domingo, 11 de maio de 2014

Resenha de Filme - Marina

Marina. A Saga De Um Músico Italiano.
Mais um filme da série “sou muito bom, mas estou escondido no circuitão”. O excelente filme “Marina” está entre nós, escondidinho em pouquíssimas salas. A gente só descobre garimpando a página de cinema do jornal e indo na sala dar uma conferida. E o resultado vale a pena.
Vemos aqui a história real de Rocco Granata (interpretado por Matteo Simoni), um dos mais importantes músicos da Itália, expert em tocar acordeão. Tudo começa na Calábria, onde seu pai, na busca por um futuro mais confortável para sua família, vai para a Bélgica trabalhar nas minas de carvão. Vemos aqui uma Calábria bucólica, onde o pai tocava acordeão, estimulando o filho a também aprender a tocar o instrumento. Poucos anos depois, o pai busca sua família para viver na Bélgica junto a ele. Se a Calábria era o lar paradisíaco e ensolarado, a Bélgica, por sua vez, era fria, chuvosa e os imigrantes italianos viviam em barracos nas piores condições. Os recém-chegados passavam por várias dificuldades como, por exemplo, falar o idioma flamengo e sofrer os mais explícitos preconceitos por parte dos belgas. Rocco tinha recebido a promessa do pai de que eles retornariam à Itália em poucos anos, mas logo essa promessa se revelou uma mentira, sendo a primeira fonte de atritos entre pai e filho. Rocco e sua irmã caçula logo aprenderam o novo idioma, ao contrário do pai e da mãe, que acabavam ficando meio que isolados no novo país. Rocco também encontrará o amor na figura de Helena (interpretada pela bela Evelien Bosmans), filha do dono de uma mercearia, que tinha verdadeira aversão a estrangeiros. Para fugir das mazelas de se viver num país estrangeiro e cheio de preconceitos contra os imigrantes italianos, Rocco cai de cabeça na música e no acordeão, para desespero do pai que, ao ver sua saúde se deteriorando por causa da mina de carvão, depositava suas esperanças em Rocco trabalhando na mina de carvão para manter a família. A opção de Rocco pela música acabará provocando muitos conflitos na relação dele com o pai. Mas o jovem músico não desiste e consegue vencer um concurso com a ajuda da mãe, que lavou as roupas dos mineiros para arrecadar dinheiro e comprar um acordeão mais sofisticado. Rocco também gravará um compacto que inicialmente não será vendido, mas com a insistência do músico, se tornará muito conhecido e um sucesso de vendas, levando o jovem italiano até Nova York. Mas, antes disso, ele sofrerá muito preconceito das forças policiais belgas, que o proíbem de ganhar dinheiro com sua música e o lembrando de que filhos de mineiros devem trabalhar nas minas. Até de estupro de Helena o pobre Rocco foi acusado, sendo que o pai foi inclusive  preso junto. A amizade e o amor entre Rocco e Helena é o ponto mais sublime do filme, onde ele dedica a canção “Marina” a sua amada. A denúncia de preconceito que os italianos sofriam na Bélgica é igualmente impactante e dá grande valor ao filme.

Assim, “Marina” é um filme que nos emociona, que nos faz rir, sofrer, chorar. Um filme que nos ensina a importância de corrermos atrás de nossos sonhos, mas que também nos ensina a manter os pés no chão em algumas situações. Se nem sempre a vida nos possibilita a realização de nossos desejos, não devemos desistir de correr atrás deles.


Cartaz do Filme, não o divulgado no Brasil.


Cartaz do Brasil. Bem menos interessante.


 Rocco e seu amor pela música: escapismo.


A belíssima Helena (ou Marina???)


Uma família vítima do preconceito.


Pai e filho. Relação conflituosa. 

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