quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Resenha de Filme - Eu e Você

 Eu e Você... E Não Precisa Mais Ninguém...


Abram alas!!! Chegou o novo filme do Bernardo Bertolucci!!! Esse é um dos maiores cineastas da Itália e do cinema mundial. Um cineasta de uma sensibilidade magnífica!!! O cineasta de “O Último Imperador”. Dessa vez, em seu filme “Eu e Você”, de 2012, só chegando agora às telonas brasileiras (essas demoras dos filmes europeus em chegar por aqui estão ficando cada vez mais insuportáveis e parecem ratificar nossa posição na periferia do mundo), Bertolucci aborda a vida de um adolescente de quatorze anos, Lorenzo, que, além de possuir muitas espinhas no rosto, tem uma natureza altamente introspectiva, passando seus dias mergulhado em seu ipod que contém músicas do “The Cure”, como “Boys don’t Cry” e Red Hot Chili Peppers. Devido a essa tendência ao isolacionismo, Lorenzo tem fortes atritos com a mãe, que quer que o menino passe suas férias nas montanhas, na neve e numa estação de esqui, algo que Lorenzo rechaça prontamente em seu interior. Com isso, Lorenzo traça um plano: compra comida para uma semana e engana a mãe, fingindo ir para a estação de esqui, mas na verdade ele se esconde no porão de seu prédio, junto com sua criação de formigas (!?!?). Para Lorenzo enganar sua mãe, basta que ele passe uma semana isolado lá, claro que com seu ipod, celular e notebook. Parecia o plano perfeito, não fosse a aparição de sua meia-irmã Olívia, fruto de uma gravidez indesejada do pai de Lorenzo (um homem de alta posição social) com uma vendedora de uma sapataria. A situação fica pesada, pois a menina não tem para onde ir e se esconde no porão com Lorenzo, dando início a uma relação conflituosa, pois Olívia é cheia de ressentimentos para com o pai e a mãe de Lorenzo. Um elemento complicador é que Olívia é viciada em heroína e tem violentas crises de abstinência, rechaçando totalmente a presença de Lorenzo durante as crises. Mas o que poderia destruir a relação dos dois meios-irmãos acaba os aproximando, pois o sofrimento de Olívia faz com que Lorenzo tenha mais preocupação e afeição com sua meia-irmã e ele precisa procurar remédios para ela dormir, obrigando-o a sair para a rua, buscando esses remédios no hospital onde sua avó está internada (o único membro da família com que ele se dá realmente bem). A partir daí, a cumplicidade e carinho entre os dois irmãos só aumenta, com os dois fazendo uma promessa um ao outro: Lorenzo será uma pessoa mais aberta, que aproveitará mais a vida, não se escondendo mais (não sabemos se realmente isso ocorreu) e Olívia abandonará as drogas (também não sabemos se isso ocorreu, ainda mais porque ela termina o filme com uma dose de heroína escondida no maço de cigarros, num indício de que ela descumpriu a promessa; mas será que descumpriu mesmo? Cada espectador imagina o que quiser...). Um momento altamente tocante do filme é o abraço fraterno dos dois irmãos ao som de uma versão italiana de “Major Tom”, de David Bowie, bem lá da época do Ziggy Stardust. Momento lindo e comovente, que só o cinema pode proporcionar. O filme termina com os dois meios-irmãos se abraçando na rua e cada um tomando o seu caminho, com Lorenzo estampando um belo sorriso, fruto da experiência que havia passado, e agora com “Major Tom” em sua versão original em inglês. Singelo, tocante, afetuoso, filme digno de uma sensibilidade que só o Bertolucci tem. Bom, quem vê os depoimentos desse grande italiano em documentários sobre o Chaplin sabe que Bertolucci é um cara que possui um grande feeling do que a linguagem cinematográfica pode passar para o espectador. Sempre é uma ótima experiência ver umBertolucci. Não percam!!!!


Cartaz do Filme


Olívia (Tea Falco)



Olívia e Lorenzo.



Um garoto introspectivo e cheio de espinhas...


A afetuosidade entre os dois meios irmãos é marcante!!!!





Os jovens atores (Tea Falco, Olívia; e Jacopo Olmo Antonori, Lorenzo) com o mestre Bernardo Bertolucci.

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