domingo, 14 de agosto de 2016

Resenha de Filme - A Conexão Francesa

A Conexão Francesa. Peitando o Crime E A Corrupção.
Uma boa co-produção França-Bélgica, realizada em 2014, chega agora às nossas telonas. “A Conexão Francesa” (“La French”, dirigido por Cédric Jimenez) é um filme inspirado numa história real e vai nos levar à Marselha da década de 70, que estava completamente sitiada e refém de cartéis da droga, sendo que o mais poderoso deles era controlado por Gaëtan “Tany” Zampa (interpretado por Gilles Lellouche). Mas um destemido juiz, Pierre Michel (interpretado por Jean Dujardin, que ficou muito conhecido pela película “O Artista”, ganhando o Oscar de melhor ator) vai lançar mão de todos os recursos possíveis e impossíveis para acabar com toda essa máfia. Boa parte de sua coragem em enfrentar criminosos tão perigosos vem do fato de que Michel já havia sido juiz de menores e ele pôde constatar o efeito devastador das drogas na juventude.
O filme tem um senhor roteiro e uma história muito bem escrita, que prende a nossa atenção do início ao fim. Há uma combinação bem equilibrada de cenas de ação, violência, diálogos e uma trama bem pensada, essa, sem dúvida, a melhor parte do filme, que deu substância às cenas de violência. A reconstituição de época foi excelente e mais uma vez se amparou em elementos óbvios como figurino e muitos automóveis antigos em bom estado. A recorrência desses elementos para fazer reconstituições de época em vários filmes já analisados aqui parece indicar que essa é uma receitinha básica e de sucesso para retratar bem o passado nos filmes. O filme também lançou mão de uma boa trilha sonora, algo que também nos ajuda a colocar no climão lá da década de 70. Ainda, não podemos nos esquecer de destacar as excelentes atuações de Dujardin e Lellouche. O primeiro, por fazer um obcecado juiz que age por impulsos e desafiando o sistema o tempo todo. E o segundo, por fazer um traficante de drogas que consegue alternar momentos de alta serenidade com situações de violência extrema.
É notável perceber como o meio do crime na França tem semelhanças com o nosso. Chacinas violentas provocadas por acertos de contas acontecem tanto lá quanto aqui, assim como toda uma estrutura de corrupção que enrosca na polícia e até nos mais altos escalões do governo. E o filme teve a sobriedade de mostrar que tal mar de lama é algo intransponível e impossível de enfrentar sem passar por sequelas. Ou seja, não é um daqueles filmões à americana de “tiro, porrada e bomba”, de um homem contra todos que, heroicamente, enfrenta todas as forças do mal, mata todos os vilões e depois ainda sai com o filhote para tomar um picolé no final. Não, aqui a coisa está mais para a arte que imita a vida, que descarta o “happy end”, o que torna a película muito mais interessante. Não é à toa que o filme se inspirou numa história real, mas, mesmo assim, podemos ter uma variedade de leituras. E o filme parece ter se aproximado de uma leitura mais próxima à realidade, embora tenha parecido que alguma dose de pirotecnia também tenha sido introduzida na história.

Dessa forma, “A Conexão Francesa” é mais um daqueles filmes que merece sua atenção, pois tem um bom roteiro, boas atuações e as cenas de ação e violência não caem no lugar comum da banalização dos filmões comerciais americanos. Ou seja, á uma película francesa de ação e violência, mas com bastante conteúdo. Vale a pena dar uma chegadinha ao cinema e dar uma conferida. E não deixe de ver o trailer após as fotos.  

Cartaz do Filme


Pierre Michel é um juiz que vai desafiar todo o cartel do crime

Zampa, um criminoso frio e cruel...

Muita violência

Se sentindo solitário no combate ao crime...

As ações devem ser meticulosamente calculadas

Jimenez orienta Dujardin numa gravação

Dujardin, Jimenez e Lellouche 

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