Olá a todos. Vamos dar sequência a nossa série iconográfica
Blog Mantido por Carlos Eduardo Lohse Rezende. Aqui serão feitas algumas reflexões e tentativas de se escrever alguma coisa que preste ou faça sentido. Me perdoem se eu não conseguir...
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Tesouros do Início do Século XX (1) - Série Iconográfica
Estou iniciando também, além das já tradicionais poesias, uma série iconográfica onde colocarei imagens (dizem que elas falam mais que mil palavras). Para um amante do cinema e da fotografia como eu, faltava algo assim nesse blog. A materialidade visual pode ser algo muito impactante. Para iniciarmos essa série, colocarei alguma coisa da minha coleção de postais antigos. Eles são verdadeiras jóias do início do século passado, quando a imagem de um ser humano era mais valiosa que a de uma paisagem (boas heranças renascentistas e iluministas, meus caros). Mas esse é apenas o primeiro tipo de assunto que colocarei em imagens. Outros temas virão por aí. Por agora, espero que tais visões sejam agradáveis. As poesias retornarão em breve. Comentários são sempre bem vindos. Até a próxima!!!
Charlot, o Gênio Vagabundo (à Charles Chaplin) - Série Cinematográfica
Ele nasceu na Inglaterra.
Teve uma infância muito difícil.
Sua mãe, louca cantora cuja carreira encerra,
obriga o jovem menino a fazer o impossível.
Logo mostrou seus dotes artísticos
para ajudar a sustentar a família.
Recebendo o auxílio dos deuses místicos,
para os Estados Unidos ele foi mostrar seu talento a cada milha.
Na América, começou a trabalhar em cinema.
Em 1914, na Keystone, fez dupla com Mabel, a pequena.
Mas ele queria o controle total da situação
e, em poucos anos, montou seu próprio estúdio, fruto de sua ambição.
Conseguiu poder e muitas amantes.
Para ele, nada mais era como antes.
Mas sua grande conquista, que o tornou conhecido no mundo
foi o seu personagem, um pobre vagabundo.
Seus filmes eram mais que comédias.
Falar da injustiça do mundo fazia parte de suas ideias.
Por isso, foi implacavelmente perseguido.
Ao viajar para a Europa, foi tratado como criminoso fugido.
Teve que viver na Suíça em exílio,
sem que ninguém fosse em seu auxílio.
Desta forma, viveu anos amargurado,
pois foi da América injustamente desterrado.
No fim de sua vida, teve autorização para aos Estados Unidos retornar.
Humilhado, ele chegou a refutar.
Mas à América ele retorna
para receber um Oscar pelo conjunto da obra.
Na cerimônia, ele foi justamente homenageado.
Tudo isso o deixou profundamente emocionado.
Era o reconhecimento de seu talento afinal
e a confirmação de um gênio mundial.
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
A Paixão de Rick (à Humphrey Bogart) - Série Cinematográfica
Eram duas da manhã.
Uma noite fria em Casablanca, de esperança vã.
Surge à minha frente, o Rick's
como um monumento soturno
adequado ao malogrado ambiente noturno.
Decido lá entrar
para do frio da noite escapar
e da lembrança da guerra me desgarrar.
Dentro do night club, tudo é depressão.
Bêbados caídos, prostitutas em desilusão.
O Sam está ao piano
tocando melodias mundanas.
É um ambiente de total desengano,
a tristeza parece perdurar por semanas.
Mas o que impressiona meu imaginário
é lá no fundo, um vulto solitário.
Eu caminho em direção a ele,
Eis que a surpresa me vem a flor da pele.
É o próprio Rick, chorando!
É uma imagem que fica me intrigando.
Rick é um sujeito forte.
Tem carisma em seu porte.
Sempre de dedo em riste
jamais o reconheceria triste.
De repente, uma mão puxa meu braço.
É o Sam, com seus cigarros de maço
que busca me tornar consciente
porque Rick estava deprimente.
O pianista conta que seu patrão
foi abandonado por sua amada.
Se mudou para Casablanca cheio de decepção
e agora não acredita em mais nada.
A Rainha de Gales (à Bonnie Tyler)
Eram onze e meia da noite.
Entrei no pub
muito ordinário para um night club.
No bar, um rosário de venenos cobiçados
que iam desde a cerveja até o absinto
tornando os bêbados irados
e, nos mais comedidos, acirrando o instinto.
Mas eu estava lá por outro propósito.
Esperava por minha rainha naquele ambiente inóspito.
Nascida Gaynor, Bonnie imortalizada,
toda semana cantava aqui minha amada.
Seu show começava à meia noite
num pequeno palco lá no fundo.
Eu sempre sentia um impacto, como num açoite,
quando ela surgia para todo o mundo!
Finalmente, ela aparece na ribalta.
Seus cabelos louros e olhos azuis, tudo isso me exalta!
Ela traja um negro vestido de veludo.
Sua boca vermelha e seus brilhantes me deixam mudo.
Mas a plateia bate palmas morna.
É uma turba idiota que insensível se torna
aos talentos infinitos de minha deusa
artista notória de origem galesa.
Ela começa a cantar.
