sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Resenha de "A Hora Mais Escura"



Sai de baixo que a águia da liberdade e da democracia está com sede de sangue! Estreou hoje o polêmico "A Hora Mais Escura", que fala da caçada dos americanos a Osama Bin Laden. Nunca a frase forjada por Maquiavel "os fins justificam os meios" foi tão celebrada. O filme busca realmente legitimar os métodos pouco ortodoxos utilizados pelos americanos na guerra contra o terrorismo. Como exemplo, as gravações verídicas de pessoas ligando para o 911 de dentro dos aviões e do World Trade Center como prelúdio para as cenas de tortura de um prisioneiro e a argumentação recorrente da morte de 3 mil pessoas nos locais de tortura. Ainda com respeito a situação da tortura, fica bem claro no filme que, com o governo Obama e as restrições a tortura, as investigações pelo paradeiro de Osama foram atrapalhadas. A protagonista do filme, uma novata no campo da investigação, é vista com desdém pelos seus colegas de  profissão mas sua dedicação a faz chegar ao terrorista. Note-se que, no início, ela não suportava os métodos de tortura mas, com o tempo e os outros atentados terroristas, ela cai no lugar comum da retórica da vingança e do assassínio de terroristas. O outro (muçulmano) aqui é colocado da forma tradicional nos filmes americanos: como um ser amaldiçoado, inimigo dos brancos, da liberdade e da democracia. Vemos até um americano de alto escalão praticando o islamismo no escritório e um soldado do exército americano de origem árabe, mas eles parecem apenas ser uma exceção que confirma a regra de que todo árabe e muçulmano carregam as sementes do mal, segundo os americanos. Os ataques terroristas que ocorrem ao longo do filme são usados como elementos legitimadores dessa visão (inclusive um dos ataques tem uma associação muito interessante com um gato preto). Nessa hora, é impossível não se lembrar de "Argo", que, pelo menos se preocupou em expor porque os iranianos tinham tanto ódio dos Estados Unidos. Aqui, Osama é visto como um inimigo da América desde o início dos tempos, apagando totalmente a aliança americana com a guerrilha talibã durante a invasão soviética ao Afeganistão e as ligações do governo americano com a rica família saudita de Bin Laden. É isso aí... a morte de três mil inocentes legitima totalmente que os Estados Unidos eliminem sumariamente mais uns muçulmanos não brancos... e assim caminha a humanidade... só não sei para onde...
Cotação: Bom

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