segunda-feira, 5 de maio de 2014

Resenha de Filme - Hoje Eu Quero Voltar Sozinho

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho. Adolescência e Homossexualismo.
O cinema brasileiro tem mais uma preciosidade escondida em nossas salas, passando despercebido do grande público. “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”, de Daniel Ribeiro, usou a internet para divulgar o seu trabalho. E deu certo, pois internautas de vários países elogiaram seu filme e muitas pessoas pediram para que o filme fosse exibido em sua cidade, segundo uma reportagem de Karina Maia de O DIA (16/4/2014).
Em 2011, Daniel publicou no YouTube o curta “Eu Não Quero Voltar Sozinho” sobre um adolescente cego que se apaixona pelo seu colega de escola, tendo 3,5 milhões de visualizações. O trailer do filme que está no cinema já tem 520 mil visualizações. O longa foi premiado no Festival de Guadalajara e o elenco foi cercado por fãs na porta do hotel para tirar fotos toda hora. No 64º Festival de Berlim, ele ganhou o prêmio Teddy Bear de melhor longa LGBT e o prêmio da Fipresci (Federação Internacional de Críticos de Filmes) como o melhor longa do evento, além de muitos elogios nas mídias sociais em várias línguas, numa prova de que os brasileiros também podem fazer excelentes filmes. Só é de se lamentar que ele não tenha mais espaço na nossa mídia mais convencional, como TV, rádio, mídia impressa, etc.
O filme conta a história do adolescente cego Leonardo (interpretado por Guilherme Lobo), que é muito protegido por sua mãe em virtude de sua deficiência visual, e estuda numa escola particular, onde sua melhor amizade é a menina Giovana (interpretada por Tess Amorim). As conversas dos dois transitavam pela busca de um grande amor e pelo primeiro beijo, algo que Leonardo ainda não havia feito. Na escola, ele sofria o preconceito dos colegas de sala por ser cego. Até que, um dia chega um aluno novo, Gabriel (interpretado por Fábio Audi). Logo, Leonardo e Gabriel começam uma amizade. Gi acha Gabriel muito bonito e quer namorá-lo. Mas Karina (interpretada por Isabela Guasco), menina namoradeira, logo começa a dar em cima de Gabriel, para a revolta de Gi. A amizade entre Leonardo e Gabriel vai se tornando cada vez mais profunda e eles vão trocando gostos e experiências. Leonardo gosta de música clássica, Gabriel gosta de Belle e Sebastian, cuja música tema do filme é muito bonita. Os dois vão ao cinema, passam a noite observando eclipse, Gabriel inclusive procura explicar um eclipse a um deficiente visual, algo muito curioso. O problema é que Leonardo se aproxima de Gabriel e Gi fica morta de ciúmes, o que provoca um conflito nesse curioso triângulo. Haverá, no futuro, a reconciliação entre os três e Leonardo e Gabriel irão começar um relacionamento, não antes sem muitos percalços e preconceitos dos colegas acontecerem.
Apesar do filme combinar vários assuntos de temática um pouco complexa (a mãe excessivamente protetora, o preconceito contra alunos especiais e homossexuais, os dramas da adolescência), o que poderia resultar numa história muito mais pesada, “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” é um filme muito leve, engraçado e terno. O diretor realmente acertou na mão e todo o sucesso em torno dele é plenamente justificável. A história prende tua atenção, não te angustia nos momentos difíceis dos personagens e diverte muito em outras situações, tais como a cena da barraca onde Leonardo e Gi enchem a cara com o colega que traz a vodca. É realmente um filme na medida certa, que não teria esse sucesso todo apenas com a divulgação na internet. Apesar do amor homossexual entre Leonardo e Gabriel ser o foco principal, muito chama atenção a relação amiga e terna entre Leonardo e Gi e de como eles são ligados. Um belo exemplo para as gerações de adolescentes de hoje, cada vez mais barbarizadas e violentas, infelizmente.

Dessa forma, ‘Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”, é um filme que merece mais atenção e divulgação, por se tratar de uma obra cheia de beleza e por ser mais um bom produto de nosso cinema.


 Cartaz do Filme.


Leo e Gi. Amizade terna


Leo na sala de aula e sua máquina de braile.


Sofrendo com a implicância de colegas preconceituosos.


Leo e Gabriel. Amizade que logo se transformará em namoro.


Cena de beijo. Quebrando preconceitos.


Apesar das turbulências, trio permaneceu unido.


Nos festivais e divulgações. Muito elegantes!!!

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