Escolhe "He's the King" como a primeira música a interpretar.
Olha para a plateia de jeito formoso.
Volta e meia, me joga um sorriso gostoso.
Às vezes, parece que ela me conhece há mil anos.
Há a impressão de que nos amamos.
Mas eu sei que sou apenas um súdito inglês
dessa eterna rainha do povo galês.
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
A Entropia (à Mário Peixoto) - Série Cinematográfica
perdidos num pequeno barco, em pleno mar.
Oh! Que angústia tudo isso pode dar!
Duas mulheres e um homem em desespero profundo,
isolados de tudo e de todos, do resto do mundo.
Vemos, aqui, a condição humana
limitada pela natureza soberana
que leva nossos heróis a uma mentalidade insana.
A primeira mulher era uma criminosa
que, fugida do cárcere, foi perseguida de forma insidiosa.
A segunda mulher era muito frágil
que fugiu do marido alcoólatra de forma ágil.
O homem era amante de uma mulher casada
que, pela moléstia da lepra, foi vitimada.
Três histórias tristes e desesperadas.
Três humanos em fugas desvairadas.
Agora, no barco, eles veem a ameaça da entropia.
Vinda do mar, a desorganização desafia.
Ela quer destruir o humano, essa estrutura bem construída,
sem dó nem piedade e de forma dolorida.
A primeira mulher luta
mas a outra mulher desiste e o homem reluta.
Ao surgir um pequeno objeto no mar
o homem mergulha para não mais voltar.
Começa, então, a tempestade!
O mar finalmente o barco invade.
Ao final, tudo desaparece,
tudo perece.
Exceto a primeira mulher
que morre aos poucos como o mar quer.
É a vitória do amorfo, do indiferenciado
que tripudia do humano ao seu agrado.
O Sol
Nossa fonte de luz própria.
Tudo o que sei
é que ele possui energia sóbria,
pois ela permite a existência da vida
no nosso pequeno planeta.
E, em todo o Universo, de nossa ida,
a maioria das estrelas não mostra tal faceta.
Ele é uma estrela de quinta grandeza,
mas a dez parsecs de distância,
pois se considerarmos a magnitude em sua pureza,
a menos de vinte e seis negativos ela vai sem relutância.
Para nós, mortais, nosso Astro é descomunal.
Grande fonte de força e energia.
Mas, em termos de Universo, é apenas uma estrela normal,
na sequência principal do diagrama da astronomia.
O que faz nosso Sol brilhar?
É a conversão de hidrogênio em hélio,
resultante de uma fusão nuclear.
Isso precisa de muita temperatura - falo sério!
de cerca de milhões de graus.
Tal transformação dura bilhões de anos.
Sorte para nós, seres tão frágeis e maus
que podemos continuar a viver cometendo atos insanos.
Esse é o nosso Sol, uma estrela anã.
Ele gera a vida
e não a torna vã.
Produz nossa comida
e nos dá o afã
de viver de forma não sofrida.
Mas o homem não aproveita a chance o bastante
e com guerras e intolerância tenta acabar com si próprio num instante.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
A Afeição
Nascida para adorar.
Nascida para amar.
Em seu coração, não existe espaço para ódio,
a raiva vive em ócio,
o desprezo não é o seu negócio.
Só cultivar o carinho,
prática que vem desde o ninho.
Ela gosta porque confia
nos seus amigos todo o dia.
Essa é a base da amizade,
acreditar no seu amigo com vontade.
Sem medo da traição
você pode abrir seu coração,
amar com convicção,
e se dedicar ao próximo com devoção.
Para ela, tudo é maravilhoso.
Na humanidade nada há de horroroso.
O ser humano usa o racional
para domesticar e aprimorar o emocional.
Ela só ouve os votos dos renascentistas
e as preces dos iluministas,
criaturas extremamente otimistas
que ignoram as vozes dos pessimistas.
Quem é essa dama tão ingênua?
Tão tola e despreparada?
Tão tresloucada?
Ela é a afeição!
Dona de tanta emoção!
Mas ela parece tão feliz!
É, parece que ela fez a escolha certa.
Conseguiu escapar do mal por um triz!
Mudo e Falado (Debate Interminável) - Série Cinematográfica
Filme mudo ou falado,
filme falado ou mudo,
eis um debate acalorado,
eis um debate que explica tudo.
Os amantes da tecnologia preferem o falado,
os amantes do cinema preferem o mudo.
O som! Atrapalha ou ajuda a imagem?
Que dúvida paira nessa nossa viagem!
Nos primórdios não havia o som.
A pantomima era uma constante,
a linguagem se baseava na imagem
de forma elaborada e nada pedante.
Em terras tropicais houve uma tentativa
de se levar o som à nova arte imaginativa
atores e atrizes de revista ficavam atrás da tela
cantando em plenos pulmões uma melodia singela.
Anos depois, chegou o vitaphone.
Grava-se o som no disco
e coloca-o no gramofone.
Pronto! O som chegou ao cinema!
Mas a sincronia ainda não era um estratagema!
Tal problema só foi resolvido
quando o sistema movietone os técnicos haviam conseguido
e finalmente o som foi estabelecido.
