terça-feira, 8 de abril de 2014

Resenha de Filme - Ninfomaníaca, Volume Dois

Ninfomaníaca Volume 2. Tudo Como Antes.
Muito estardalhaço. Pouco choque. Essa foi a impressão de “Ninfomaníaca”, depois dos dois volumes. A história de Lars Von Trier sobre a saga da taradinha Joe (interpretada por Charlotte Gainsbourg) não choca muito para nossos padrões culturais. Talvez para uma cultura anglo-saxônica, o filme agrida mais e seja ultrajante para o público.
Entretanto, abaixo da linha do Equador, onde um mar de bundas prolifera na praia e você pode encontrar um DVD de “As Brasileirinhas” em cada esquina, bom, aí a tentativa de Trier de escandalizar parece até pueril. Confesso que até dormi um pouco na parte sadomasoquista do volume dois (para que ver uma bunda murchinha toda vermelha e marcada?).
Outro detalhe particularmente perturbador é escutar todo aquele diálogo entre a ninfa e o senhor virgem, Seligman (interpretado por Stelan Skarsgard) que a acolheu. Ouvir elucubrações e palestras de um devorador de livros que nunca teve ume experiência física e associá-las a temas como filosofia e matemática pareceu-me algo completamente sem sentido. A própria ninfa às vezes se entediava com aqueles diálogos. Qual foi a intenção daquilo, meu Deus? Intelectualizar a sacanagem? Filme cabeça de sexo? Que cabeça é essa, afinal? Sei não, mas acho que sou burro demais para entender isso...

Bom, para que minha meia dúzia de três leitores não ache que estou pegando muito pesado contra o filme, ele tem algumas coisinhas interessantes. E não falo das cenas de sexo propriamente ditas, que são até relativamente banais. Falo mais especificamente da natureza das histórias contadas por Joe. Sua primeira vez foi emblemática, bem ao estilo de “a primeira vez de todo mundo é um lixo” (até para as taradas), as perversões adolescentes no trem, a sen-sa-cio-nal interpretação de Uma Thurman como esposa traída (foi a melhor coisa dos dois filmes!), o discurso antimoralista cristão na sessão de terapia sexual, o uso do sexo como instrumento de destruição psicológica como visto quando nossa ninfa, contratada por um William Dafoe também soberbo (e olha que tanto Dafoe quanto Thurman nem precisaram tirar a roupa para dar um show) para pressionar devedores, desvenda a personalidade pedófila de uma de suas vítimas. Aliás, a ninfa toma atitudes realmente bem cruéis ao longo do filme, onde a imoralidade não está na compulsão pelo sexo, mas sim em como ela usa o sexo como uma arma para destruir as pessoas. Seu forte desejo não tem limites e, se Joe precisar passar por cima de todos para atingir o seu prazer, ela o fará. Essa é a verdadeira imoralidade que o filme discute e não cenas explícitas de viés pornográfico que visam atacar a moralidade cristã, se bem que “Ninfomaníaca” é mais erótico que pornográfico. Talvez o lado mais cruel disso apareça quando nossa tarada trabalha para Dafoe e ele pede que uma sucessora seja formada, sendo que a escolhida é uma frágil menina que tem complexos em virtude de seu defeito numa das orelhas. A menininha será apadrinhada por Joe para se tornar uma maligna herdeira das práticas venais de coerção contra os devedores. Entretanto, nesse momento, a ninfomaníaca fraqueja e conta o plano a mocinha, que se revela uma víbora ainda mais perigosa apunhalando, inclusive, nossa protagonista pelas costas. Nesse mar de perversidade não se salva nem nosso virgem bibliófilo, que é morto pela tarada Joe ao tentar estuprá-la. Assim, que conclusão podemos tirar de “Ninfomaníaca”? Quem é o verdadeiro vilão? O sexo? A imoralidade humana? Creio, como já disse, que a imoralidade humana é a grande vilã do filme. E o sexo? Ele é um mero instrumento por onde essa imoralidade age. A arma não é má, mas sim é mau quem puxa o gatilho.


Cartaz do Filme


Joe e Seligman. Amizade encerrada de forma trágica.


Uma Thurman: a melhor coisa do filme inteiro.


A ninfa em ação...


Sadomasoquismo...

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