terça-feira, 12 de abril de 2016

Resenha de Filme - Guerra nas Estrelas, Episódio VII (Primeira Parte)

Em dezembro, saiu o tão aguardado “Guerra Nas Estrelas, EpisódioVII, O Despertar da Força”. Quando foi noticiado que George Lucas havia vendido os direitos de “Guerra nas Estrelas” para a Disney por 4,05 bilhões de dólares e, ainda por cima, a direção ficaria a cargo de J. J. Abrams, alguns fãs simplesmente surtaram e previram uma tragédia sem precedentes. Também pudera. Abrams ficou marcado por um final um tanto tresloucado da série de TV “Lost” e foi acusado de desvirtuar totalmente “Jornada nas Estrelas”, algo em que eu concordo plenamente. Desde então, um medo pairava no ar: será que Abrams desvirtuaria também “Guerra nas Estrelas”? Muitos temiam por isso e tomavam como base a trilogia formada pelos Episódios I, II e III, criticada severamente por alguns fãs. Assim, a estreia do Episódio VII foi marcada por muita expectativa e (por que não?) até uma certa angústia.
Chega, então, o dia 17 de dezembro! O filme é exibido em pré-estreia. Não pude estar lá, mas os fãs de longa data falavam bem do filme. Outros tinham algumas críticas. Temeroso pelos “spoilers” que pudessem esvoaçar pela internet, percebi que deveria ver logo o filme. E, então, na sexta-feira, dia 18, depois de um dia cheio de trabalho, parti para o Odeon, pegar uma sessão às nove horas da noite. E quais foram as impressões sobre o filme? Parece que J. J. Abrams muito levou em consideração a apreensão dos fãs e, se não fez um excelente filme, ainda assim fez uma boa película digna para a saga. Parece que ele sentiu que, se pisasse na bola, sua vida estaria a perigo, pois os fãs não perdoariam tal sacrilégio! Já até o estavam chamando de Jar Jar Abrams, coitado... Mas o homem fez um bom trabalho. E por que o trabalho foi bom? Aí, para podermos fazer uma análise mais aprofundada do filme, os “spoilers” são inevitáveis. Portanto, esse artigo foi publicado depois de um certo tempo da estreia do filme para que todos possam lê-lo sem preocupações e tensões. Mas, se você ainda não viu o filme, saiba que as linhas abaixo estão coalhadas de “spoilers”.
Vamos lá! Em que consiste a trama do filme? Luke Skywalker, o último Jedi, está desaparecido. A descoberta de seu paradeiro é disputada por dois grupos: a Resistência, vinculada à República, que assumiu o governo da galáxia após a queda do Império, e a Primeira Ordem, formada de resquícios do que sobrou do Império. A agora General Leia Organa, uma das líderes da Resistência, enviou um piloto de X-Wing, Poe Dameron (interpretado por Oscar Isaac) ao planeta Jakku (ô nomezinho complicado para nós que falamos português!) para pegar um mapa que pode ter a localização de Skywalker e que está em poder de Lor San Tekka (interpretado pelo lendário Max Von Sydow). Mas as forças da Primeira Ordem lideradas por Kylo Ren (interpretado por Adam Driver) descobrem onde está o mapa e capturam Dameron, que antes disso esconde o mapa no seu simpático robozinho BB-8. Ele se aventura pelo deserto, é capturado por um catador de ferro-velho, mas é salvo por outra catadora de ferro-velho, Rey (interpretada por Daisy Ridley), que passa a tomar conta da maquinazinha. Parece que em Jakku, houve uma batalha espacial violenta entre as forças do Império e a Aliança Rebelde, já que vemos em todos os lugares carcaças de destroiers estelares, X-wings, andadores AT-AT, etc. E a doce Rey vive de catar peças nessas carcaças, sendo muito mal pagas. No destroier estelar onde está Dameron, Ren lhe arranca, sob tortura,  a informação de que o mapa está em BB-8. Mas há um stormtrooper atormentado com os procedimentos da Primeira Ordem, FN-2187 (interpretado por John Boyega), que decide fugir do destroier e ainda levar Dameron com ele. Assim, eles sequestram um caça TIE e, depois de abatidos, caem no planeta. A partir daí, a história continua a se desenrolar, com uma suposta morte de Dameron, um encontro entre Rey e FN-2187 (rebatizado por Dameron como Finn) e essa nova dupla se esbarrando por aí com personagens da trilogia clássica, infelizmente muito maltratados pelo tempo. Todos, vilões e mocinhos, atrás de Luke Skywalker. Esse é o objetivo do Episódio VII.
