sábado, 27 de dezembro de 2014

Resenha de Filme - Akira

Akira. Fins E Começos.
A boa animação japonesa “Akira”, inspirada na HQ de Katsuhiro Otomo, é uma história altamente distópica que, apesar de tudo, torna o futuro uma imensa página em branco, ávida por ser escrita. A tragédia nuclear, tão presente na cultura japonesa do pós 2ª Guerra, também marca presença nesta curiosa história. E de forma dupla! A primeira explosão nuclear, ocorrida em 1988, na mesma data da explosão da primeira bomba atômica americana (16 de julho), assinalava o fim do mundo conhecido, do Japão civilizado e organizado, altamente obediente e com códigos de honra bem rígidos. A hecatombe trouxe Neo Tóquio, uma cidade caracterizada por uma gigantesca cratera, cuja ferida no solo parece se manifestar na sociedade, altamente desorganizada, em estado de beligerância permanente, onde uma elite corrupta e decadente disputa poder com um militar golpista que, pasmem, parece a figura mais lúcida de todo o filme. Uma gangue de motociclistas adolescentes desajustados, liderados por Kaneda, vive realizando duelos com uma gangue rival, os palhaços. Mas os acasos da vida envolverão Kaneda e, principalmente, seu amigo Tetsuo, no projeto Akira, cujas experiências mentais e telecinéticas serão realizadas com crianças que têm no jovem Akira a sua figura mais poderosa. Tetsuo, um adolescente delinquente, irá incorporar alto poder depois de se envolver no projeto acidentalmente e começará uma destruição por toda Neo Tóquio. Mas o poder é demais para ele, que literalmente vai inflar e explodir. Akira, que estava confinado a uma câmara criogênica, será liberado por Tetsuo e provocará outra explosão nuclear, desta vez para varrer a corrompida Neo Tóquio do mapa e criar um novo começo. Como é dito no filme pelo cientista do projeto Akira: “Neo Tóquio é uma fruta já muito madura que apodrecerá e dará origem a uma nova e boa semente”. As alusões da segunda explosão nuclear do filme ao “Big Bang”, como uma metáfora de um novo começo estão muito bem assinaladas. Entretanto, o mais curioso ao final do anime é a frase “Eu sou Tetsuo”, dita pelo próprio, entremeada às imagens de estrelas e galáxias em expansão, como se o adolescente morto se incorporasse àquele novo começo.

Fins e começos. Buscar dar a volta por cima. Essa é a mensagem mais importante de “Akira”, história que até hoje é cultuada por muita gente. Uma das animações japonesas mais amadas de todos os tempos.


Cartaz do filme


Kaneda e sua moto irada!!!!


Tragédia nuclear, sempre presente no imaginário japonês.


Tetsuo, um desajustado com muito poder


Tetsuo, um desajustado em deformação

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