Eu sou a penumbra.
Aquela que está entre o claro e o escuro,
entre o amor e o ódio,
entre a alegria e a tristeza,
entre a tolerância e a intolerância,
entre a afeição e o desprezo.
Sou a linha tênue que une as dicotomias.
Estou espremida entre forças opostas.
Eu sou muito desfocada
e tento separar coisas bem definidas,
ou tento unir coisas bem definidas?
Essa indefinição me angustia,
essa indefinição me indefine.
Sou o sim ou sou o não?
O mais ou menos não me satisfaz.
De que lado estou?
Ou será que tenho uma função mediadora?
Tenho aversão aos extremos?
Tenho aversão aos exageros?
Serei, então, um ponto de equilíbrio?
Tenho função de acalmar forças tão opostas?
Oh, que tarefa ingrata
dada a alguém tão delicada, fina e tênue como eu!
Por que me foi dado tão pesado fardo?
Talvez eu tenha recebido esse malfadado trabalho
justamente por ser tão frágil
para que todos se lembrem
que os equilíbrios são muito instáveis
à medida que os extremos se tornam tão violentos.
Por isso, sou tão fina,
tão quebradiça e tão delicada,
sucumbindo à ignorância dos exageros.
Talvez eu tenha recebido esse malfadado trabalho
justamente por ser tão frágil
para que todos se lembrem
que os equilíbrios são muito instáveis
à medida que os extremos se tornam tão violentos.
Por isso, sou tão fina,
tão quebradiça e tão delicada,
sucumbindo à ignorância dos exageros.
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