terça-feira, 20 de setembro de 2016

Resenha de Filme - Histórias da Psicanálise

Histórias Da Psicanálise. É Freud!!!
Um interessante documentário brasileiro em nossas telonas. “Histórias da Psicanálise” é um filme que aborda as reflexões feitas por leitores do mundialmente conhecido Sigmund Freud, o pai da psicanálise. Os textos de Freud foram analisados de várias formas. Em primeiro lugar, os especialistas (leia-se psicanalistas, filósofos, tradutores, escritores, etc.) mencionaram a forma altamente sedutora como Freud escrevia seus textos. O cientista queria, antes de tudo, estar mais próximo do lirismo da literatura do que do rigor científico dos textos acadêmicos. Assim, os leitores de Freud dizem que seus textos são muito gostosos de ler, pois foram preparados para o público alemão médio e não para os acadêmicos de universidades. Em segundo lugar, falou-se muito da questão da tradução, um enorme problema, pois as versões de Freud em português foram obtidas através da tradução da versão inglesa, que foi traduzida do original em alemão. E isso porque não mencionamos as traduções em francês. Ou seja, o tradutor não faz somente um ofício mecânico de passar um texto de uma língua para outra. Há todo um contexto gramatical e cultural que deve ser levado em consideração quando a tradução é feita e o profissional dessa área precisa estar antenado muito bem com a cosmogonia desses mundos culturais com os quais lida.
A definição do que é ser brasileiro também foi discutida pelos especialistas, com ênfase na questão da miscigenação, da permissividade que estimula a impunidade e outros elementos que buscam responder (ou pelo menos refletir sobre) se há uma identidade genuinamente brasileira.

Esses são apenas alguns dos temas discutidos nesse documentário altamente prolífico sobre Freud e a psicanálise. Pelo fato de a discussão ser levada por profissionais de várias áreas diferentes, o debate torna-se riquíssimo e é o tipo do documentário onde a gente aprende muito sendo, desde já, de altíssimo valor e muito recomendado. Um programão imperdível e um documentário daqueles para ver, ter e guardar. Vale muito a pena ver mais esse bom filme que, como ocorre com a maioria das produções de qualidade nesse país que pouco valoriza a reflexão, não tem a divulgação merecida. Por isso, não deixe de procurá-lo para assistir nas telonas ou, futuramente, em DVD. Mas não deixe de ver. E depois das fotos, veja o trailer.

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Cartaz do Filme.

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Vários...

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... especialistas...

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... comentaram...

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...Freud... 

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Resenha de Filme - Loucas de Alegria

Loucas De Alegria. Meninas Maluquinhas.
Um filme italiano muito louco paira em nossas telonas. “Loucas de Alegria” fala de duas mulheres internadas numa clínica psiquiátrica, Donatella (interpretada por Micaela Ramazzotti) e Beatrice (interpretada por Valeria Bruna Tedeschi), que querem fugir de lá e simplesmente curtir a vida e a liberdade. Mas o estágio avançado de loucura das duas será um grande obstáculo a ser transposto. Inicialmente, o filme dirigido e escrito por Paolo Virzi nos parece uma comédia de absurdos, onde duas mulheres maluquinhas provocam situações engraçadíssimas, com toda uma equipe de psiquiatras no encalço das moças que dão uma canseira e tanto nos médicos. Mas, com o tempo, a coisa perde completamente a graça, quando o filme vai mergulhando no passado das duas e podemos testemunhar toda a tragédia da vida delas que acabou as levando para o estágio da insanidade. E aí, o filme se torna um drama bem pesado, com direito a muitas lágrimas. Aqui devemos aplaudir o trabalho de Virzi, onde seu roteiro consegue separar muito bem a comédia do drama pesado, com o detalhe de que, na transição da comédia para o drama, os dois gêneros se imbricam lentamente, não havendo um corte abrupto de um para o outro. Assim, a transição não fica muito violenta para o espectador, embora as histórias de vida das duas protagonistas sejam bem dolorosas.
Destaque especial também deve ser dado às duas atrizes que interpretaram as protagonistas. Valeria Bruni Tedeschi era simplesmente um vulcão de energia e verborragia. Sua Beatrice, oriunda das classes mais altas, era uma exaltação à liberdade e à vontade de viver. E uma mulher muito perigosa e violenta quando contrariada. Além de ser uma vigarista de marca maior, conseguindo entrar nos lugares mais requintados e restaurantes mais chiques com sua lábia e, por que não, com sua violência. Já Micaela Ramazzotti, com sua Donatella, era a fragilidade em pessoa, uma mulher muito sofrida que, ao tentar se suicidar com o pequeno filho, fruto de uma gravidez indesejada e rechaçado pelo pai, perde a guarda do garoto e entra em parafuso. Ao analisarmos a vida de Donatella, entramos numa jornada muito sofrida de uma mãe que está afastada do filho.
Apesar das histórias das duas protagonistas serem cercadas de muita agonia, a película não deixa de mostrar belos momentos, que vão de um jantar num restaurante muito chique, passando por viagens em carros conversíveis (uma referência explícita a “Thelma e Louise”) e chegando até a um simples abraço das duas sentadinhas numa mureta, talvez o momento mais delicado de todo o filme.

