domingo, 30 de março de 2014

Resenha de Filme - Vila Amália

Vila Amália. Jogando Tudo Para o Alto.
Abandonar seu cotidiano, jogar tudo para o alto e remodelar totalmente sua vida até as últimas consequências, abdicando até do uso da energia elétrica, vivendo praticamente como um eremita no alto da montanha. Foi isso que a maravilhosa atriz Isabelle Huppert fez em “Vila Amália”, filme francês de 2009.

Vemos aqui a história de uma renomada pianista, Ann, que flagra o marido a traindo na rua. Mas, ao mesmo tempo, se encontra com Georges, seu amigo de infância (interpretado por Jean-Hugues Anglade). A traição que Ann sofre será o empurrãozinho para ela mudar completamente sua vida. Ela se separa de seu marido, vende seu apartamento, abandona sua profissão de compositora, se desfaz de todos seus bens e coloca o dinheiro na conta de Georges, para não deixar vestígios. O filme vai mostrando lentamente todo o processo de desmonte da vida de Ann, algo que qualquer um de nós teria medo de fazer. Largar casa, emprego, tudo, transformar isso em dinheiro e simplesmente sair por aí, se desfazendo dos poucos bens materiais a cada estação, a cada parada. A única referência será apenas Georges, que apaixonado, ainda sofre a falta de correspondência amorosa de Ann. A nossa ex-pianista encontrará seu refúgio perfeito numa casa abandonada próxima ao litoral da Itália, terá uma breve experiência homossexual e terá uma vida aparentemente livre. Isso até a hora em que sua mãe falece e ela é obrigada a encarar seu pai, que havia abandonado a família. Também músico, o pai de Ann admira a obra da filha, mas não dá a mínima para os sentimentos “católicos” dela e da mãe, pelo fato de ser judeu. Ele critica os gritos de infância da mãe e da menina Ann, lembrando que é importante para um judeu viver num ambiente sem gritos (muito provável alusão ao holocausto). A frieza monolítica do pai só será quebrada quando Ann, segurando a porta do elevador, acaricia seu rosto e vemos o semblante do pai judeu totalmente surpreso. De qualquer forma, esse breve encontro não interrompe o isolamento de Ann, que termina o filme dentro de sua casinha no alto da colina com vista para o mar e sem energia elétrica. Muito romântico, mas talvez irreal, como só o cinema consegue ser...

Cartaz do Filme


Ann e Georges


Ann, a pianista (e toda a elegância de Isabelle Huppert).


Nova casinha de Ann..


Experiência íntima com morenaça italiana

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