sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Resenha de Filme - Amar, Beber e Cantar

Amar, Beber e Cantar. Teatro Filmado?
O filme francês “Amar, Beber e Cantar” é inspirado numa peça de teatro que tem uma peça de teatro como pano de fundo, além de cenários de teatro. Antes que o filme seja visto como um mero teatro filmado, vamos citar a direção de Alan Resnais (de “Hiroshima, meu Amor”) para a pitada de cinema necessária aqui. Houve realmente uma intenção explícita de dar um quê de teatro ao filme, como se estivéssemos presenciando palcos montados bem diante dos nossos olhos ao invés de sets de filmagem. Mas elementos cinematográficos são eficientemente introduzidos ao longo da história. As mudanças de cenários são acompanhadas por tomadas externas de estradas, onde vemos automóveis se deslocando, e cada cenário é precedido de uma pintura do mesmo, o que dá um tom original à exibição do filme. A história também prende nossa atenção, pois é uma comédia envolvendo três casais que têm em comum a amizade com um homem chamado George, que não aparece em momento nenhum do filme, e que está supostamente com os dias contados em virtude de um câncer. Dois desses casais são amigos pessoais de George, muito sofrendo por isso enquanto ensaiam para uma peça do grupo de teatro amador do qual fazem parte. O terceiro casal tem a ex-esposa de George. Sabendo do estado do amigo, os três casais vão se empenhar em cuidar dele em seus últimos dias. Mas, aos poucos, vamos presenciando as crises conjugais e a intromissão cada vez maior de George em suas vidas que, apesar de não aparecer no filme em nenhum minuto sequer, vai revelando sua personalidade através dos atos das pessoas que interagem com ele. Tudo isso sendo contado de uma forma bem engraçada e progressivamente cativante.
O que mais chama a atenção aqui é a disposição dos cenários, montados teatralmente de forma lúdica e multicolorida. O jeito extremamente artificial da imitação dos ambientes, que geralmente são quintais e jardins das casas, é algo muito curioso. Vemos paredes pintadas com estrelas e luas simulando o céu noturno, técnicas de iluminação artificiais que aguçam nossos sentidos, lembrando até alguns antigos cenários expressionistas como os de “Caligari”, embora regados a muita cor. Algumas falas dos personagens também são destacadas, com a imagem do ator sobre um fundo artificial, como se os protagonistas fossem personagens de uma história em quadrinhos virtual. Tais efeitos de imagens é que nos lembram que estamos vendo uma estética de cinema ao invés de teatro filmado, embora o filme pareça uma grande peça adaptada, como realmente o é.

Brincando com esse binômio cinema – teatro, o filme “Amar, Beber e Cantar” torna-se uma interessante curiosidade, não recaindo apenas na mesmice de uma comédia de costumes conjugais, onde piadas envolvendo adultério ditam os rumos da história. O filme vale pela história engraçadinha que entretém, mas vale principalmente pelo impacto visual da imitação dos cenários de teatro de forma lúdica, as imagens de estradas com automóveis e as pinturas das casas dos protagonistas, essas muito bem concebidas, e que dão um charme especial a esta película. Vale a pena dar uma chegadinha ao cinema.

Cartaz do filme. Qual é a do George?


Um casal


Outro casal.


E o terceiro casal


Ex-esposa de George, que quer voltar a cuidar dele na doença.


Mulheres à beira de um ataque de nervos


Cenários teatrais.


Pinturas lúdicas são grande atração.


Paisagem de estradas. Road Movie????


Resnais em ação!

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