domingo, 17 de abril de 2016

Resenha de Filme - Guerra nas Estrelas, Episódio VII (Segunda Parte)

Vamos continuar nossas observações sobre o Episódio VII falando agora dos  personagens e suas relações com os filmes antigos. Poe Dameron pode ser visto como uma mesclagem de Luke Skywalker piloto de X-wing com o nosso estimado Wedge Antilles. O General Hux (interpretado por Domhnall Gleeson) lembra muito o Grão Moff Tarkin, embora Hux tenha uma relação muito conflituosa com Kylo Ren, ao passo que a relação entre Tarkin e Vader fosse muito mais cavalheiresca, sendo um pouco conflituosa somente em seu início (para maiores informações, ler o excelente livro “Tarkin”, de James Luceno). E a Rey, que tem um monte de marmanjo babando em cima nas redes sociais? Impossível não se lembrar da Padmé... Ainda com relação à Rey: ela chegou a caminhar pela Estrela da Morte da mesma forma que Obi-Wan Kenobi, interpretado pelo inesquecível “Sir” Alec Guiness, inclusive com as mesmas falas dos stormtrooopers. E o R2-D2? Desligado o filme inteirinho, em modo de economia de energia (será que a conta de luz está em bandeira vermelha por lá também?), mas liga no finalzinho e salva o dia novamente, como não podia deixar de ser, juntando o seu mapa ao mapa inserido em BB-8. E não podemos nos esquecer que novamente é citado que Solo fez o percurso de Kassel em 14 parsecs (ou seriam 12???).
Após essa breve descrição, dá para perceber uma grande quantidade de referências explícitas aos antigos filmes da trilogia clássica, o que acabou ficando um pouco exagerado. Mas as referências também foram implícitas, e essas acabaram sendo mais interessantes. A principal delas ficou por conta das alucinações de Rey na cantina de Maz Kanata, ao encontrar o sabre de luz de Luke Skywalker. Apesar de ser algo muito traumático, com visões do passado (uma menininha abandonada num planeta desértico) e do futuro (uma batalha contra Kylo Ren num cenário de neve - o que ainda acontecerá neste episódio - e outra batalha num cenário chuvoso), não dá para não fazer uma pequena recordação de Dagobah, em “O Império Contra Ataca”, Episódio V, quando Luke se encontra com a visão de Vader. Assim como Luke em Dagobah, Rey também encarou os seus medos, e, lembrando a citação de Yoda, a única coisa que há lá é o que você leva. Outra referência implícita está na destruição da Starkiller, a nova Estrela da Morte. Se Luke teve que acertar um buraco de dois metros com mísseis, Dameron passou seu X-wing de asas fechadas numa pequena fenda feita deliberadamente pelos explosivos de Solo e Chewie para adentrar a arma e destruí-la. Mas como isso se dá numa cena de ação intensa, que ocorre de forma muito rápida, fica difícil associar as duas situações. Por isso, é interessante ver o filme mais de uma vez para encontrar tais referências.
Uma alusão muito interessante a outros filmes não se remete a outros episódios de “Guerra nas Estrelas”, e sim ao filme de Leni Riefenstahl, “O Triunfo da Vontade”, um exemplo marcante da propaganda nazista. Nesse filme, há uma sequência onde Adolf Hitler se vê diante milhares de soldados perfilados e ordenados em blocos retangulares rigidamente formados. Pois bem, no planeta onde está fincada a arma Starkiller, vemos um cenário que podemos dizer no mínimo igual ao do “Triunfo da Vontade”. Há até o General Hux fazendo as vezes de Hitler, discursando de forma efusiva contra a República Democrática acusando-a de divulgar mentiras, bem ao estilo do que fazia o Ministro da Propaganda Nazista, Joseph Goebbels. Os stormtroopers perfilados até fazem uma “saudação nazista”, levantando o braço esquerdo com o punho fechado, ao invés do braço direito com a mão aberta. Outra referência ao nazismo e ao “Triunfo da Vontade” já tinha aparecido ao fim de “Ataque dos Clones”, Episódio II, no momento em que os soldados embarcavam nos destroieres estelares, sendo um pouco mais implícita. Mas, desta vez, no Episódio VII, a alusão foi bem mais explícita. A própria indumentária dos oficiais da Primeira Ordem é agora bem mais “nazista” do que nas outras trilogias.
Ainda na trilha do nazismo, o clima do planeta da Starkiller também chama a atenção. Se o ambiente glacial do planeta lembra muito o mundo gelado de Hoth em “O Império Contra Ataca”, também lembra um documentário chamado “Arquitetura da Destruição”, que falava do gosto por arte dos nazistas e, sobretudo, de Hitler. O ditador queria ser artista, mas foi reprovado duas vezes num exame de admissão para a Academia de Artes de Viena. Quando se tornou líder máximo da Alemanha, Hitler surrupiou muitas obras de arte de vários países. O chanceler, inclusive, tinha uma casa de inverno nos Alpes com uma enorme janela que dava para uma linda cadeia montanhosa. Imagem semelhante é vista no “Episódio VII”, onde a estação militar que controla a grande arma tem uma grande janela panorâmica que dá para a paisagem glacial.

No próximo artigo, falaremos de como J. J. Abrams é um iconoclasta incorrigível e quais foram as características do Universo Expandido presentes no filme. Até lá!

Poe Dameron. Fusão de personagens da trilogia clássica...

General Hux. Alusão ao Grão Moff Tarkin

Rey. A cara de Padmé...

Soldados perfilados na Estrela da Morte lembram...

... os soldados nazistas...





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