domingo, 18 de maio de 2014

Resenha de Filme - Sete Caixas

Sete Caixas. Bom Paraguaio Legítimo.
O cinema latino-americano faz bonito. O bom filme paraguaio “Sete Caixas” mostra que o gênero de suspense e ação pode ser muito bem trabalhado não só em países com um pouco mais de recursos como o Brasil, mas também em países de economia um pouco mais fraca como o Paraguai. Basta ter uma boa ideia e um bom roteiro, coisas que sobram neste filme. A direção desta “película” é de Tana Schémbori e o roteiro é assinado por Juan Carlos Maneglia.
Vemos aqui a história de Victor (interpretado por Celso Franco), um rapaz que trabalha numa feira livre de Assunção chamada Mercado 4 fazendo carretos para transportar mercadorias. Sua vida extremamente humilde o faz sonhar com celulares um pouco mais caros e com a sua imagem aparecendo em mídias televisivas. Mas o dia-a-dia é bem duro, com muito trabalho e pouco dinheiro. Num de seus trabalhos, ele receberá a responsabilidade de transportar sete caixas de conteúdo desconhecido para um determinado local, sendo que ele deverá guardar essas caixas com sua vida. O problema é que um outro “carretillero” (que é como são chamados os homens que fazem carreto) já havia marcado de levar as caixas e precisava desesperadamente do dinheiro desse carreto para comprar um remédio para o filho. Assim, nosso Victor passa a ser perseguido por esse carretillero, tendo inclusive a sua vida ameaçada, e ele terá a ajuda de sua amiga Liz (interpretada por Láli Gonzalez) para fazer as caixas chegarem a seu destino. Com o tempo, descobrimos que o conteúdo das caixas são partes de um corpo esquartejado da esposa de um comerciante de origem árabe que forjou o próprio sequestro da esposa, mas que, por trapalhadas dos sequestradores, acabou sendo morta. O grande mérito do filme é o desenvolvimento de várias pequenas histórias paralelas que começam de forma separada mas, com o desenrolar da trama, se aproximam e se interligam, construindo uma boa historia, muito bem amarrada. O clima de suspense e ação prende a nossa atenção o tempo todo, usando como pano de fundo um Paraguai pobre e miserável, praticamente imutável (estive lá em 1988 e muitas coisas não mudaram, como a pobreza, tão cara também a nós, o uso de um espanhol misturado ao guarani e a presença de comerciantes coreanos). O desfecho do filme é regado a muita violência e transforma nosso protagonista Victor em uma figura conhecida em todo o Paraguai, já que ele ficou refém na mira de uma arma, o que, de forma irônica, acabou realizando um de seus sonhos. Cada um concretiza seus sonhos como pode.

A única coisa a se lamentar é que o filme tenha sido exibido com legendas em espanhol e que ele passe em tão poucos cinemas. Aliás, parece cada vez mais que não há cinemas suficientes para se passar os filmes que se anunciam em cartaz, o que é algo muito deprimente numa cidade que se diz ser a capital cultural do país.


 Cartaz do Filme.


Victor e Liz. Adolescentes envolvidos numa trama de sequestro e assassinato.


Negociando o transporte das caixas.


Só receberá a outra metade se as caixas chegarem ao seu destino.


Sonho de Victor. Estar na mídia e ser famoso.


Tomando uma prensa da polícia.


 Constantemente perseguido.


Descobrindo o conteúdo das caixas.


Os responsáveis pelo esquartejamento. Trabalham em açougue (sugestivo).

Cenas de suspense fazem parte da tônica do filme.


Vista do Mercado 4, de Assunção, onde se passa o filme. Cenário desolador. 

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