Desde então o debate começou.
Criticam o som Vinícius e Charlot.
Cinema falado como teatro filmado
só podia dar errado.
Mas o som conquistou o seu espaço,
a tecnologia entra fria como aço,
o som explica a materialidade visual
e o cinema nunca mais foi igual.
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
O Expressionista
da forma mais intensa e aguda possível.
Sofro muito!
Quero gritar!
Sinto dores!
Grito!
Choro!
A agonia me corrói!
Minha angústia existencial
distorce o mundo à minha volta.
Não enxergo a realidade objetivamente.
Tenho alucinações.
De repente, me lembro de meus amigos,
mortos no campo de batalha.
Mortos por uma máquina de Estado,
minha arte luta contra os poderosos!
O Expressionismo oscila, portanto,
entre o pessoal e o social,
entre o subjetivo e o objetivo,
entre o claro e o escuro,
antíteses postas,
herdadas do Barroco e do Romantismo,
colocadas de forma extremamente anti-natural,
para expressar fortes sentimentos interiores.
Meus quadros são feitos com tintas fortes.
Minhas poesias com exclamações agudas.
Minhas peças teatrais com fortes maquiagens.
Meus filmes com fortes contrastes.
Caligari foi minha inspiração.
Nosferatu foi meu pai.
Fausto foi meu filho.
Metrópolis é minha alma!
O Herege
Eu não creio em Deus,
repudio todas as religiões.
Repudio a fé.
Nego o sacrifício de Cristo.
Não vejo diferença entre o Salvador e Lúcifer.
Abomino o clero e sua ostentação.
Me revolto com a pompa dos cardeais
e o ouro dos papas ancestrais.
Por que todo o meu ódio contra a fé?
Porque a fé emburrece.
A fé reprime!
A fé diminui!
A fé aliena!
Vejam, meus caros, que paradoxo!
Como o fato de se acreditar em algo tão amplo
estreita a visão de mundo dos mortais desde Eudoxo!
A vida delimitada por regras rígidas,
por dogmas frios e irracionais,
por homens de batina que dizem o que você deve fazer,
a quem você deve obedecer,
a quem você deve desmerecer.
A palavra religião não significa religar?
Por que, então, semeia tanta discórdia?
Tanta intolerância que não se pode suportar?
Por isso, sou o herege.
Odeio do fundo do meu coração os fiéis e os crentes,
cegos e intolerantes,
espalham a violência com fortes ditos entre os dentes.
Dizem que amam o próximo,
mas desde que o próximo concorde com suas palavras eternas,
pois, caso contrário,
condenam o pobre indivíduo às trevas.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
O Guerreiro
Luto por minha pátria.
Tudo o que importa é a minha terra,
minha cultura e meu povo.
O inimigo quer nos destruir.
Mas não vou deixar.
Quero destruir! Quero matar!
Aqueles que nos querem um fim dar.
Vou de cabeça erguida
ao campo de batalha.
Com um ímpeto de combate,
olhando nos olhos do inimigo,
para dar-lhe medo.
Mas também estou com medo.
Entretanto, não posso arrefecer!
O inimigo é que tem que me temer!
A batalha começa!
Mato um, dois, três, dez, mil!
Com minha metralhadora!
Não deixo um em pé!
Mas, de repente,
sinto falta de minha mãe,
de meu pai, de meus irmãos,
de minha amada...
Súbito, sinto uma pancada.
Caio ao chão.
Estou mortalmente ferido.
Não me resta muito tempo.
Olho para o céu negro.
Nunca mais verei minha mãe, meu pai, meus irmãos!
E minha amada não terá mais o casamento que queria comigo.
Ela se casará com outro homem e me esquecerá.
Esse é o preço de se defender a pátria...
Minha amada pátria!!!!!
O Fugitivo
Lamentamos informar, mas não conseguimos a foto do fugitivo. Ele foi mais rápido que nós...
Eu sou o fugitivo.
Vivo fugindo.
Fujo de meus temores,
fujo de minhas angústias,
fujo de meus pavores,
fujo de meus desesperos,
fujo de minhas ânsias.
Minha covardia é pequena.
Fujo, também, de minhas responsabilidades,
fujo de meus riscos,
fujo de minhas paixões,
fujo de minhas tentativas,
fujo de minhas esperanças,
fujo daquilo que eu poderia ser
mas que jamais serei.
Minha covardia cresce.
Essa é a vida do homem em fuga.
O medo o congela,
o medo não o impele a ir adiante,
o medo o desgraça.
O único impulso que o medo dá
é o impulso que leva o homem a fugir
para cada vez mais longe, mais distante.
Minha covardia é grande.
Por isso, fujo. Apenas fujo.
Corro até ao infinito,
até a muito longe de todos
por medo e por vergonha.
Fujo, fujo e fujo.
Minha alma está em frangalhos.
Sou totalmente dominado pelo medo.
Minha covardia é infinita.
domingo, 5 de dezembro de 2010
Comentários já ativos...
Para quem interessar, modifiquei o set up dos comentários e acho que agora eles já podem ser postados. Quem quiser, sinta-se à vontade para comentar. Um abraço...