sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Resenha de Filme - Ben Hur

Ben-Hur. Mais Uma Versão.
Mais uma nova versão de Ben-Hur na área. E falar de mais uma versão desse filme é algo importante para quem gosta de cinema, já que a versão do Ben-Hur de 1959 (a do Charlton Heston) manteve o recorde de 11 Oscars por muito tempo, até que “Titanic” conseguiu apenas igualar a marca. Houve ainda versões de Ben-Hur em 1925, com o ator Ramon Novarro e em 1907, uma versão curta de 15 minutos com o ator Herman Rottger. Dessa forma, todo novo Ben-Hur que sai é fatalmente comparado com a melhor versão de todas, a de 1959, e que dificilmente será superada. Fazer então um novo Ben-Hur acaba sendo um baita desafio. E, para sermos um pouco justos, não devemos fazer essa comparação e pensarmos apenas nos méritos dessa versão de 2016.
E quais seriam esses méritos? Em primeiro lugar, Morgan Freeman, o único medalhão do elenco muito jovem. Seu papel de Ilderim, que ganhava uma graninha com a corrida de Bigas, e ajuda nosso protagonista a dar sua volta por cima, dispensa apresentações. Foi somente uma pena que ele tenha aparecido tão pouco. Em segundo lugar, esse é mais um filme americano que conta com a presença do ator brasileiro Rodrigo Santoro. Novamente, ele não faz um papel principal de protagonista. Mas agora ele faz um coadjuvante de peso: simplesmente Jesus Cristo, o que foi muito legal, já que seu biótipo moreno se adequa mais à realidade étnica local do Oriente Médio do que a visão helenizada de Jesus Cristo no cristianismo, lourinha e de olhos azuis. Apesar de aparecer ainda menos do que Morgan Freeman no filme, não é todo dia que se consegue um papel dessa magnitude. Tanto que ele é o terceiro nome do elenco, atrás apenas de Jack Huston (o Ben-Hur) e Toby Kebell (o Messala). Mais um ponto para a carreira internacional de Santoro que, aos pouquinhos, vai ganhando seu espaço lá fora.
E o elenco principal? Huston fez um bom Ben-Hur, apesar da cara bonitinha e de seu ódio não convencer muito. Seu arrependimento aos pés da cruz de Cristo foi o momento mais convincente de sua atuação. Kebell, por sua vez, teve uma atuação melhor, já que fazer o vilão da história é sempre um grande presente, na minha modesta opinião, pois  os vilões sempre são mais interessantes que os mocinhos. Foi muito legal ver como o Messala dessa versão tinha uma postura bem mais reticente e dividida entre o passado de um órfão romano adotado pela casa de Hur e o implacável militar romano de alta patente que ele acabou se tornando. Só isso já torna o personagem mais interessante que o protagonista. Ben-Hur tinha uma visão muito mais plana das coisas, aceitando o poder romano e negociando com os invasores de suas terras para manter a “Pax Romana”, ou seja, os romanos te deixam em paz se você se torna um capacho destes. E isso aconteceu muito naquela época. O caso de Ben-Hur não foi fictício ou isolado. E é muito curioso ver como tal história (o fato de governantes locais negociarem suas autoridades com os exércitos romanos) aparece na Bíblia de forma altamente crítica, pois Ben-Hur não queria saber de confusão com os romanos e, assim, ele deixava seu povo ser feito de gato e sapato pelos invasores. Hur, inclusive, tinha ao início uma visão crítica dos zelotes, esses sim os que lutavam efetivamente contra a dominação romana. E, cá para nós, ele só se revolta por causa de uma vingança pessoal. Mas como toda história bíblica deve ter um desfecho que ensine algo para o fiel fortificar sua fé (realmente há toda uma pedagogia nessas histórias voltada para essa direção), Ben-Hur consegue a redenção aos pés de Cristo Crucificado, abandonando o ódio e abraçando o perdão, fazendo as pazes com Messala (aí gente, essa conversa tem “spoilers” mesmo, mas eles já têm cerca de dois mil anos).
Mais outros dois elementos cinematográficos dignos de destaque. Houve todo um cuidado com o figurino, o que é muito importante para filmes de época. As roupas dos romanos estavam muito boas, assim como os figurinos da mãe e irmã de Ben-Hur e de sua namorada Esther, charmosíssimas, por sinal. Já o CGI foi interessante, sobretudo nas batalhas em alto mar e na grande vedete da película bíblica, que é a esperadíssima corrida de bigas. Não deixa de ser legal ver um “remake” com essa nova tecnologia que acabou não ficando artificial, muito pelo contrário.

Dessa forma, esse novo “Ben-Hur” vale uma conferida dos fãs de cinema, que não devem ir com o nariz torcido previamente, achando que vão ver algo pior do que a versão de 1959. Se você está com essa comparação em mente, então é melhor nem sair de casa. O que vale aqui é constatar as virtudes cinematográficas dessa nova versão, não comparando com o que já foi feito e consagrado.  Não deixe de dar uma chegadinha ao cinema para prestigiar essa nova versão. E não deixe de ver o trailer após as fotos.

Cartaz do Filme.

Ben-Hur. Um príncipe vítima da opressão romana

Messala, que se descambou para as forças romanas do mal! Note o excelente figurino...

Jesus Santoro!!!

Hur vai encontrar em Ilderim um apoio para a sua vingança (parece o avô do Bob Marley).

O ódio de Ben-Hur será redimido...

... ao pé da Cruz de Cristo. Lição bíblica típica...

A famosa sequência da corrida de bigas. Hur e seus cavalos branquinhos, branquinhos, saídos de uma propaganda de sabão em pó...

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Bom filme! Incrível! O ator Toby Kebbell se compromete muito com o personagem. O vi recentemente em ouro e cobiça, e recomendo! É um filme muito divertido, é uma boa opção para uma tarde de filmes. Se ainda não tiveram a oportunidade de vê-lo, eu recomendo, na minha opinião, este foi um dos melhores filmes de drama que foi lançado. O ritmo é bom e consegue nos prender desde o princípio, a historia está bem estruturada, o final é o melhor.

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