sábado, 8 de fevereiro de 2014

Resenha de Filme - Philomena

Philomena: A Caça a um Passado Omitido.
O Oscar esse ano precisa premiar “Philomena”. Esse filme é simplesmente sensacional!!! Uma história de amor, obstinação, fé e, acima de tudo, de saber perdoar. Um filme com excelente roteiro e que se ampara, sobretudo, em dois atores: o sempre bom Steve Coogan (que também assina o roteiro e a produção) e, principalmente, Judi Dench (torcerei loucamente por seu Oscar de melhor atriz, merece muito!).
O filme conta a história de Philomena (interpretada por Judi Dench), que vivia num convento católico na Irlanda. Ao visitar um pequeno parque de diversões, ela conheceu um rapaz e engravidou dele.  As madres e irmãs do convento ficaram loucas da vida e submeteram a pobre moça a terríveis castigos, todos aceitos por Philomena que acreditava piamente que tinha cometido tais pecados. Ela passou a trabalhar na lavagem de roupas, o pior trabalho do convento, fez seu parto sem anestesia e seu filho foi vendido para uma família americana. Tudo isso feito pelas religiosas do convento. Por outro lado, cinquenta anos depois, Martin Sixsmith (interpretado por Steve Coogan) era um assessor de imprensa do governo inglês que foi demitido depois de umas intriguinhas. Deempregado, pensava em escrever um livro sobre história russa. Mas, numa festa, ele conheceu a filha de Philomena, que sugeriu a ele que escrevesse um livro sobre a história da mãe, que passou os últimos cinquenta anos tentando localizar seu filho vendido pelo convento. Começa aí uma história de busca por esse filho, que levará a dupla aos Estados Unidos e à busca de um passado desconhecido. Os dois personagens são interessantíssimos: Martin é jornalista, intelectual, participou da mídia e de altos escalões do governo; Philomena é ingênua, doce, detalhista, com uma ótica altamente positiva do mundo. Ela consegue ver maravilhas nos romances folhetinescos mais triviais e previsíveis, além de se encantar com a educação dos empregados do hotel em que ela está hospedada nos Estados Unidos dizendo, para cinco deles que são “um em um milhão”. Gostamos de Philomena no primeiro momento em que a vemos. Muito diferente da M do James Bond. Aí é que vemos o bom ator. Os personagens M e Philomena parecem (e são!) duas pessoas diferentes, interpretadas por uma mesma atriz. Quando vemos M e Philomena interpretadas por Dench, parecem duas pessoas diferentes, quero dizer, até fisicamente. E isso não é só por causa de um penteado ou outro detalhe de maquiagem. São mulheres diferentes mesmo! Milagre que só uma grande atriz como Judi Dench consegue fazer.

O tema religioso é muito interessante também. Martin é ateu. Philomena é uma católica fervorosa, apesar de todas as sacanagens que as religiosas fizeram com ela. Isso provoca atritos entre os dois e interessantes debates. A capacidade de Philomena de perdoar as religiosas do convento é infinita. Tudo isso porque ela não quer nem saber de sentir raiva ou odiar, parecendo algo muito cansativo para ela. Isso coloca a idosa religiosa e pouco letrada num plano superior, em contrapartida ao intelectual Martin, que percebe isso e presenteia Philomena com uma pequena estátua de Jesus ao final do filme, dentro de uma circunstância muito especial. No mais, o filme também tem tons de denúncia, pois essa história foi baseada em fatos reais e ainda há muitos filhos irlandeses que foram vendidos por religiosas para pais adotivos americanos, numa procura mútua que continua até os dias atuais. Um absurdo que uma visão religiosa estreita acabou provocando. Visão estreita diferente da visão religiosa ampla e aberta de Philomena, que é a que se comporta de forma mais cristã, ao fim das contas. Assim, “Philomena” é um filme que vale muito a pena, um filme indispensável, bem ao estilo “ver e ter”.

Cartaz do Filme


Judi Dench, simplesmente sensacional!!!!


Philomena e Martin


Judi Dench e a verdadeira Philomena!!!!


Steve Coogan e o verdadeiro Martin


Os verdadeiros Martin e Philomena

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