O que podemos dizer do filme em linhas gerais, antes de começar uma análise mais profunda? Em primeiro lugar, esse filme foi cercado de grandes expectativas, e assim tudo o que se fala dele acaba sendo também amplificado. Se filtrarmos toda essa ansiedade e buscar uma visão um pouco mais fria do contexto, pode-se dizer que, “O Despertar da Força” foi, no geral, um bom filme, com grandes qualidades, mas também com alguns problemas. O filme teve duas qualidades básicas: 1) não se furtou a fazer alusões a elementos presentes na saga e; 2) aproveitou elementos do chamado Universo Expandido (não vou ficar aqui me aprofundando naquela discussão sobre o que é canônico e o que é Universo Expandido; vou considerar como Universo Expandido aqui o que foi produzido fora dos seis filmes). Quanto à primeira qualidade, bom, aconteceu um pequeno problema. Os fãs mais aficionados e antigos conseguem identificar melhor o novo filme com todo o contexto da saga, quando esse novo filme tem referências aos filmes anteriores. O problema é quando você exagera nisso. E, infelizmente, foi o que J.J. Abrams acabou fazendo. Foi muito legal fazer alusões ao Episódio IV, o grande pai fundador. Mas, chegou uma hora em que isso ficou cansativo, principalmente quando apareceu aquela enorme Estrela da Morte, uma referência bem explícita, com a arma “Starkiller”, que foi o primeiro nome de Luke Skywalker no roteiro ainda geminal de Lucas. Para não ficar muito igualzinho, buscou-se introduzir alguns elementos novos como, por exemplo, o tamanho dela (o que não significa lá muita coisa, já que ela está agora embutida em um planeta) e o fato dela sugar plasma da estrela próxima para justificar o poder de destruição (essa sim, uma ideia legal, que lembra muito um objeto estudado em astrofísica chamado estrela variável cataclísmica, onde, num sistema binário, uma estrela densa, tipo anã branca, com sua grande força gravitacional, suga o plasma de outra estrela, canibalizando-a). Mas, novamente, uma Estrela da Morte tinha que ser destruída, com um ataque de caças X-wings, onde eles tinham que passar por uma vala e havia um piloto de X-wing muito parecido com o Porky´s do Episódio IV. Todas essas alusões ficam mais parecendo uma forçada de barra do que uma homenagem. E Jakku? Desértico como Tatooine. A cantina de Maz Kanata é uma reedição da cantina de Mos Eisley, com direito a bandinhas de música e todos aqueles bichinhos (tinha até uma mesa com os mosquitos da dengue). Ah, sim, a velha frase “Estou com um mau pressentimento quanto à isso”, a mais falada de toda a saga, voltou com força total, dita desta vez por Han Solo. Há, ainda, uma sala de operações estratégicas militares muito parecida com a do Episódio IV na Batalha de Yavin, assim como a presença do Almirante Ackbar, que esteve também no “Episódio VI”.  Outra comparação é a leve semelhança entre o veículo de transporte imperial da trilogia clássica e o veículo de transporte de Kylo Ren. Os monstros rathtar que Han Solo transporta em seu cargueiro são esteticamente muito parecidos com os sarlaccs de Tetooine, com a vantagem de que eles se deslocam rapidamente. Outras alusões à trilogia clássica: vemos o “joguinho de xadrez” da Millenium Falcon e as costumeiras intromissões de C3PO entre Han e Leia.

No próximo artigo, falaremos um pouco mais dos novos personagens e de mais referências existentes no Episódio VII, agora sobre o nazismo.Mas antes, não deixe de recordar o trailer do filme depois das fotos. Até lá!

Cartaz do Filme

J. J. Abrams. Será que vai dar certo???

Estrela da Morte. De novo???

Um novo robozinho e uma nova heroína...

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