domingo, 2 de fevereiro de 2014

Resenha de Filme - A Menina que Roubava Livros

A Menina que Roubava Livros. Alfabetização em Tempos de Guerra.
Mais uma grande produção no circuito. O filme “A Menina que Roubava Livros”, baseado no romance de Markus Zusak, é uma delicada e terna história ambientada na Segunda Guerra Mundial. Um filme que mais uma vez denuncia os horrores da guerra e da ditadura nazista, sob a ótica de uma menina que queria apenas aprender a ler.
O filme começa com uma narração em terceira pessoa e logo percebemos que esse narrador é a própria morte (muito oportuno para um filme de guerra). Logo, logo, percebemos que nosso funesto narrador poupará nos dias da guerra um dos personagens: a menina Liesel (interpretada por Sophie Nélisse), que viaja com a mãe e o irmãozinho num trem. O garoto sofrerá uma morte súbita e será enterrado num pequeno cemitério à beira da linha. A mãe, que é comunista e perseguida pelos nazistas, deixa Liesel com um casal, formado por Hans (interpretado pelo excelente Geoffrey Rush) e Rosa (interpretada pela não menos excelente Emily Watson). Rosa é rude e dura e passará por um processo de humanização ao longo da história. Hans, por sua vez, é doce e amigo. Estes serão os novos pais de Liesel. Ela também conhecerá um amigo de escola, Rudy (interpretado por Nico Liersch), apaixonado por ela. Na escola, sob rígida educação nazista, o analfabetismo de Liesel acaba sendo revelado e ela é ridicularizada pelo seu colega Franz Deutscher (interpretado por Levim Lian), protótipo perfeito do nazista. Liesel, revoltada com a situação, espanca Franz e arruma um inimigo. O nazismo é abordado aqui de uma forma semelhante a que já vimos em vários filmes: um monte de gorilas agindo de forma extremamente violenta principalmente contra os judeus. É interessante também perceber a padronização dos indivíduos denunciada no filme, principalmente nas crianças, cujos uniformes escolares são réplicas de uniformes militares. E a lavagem cerebral antissemita nos ritos, seja nos corais de alunos, seja nas queimas de livros proibidos.

A família de Liesel ainda esconderia um judeu no porão da casa, Max (interpretado por Bem Schnetzer). Indignada com seu analfabetismo, Liesel começa a aprender a ler de qualquer maneira, contando com a ajuda de Hans, que é semianalfabeto. Seu primeiro livro é um manual de coveiro. Numa cerimônia de apologia ao nazismo, Liesel pega um dos livros que escapou da fogueira, “O Homem Invisível”, de H. G. Wells. Max percebe o seu interesse por leitura e estimula Liesel, tornando-se grandes amigos. A partir daí, o cotidiano dos personagens é marcado pelas tentativas de Liesel de obter mais livros, roubando-os até da casa do prefeito de sua cidade, manter Max escondido, escrever com giz na parede do porão as palavras novas que ela ia conhecendo, acabando por forrar toda a parede com palavras, e encarar as transformações que a guerra ia provocando em sua cidade ao longo do tempo. Bombardeios, sofrimentos, mortes, separações, contrabalançados por afetos, ternuras e o milagre da transformação de Liesel que o prazer da leitura ia proporcionando. Apesar de algumas situações consideradas inusitadas para uma guerra, como a volta de combatentes vivos para suas casas, “A Menina que Roubava Livros” é um filme que vale a pena, daqueles que existem para alegrar, emocionar, chorar, tendo como bônus especial a música do grande John Williams.

Cartaz do Filme.


Liesel, a protagonista.


Liesel, Hans e Rosa (atuações primorosas!)


Liesel e Max. Amizade através da leitura.


Mesmo na morte e destruição, Liesel ainda preserva os livros.


Liesel, Rudy e Rosa


Estética Nazista: padronização e dissolução das individualidades.

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