domingo, 10 de agosto de 2014

Resenha de Filme - O Estudante

O Estudante. Ética Ou Política Profissional?
Mais um filme de terras portenhas. “O Estudante”, dirigido pelo argentino Santiago Mitre, produzido no já longínquo ano de 2011, mergulha no mundo estudantil universitário de Buenos Aires, expondo toda a politização exacerbada que esse meio provoca. Toda aula tem um debate, uma contestação, uma defesa de posição que pode até levar as vias de fato. É nesse ambiente que chega Roque (interpretado por Esteban Lamothe), um estudante do interior que ingressa na Universidade de Buenos Aires já na sua terceira tentativa. Embora tenha se envolvido com uma de suas novas colegas e até conseguido alugar um quartinho na casa dela, convivendo com o pai da moça, Roque tem a sua atenção chamada pela jovem professora Paula (interpretada por Romina Paula), durante o discurso da mesma numa assembleia. A partir daí, ele começa a frequentar as aulas da professora como ouvinte, conseguindo se aproximar e se envolver com ela. Esse relacionamento com a professora faz com que Roque ingresse no meio político do movimento estudantil, abandonando de vez os estudos para fazer política. Roque irá conhecer Acevedo, um antigo professor de Paula e caso dela, tornando-se o braço direito do velho professor, que é engajadíssimo na carreira política, cujas ambições extrapolam os limites do campus. O filme, então, deslancha para a vida cotidiana de quem quer fazer da política sua profissão, tornando-se até enfadonho em alguns momentos, não fosse por duas palavrinhas básicas que surgirão às nossas cabeças, à medida que a trama se desenrola: traição e ética. Até que ponto ser um politico profissional pode ou não violar a ética? Você pode viver no meio político, almejar mais poder, e ainda assim conseguir isso através de práticas lícitas? Ou você somente conseguirá mais poder se sujar as mãos? Roque ficará mergulhado nessas questões, embora sua posição seja bem clara. Fica aqui bem evidente a impressão de como o povo argentino, altamente politizado e inflamado nas suas defesas de ideologias, encara a questão da falta de ética do político profissional, condenando-a mortalmente. Apesar dos tons mais radicais por parte de alguns personagens do filme, é interessante também perceber nessa película como há um raciocínio frio nas atitudes e articulações políticas como, por exemplo, o que um partido fará quando um de seus membros o trai para que o partido não transpareça ser formado de pessoas idiotas, etc.

Dessa forma, apesar de ser um pouco enjoada a história em alguns momentos, “O Estudante” tem o mérito de mostrar um pouco da formação intelectual e politica da elite universitária de nosso país vizinho. E nos faz pensar: será que nossa elite intelectual e política é tão articulada e atuante assim? E a questão da falta de ética? Somos mais antiéticos que os argentinos? Perguntas que devem ser feitas e devemos buscar suas respostas...


Cartaz do filme


Roque. Interagindo com um novo meio.


Roque e Paula. Transas e engajamento político


Roque e Acevedo. Até onde vão a ética e a política profissional? 


Apesar das pressões, Roque sabe bem o rumo que tomará...

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