Assim, “Loucas de Alegria” consegue nos despertar risos mas também lágrimas, pois as protagonistas, apesar de engraçadas, trazem o fardo do sofrimento e de seu passado trágico em suas vidas. É uma película muito bem feita, que emociona sem agredir, não deixando o público indiferente a ela. Vale a pena dar uma conferida. E não deixe de ver o trailer depois das fotos.

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Cartaz do Filme

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Beatrice quer sair do manicômio

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Donatella quer rever o filho...

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As duas, então, saem por aí...

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Um momento Thelma e Louise

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Há, também, muita ternura entre as duas...

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Amigas inseparáveis...

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Unidas no sofrimento...

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Momento mais bonito do filme...



quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Resenha de Filme - A Comunidade

A Comunidade. Vida Alternativa Desafiando Velhas Convenções.
Uma película do conhecido diretor Thomas Vinterberg (dos ótimos “A Caça” e “Festa de Família”) estreou em nossas telonas. O diretor dinamarquês vem agora com o ótimo “A Comunidade”, uma película inquietante como é o cinema da Dinamarca, que sempre nos brinda com boas produções. Essa co-produção Dinamarca, Suécia e Holanda nos traz uma baita duma reflexão. É um filme sobre relações pessoais tradicionais e modernas. E de como nos encaixamos ou não numa e noutra.
Vemos aqui a história de uma família de classe média alta dos anos 70 formada por Erik (interpretado por Ulrich Thomsen), um arquiteto que leciona na faculdade, e Anna (interpretada por Trine Dyrholm). Um parente de Erik morre e lhe deixa uma grande casa que, a princípio daria um bom dinheiro numa eventual venda. Mas Anna decide viver na casa e, para poder conviver com mais pessoas além do marido e da filha, sugere a Erik que se crie uma comunidade na casa, onde todos viverão em harmonia e resolverão sempre as questões, problemas e tarefas através de uma votação. Chamando os amigos mais próximos e uma ou outra pessoa estranha, o casal estabelece a comunidade, algo pouco usual para os padrões de comportamento e sociedade que vemos por aí. Mas Erik se envolverá na faculdade com uma aluna, bem mais jovem que sua esposa. O marido comunica o fato a Anna que, a princípio, meio que aceita numa boa. Mas aí, ficou a questão: deverá Erik sair de casa para morar com a moça que ama ou, para não se desfazer a comunidade, Erik deverá levar sua namoradinha para dentro da comunidade, com esposa, filha e tudo? Isso sem lembrar que Erik era o dono da casa, mas dividiu a escritura dela em cartório com toda a comunidade. Situaçãozinha complicada, não?
Pois é. Dá para perceber que o filme tem como objetivo suscitar uma enorme polêmica. Vemos um casal de formação acadêmica, muito descolado e progressista, formando uma comunidade, livre, democrática e solidária para inovar na forma como se podem levar as relações humanas, e se desprender de convenções digamos mais burguesas de relacionamento e comportamento. Mas uma crise conjugal formada bem ao espelho de uma sociedade monogâmica tradicional, assim como o pilar altamente burguês do direito à propriedade acaba implodindo essa comunidade de forma implacável. A reação dos personagens a essa crise só nos mostra como, por mais modernos, libertários, solidários e democráticos que queiramos ser, as convenções impostas pela tradição deixam marcas profundas em nossas mentes e é muito difícil se libertar delas. O sofrimento de Anna ao ter a amante dentro de seu próprio teto junto com seu marido a traumatizava de tal forma que abalava a comunidade inteira, inclusive a amante. E aí, milênios de convenção social não podem simplesmente se esvanecer da noite para o dia, já que o casamento monogâmico é algo anterior não somente ao capitalismo como à própria religião cristã. Assim, o filme nos mostra como é difícil se libertar de tais convenções, por mais boa vontade e espírito democrático que as pessoas tenham.
O filme levanta outra questão. Ele ajuda a derrubar um baita de um estereótipo existente em nossa mente latina. Quando vemos um povo do norte da Europa, a primeira ideia que nos vêm à cabeça e a de um comportamento regido por enorme frieza. Vinterberg consegue desmentir isso para nós de forma categórica ao mostrar o forte conteúdo emocional de seus personagens na película. As pessoas riem, choram, sofrem, se constrangem. É muito interessante ver como os nervos dos personagens sempre estão à flor da pele, para o bem e para o mal, o que ajuda a gente a derrubar certos mitos muito enraizados em nossa cabeça com relação aos europeus. Ou seja, até nesse pequeno detalhe, a película é muito interessante.

Assim, “A Comunidade” é um daqueles filmes que devemos ver, ter e guardar, pois nos dá a forte reflexão de que, mesmo que queiramos ser progressistas e modernos, a tradição fortemente enraizada em nossas cabeças pela formação que tivemos é algo difícil de se desvencilhar e devemos buscar uma harmonia entre essas duas formas de comportamento. E, ainda, o filme ajuda a derrubar mitos e preconceitos que nós latinos temos para com os europeus. Filme imperdível. E não deixe de ver o trailer após as fotos. 

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Cartaz do filme

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Erik e Anna decidem fundar uma comunidade em sua casa

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Tudo era decidido na votação

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Revelando uma amante...

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Isso transtornou Anna...

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O que fazer???

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Um jantar indigesto

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Os atores do filme com o diretor Vinterberg (de pé)...