terça-feira, 31 de maio de 2016

Resenha de Filme - Maravilhoso Boccaccio

Maravilhoso Boccaccio. Decameron Fofinho.
Uma produção italiana muito curiosa está em nossas telonas. “Maravilhoso Boccaccio”, dirigido pelos irmãos Paolo e Vittorio Taviani, os mesmos de “César Deve Morrer”, é um daqueles filmes em que a imaginação alça voos muito altos. É um filme repleto de estética, beleza, conteúdo. É uma livre adaptação da obra renascentista “Decameron”, de Boccaccio.
O filme começa num clima altamente sombrio: a Florença de 1348, durante a mortandade sem fim da Peste Negra. Pilhas de corpos sendo conduzidas por carroças a valas coletivas. Pessoas se deixando enterrar vivas com os entes queridos mortos. Pessoas se afastando de parentes doentes para evitar a contaminação. Ou seja, um caos total num clima de muita desesperança. É nesse contexto que um grupo de jovens decide fugir da cidade e se reunir numa casa no campo para tentar sobreviver a toda aquela situação. Lá, eles se permitirão o amor, desde que sem sexo, para não suscitar invejas ou ciúmes. E passarão o tempo da única forma que poderão passar sem enlouquecer: eles contarão histórias uns aos outros, exercitando a imaginação. Assim, o filme é uma compilação de várias historietas de amor, traição, vingança, humor. Uma moça moribunda pela peste que é rechaçada pelo marido e salva por uma paixão não correspondida; um abobalhado que é enganado por uma vila; uma moça prometida a um nobre que tem uma relação de amor profundo com o pai, em leves insinuações de incesto; um convento de freiras bem safadinhas; a dolorosa história do nobre falido e seu falcão. Todas essas histórias têm um quê de admirável, de envolvente e que não nos deixa indiferentes. São histórias que despertaram suspiros da plateia do Estação Botafogo 2 e não tem como você ter uma história preferida, já que todas são igualmente interessantes e prendem nossa atenção todo o tempo.
Do ponto de vista estético, o filme dá um banho. A escolha do elenco primou pela beleza dos personagens. Várias carinhas bonitas e jovens tiveram seus atributos físicos amplificados pela deslumbrante fotografia do filme, que também valorizou as paisagens campestres. Essa materialidade visual somente deu um quê mais renascentista à película, onde a beleza humana e a paisagem ao estilo clássico eram fortemente realçadas.
Outro detalhe digno de nota: é um filme altamente fofo, cheio de delicadeza do início ao fim. Contribuiu para isso o clima altamente idílico proporcionado pela interpretação equilibrada e contida dos atores, os longos penteados das moças, o figurino bem cuidado, a paisagem campestre de uma beleza infinita. Ou seja, era uma coisa linda de se ver, não se limitando somente à estética, já que as pequenas histórias eram carregadas de conteúdo, assim como a história em si dos próprios protagonistas.

Dessa forma, “Maravilhoso Boccaccio” pode ser qualificado como uma verdadeira obra de arte, um primor de delicadeza. Essa livre interpretação de “Decameron” conta com uma estética admirável, assim como com um conteúdo rico na imaginação de suas histórias. É um filme que merece muito ser visto e guardado nas nossas memórias afetivas com muito carinho, em virtude das circunstâncias de suas histórias. Um filme de beleza de closes e de pupilas iluminadas ao Sol. Não deixem de assistir. E é o tipo de filme que devemos guardar em DVD. E não deixe de ver o trailer após as fotos.

Cartaz do Filme

 
Era uma época de muitas mortes...

Um grupo de jovens se isola e conta histórias...

A moça vítima da peste, desprezada pelo marido...

Um abobalhado enganado por uma vila...

Amor de pai e filha. Leve insinuação de incesto

Uma freira bem safadinha

A triste história do nobre empobrecido e de seu falcão

Estética que valoriza a beleza humana...

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