sexta-feira, 25 de abril de 2014

Resenha de Filme - Crônica do Fim do Mundo

Crônica do Fim do Mundo. Terço De Mundos Já Desmoronados.
O filme colombiano “Crônica de Fim do Mundo” começa com tons de comédia e com uma brincadeira alusiva ao “fim do mundo” em dezembro de 2012, supostamente previsto pelos maias. Mas o filme deixa de ser uma comédia e vai tomando tons mais pesados e melancólicos à medida que sua trama se desenlaça, não sendo, portanto, uma história trivial.
Vemos aqui a vida do aposentado Pablo (interpretado por Victor Hugo Morant), que não sai mais de casa e vive com seus livros velhos e reproduções de pinturas. Ele tem um filho, Ángel (interpretado por Ángel Vásquez Aguirre), que tem um pequeno bebê com sua esposa Cláudia (interpretada por Claudia Aguirre). Ángel ainda cuida de seu pai, a contragosto de Claudia, que acha o idoso uma criatura muito estranha por não sair de casa há anos (Ángel chega a filmar com um celular a rua quando dirige para mostrar ao pai as mudanças que ocorreram na cidade com o passar do tempo). Com a proximidade do fim de 2012 quando, segundo a profecia maia, o mundo acabaria, nossos personagens se comportam de forma complexa. Pablo faz ligações para todos seus amigos do passado, buscando relembrar antigas desavenças e despejando ofensas contra seus antigos amigos, já também na velhice, com muitos deles doentes ou até falecidos. Ángel tem que encarar duas situações espinhosas: a não aprovação de um projeto de trabalho, o que lhe significa o desemprego, e toda a dor de seu amigo Ramiro (interpretado por Juan Carlos Ortega), por ter perdido a namorada e não passar mais o “fim do mundo” com ela. Já Claudia continua transtornada com as atitudes de Ángel, que dá mais atenção para o pai e amigo do que para ela e o filho. Logo, logo, as vidas de nossos protagonistas, que já não vão bem, acabam por implodir por completo. Claudia se separa de Ángel, deixando-o sozinho e distante do filho. Ramiro não termina com a namorada e ainda terá que apagar uma tatuagem enorme com o nome dela (foi uma última tentativa desesperada de reconquistá-la, onde o dinheiro da tatuagem foi dada por Ángel) e Pablo, ao ligar para um antigo amigo e ofendê-lo, falou na verdade com seu filho (o amigo já havia morrido) que tinha uma bina em seu telefone, localizando o número e endereço de Pablo, lhe fazendo ameaças. Com o tempo, descobrimos que, além disso, Pablo é viúvo e perdeu a esposa num atentado terrorista, sendo esse o motivo por não mais ter saído de casa. Dessa forma, a profecia maia de fim do mundo é apenas uma alegoria dos dramas pessoais dos personagens que estão destroçados pelos desmoronamentos de seus mundos particulares que já ocorreram antes da data prevista pelo antigo povo pré-colombiano. Para nossos personagens, seus mundos já acabaram faz tempo. Ángel ainda faz uma tentativa de reaproximação com sua esposa, mas o filme acaba antes de uma resposta mais definitiva de Claudia. Entretanto, as perspectivas não pareciam nada boas. Fica para o espectador a especulação. Para mim, o tom altamente melancólico ao final da história não traz muitas esperanças.

Vemos, então, que “Crônica de Fim do Mundo” pode até começar como uma comédia, mas sua verdadeira força está na melancolia ao final provocada pela forma como as vidas dos protagonistas vão desabando como castelos de cartas. 

Cartaz do Filme.


Pablo destilando desaforos contra seus algozes do passado... amargura...


Ángel. Oprimido por várias forças


Ángel e Claudia. Casamento não suporta crise...


Ramiro. Mundo também desmoronado

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