domingo, 6 de fevereiro de 2011

As Pedras e o Mar



Eu estava no Arpoador.
Eram seis da tarde.
Minha alma em profunda dor,
apesar da flor da idade.
Vivia em traiçoeiro torpor.
Não me acompanhava a serenidade.
Tal como no shakesperiano ator,
me perseguia a brutalidade.

Súbito, olho lá embaixo as pedras
atacadas pelas águas irrequietas.
Uma luta insignificante,
pois a violência do mar não é o bastante
para derrotar a dureza das rochas
que resistem bravamente às vagas insólitas.
Mar burro, assim penso.
Luta em vão, todo tenso.

Mas percebo coisas surpreendentes.
As pedras, que parecem tão resistentes,
na verdade não são perenes
e, lentamente, são destruídas pelas águas insolentes.
A rocha esquerda tem um buraco,
a rocha direita tem um vão.
Mesmo espraguejando como um velhaco,
os sólidos contra os líquidos não têm superação.

Que lição tiro disso tudo?
A vida é luta e persistência!
Não é só a teoria do estudo,
mas também do empirismo sua eficiência.
A depressão me traz o lirismo.
Mas devo buscar também o pragmatismo.
Por isso, não posso mais tempo perder!
Tenho mais é que criar vergonha na cara, lutar e parar de sofrer!

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