


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