sexta-feira, 21 de março de 2014

Resenha de Filme - Todos Os Dias

Todos os Dias: Cotidiano de Opressões.
O filme inglês “Todos os Dias” é um interessante drama familiar. Trata da história de uma família bem numerosa (com dois meninos e duas meninas!) que é assolada pelo fato de o pai cumprir pena na prisão. Tal característica acaba afetando a todos os membros dessa família.

Não fica muito bem claro na história por que o pai, Ian (interpretado por John Simm) vai preso. A trama apenas sugere que Ian teve um envolvimento com as drogas. O filme, na verdade, volta suas atenções para o cotidiano da família. O ato de se levar as crianças à escola, as aulas, seja de desenho, matemática, canto ou informática, a mãe, Karen (interpretada por Shirley Henderson), que tem uma dupla jornada de trabalho, as constantes visitas da família ao pai no presídio (muito bem aparelhado, por sinal!), a visita do pai à família nos indultos, com a volta a prisão sempre sendo respeitada (outra coisa inacreditável para nossos padrões). Mas esse cotidiano na verdade serve apenas para mascarar a verdadeira situação da família. Os risos são raros, a melancolia, principalmente nas crianças, é uma constante. Filhos que choram sentindo a falta do pai, que praticam pequenos furtos, que brigam na escola por escutar ofensas ao pai, que se sentem desconfortáveis na visita a prisão. A mãe, a esposa, solitária, exausta em cumprir uma dupla jornada, em ter que cuidar dos filhos sem ajuda e que arruma um amante, cheia de sentimentos de culpa. O pai, prisioneiro, angustiado, pois sabe que os filhos e a esposa precisam de sua presença, que leva haxixe para dentro do presídio, por pressão dos outros presos, sendo transferido para uma prisão ainda mais distante, dificultando as visitas da família. E os dias passam e passam. Todos cumprindo suas rotinas. Todos oprimidos por redes de tristeza e sofrimento. Apesar de tudo, buscou-se um “happy end” para a história. Assim, o filme tomou os contornos de um drama leve, sem tragédias ou sentimentos agudos. Mais pareceu uma caixinha de melancolias, não tão bem resolvidas com o final feliz, mas curáveis dentro da perspectiva otimista que o roteiro do filme apresentou. A impressão que se dá é que vimos uma boa ideia que poderia ter sido mais bem desenvolvida, poderia ter ido mais longe. De qualquer forma, criou-se alguma reflexão sobre a responsabilidade que nós temos quando seres humanos dependem da gente...


Ian e Karen: Relação conflituosa por causa da prisão...


Cartaz do Filme


Karen e os filhos: cotidiano de opressões...

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