segunda-feira, 14 de março de 2016

Resenha de Filme - Varieté

Varieté. Uma Obra-Prima Do Cinema Alemão.
O Instituto Goethe do Rio de Janeiro, em parceria com o cine Odeon e o CCBB, fez uma mostra de filmes intitulada “Asas do Tempo: Imagens de Berlim”, onde vários filmes que têm a capital alemã como pano de fundo foram exibidos. Essa mostra ocorreu paralelamente à exposição “Zeitgeist”, no CCBB sobre arte alemã berlinense contemporânea. Para inaugurar a mostra cinematográfica, foi exibida uma versão restaurada do célebre filme alemão “Varieté”, de 1925, estrelada por Emil Jannings e Lya De Putti. Por se tratar de um filme mudo, a sonorização dele se deu em plena sala do Odeon e por um DJ berlinense, Jan Bauer, que gosta de fundir instrumentos clássicos com música eletrônica. Uma das habilidades de Bauer é justamente fazer improvisações sonoras para filmes mudos. E, apesar de haver algumas falhas em sua aparelhagem durante a execução do filme, pode-se de dizer que seu trabalho ficou muito bom, onde os sons eletrônicos retratavam bem o ambiente que o antigo filme mostrava na tela. Eu até digo que seu trabalho lembrou muito alguns trechos musicados por Giorgio Moroder para a sua versão de “Metrópolis” de 1984.
Mas, no que consiste a história de “Varieté”? Vemos aqui a vida de Boss Huller (interpretado por Jannings), o dono de um pequeno circo de variedades, que por uma dessas peças que a vida nos prega, é obrigado a acolher a pequena órfã Berta-Marie (interpretada por De Putti) . A menininha, aparentemente muito inocente, de bobinha não tinha nada e começa a flertar com Boss. Logo, ela arruma um posto de dançarina, onde a moça é muito cobiçada pelos homens, o que desperta a ira de Boss. O dono do pequeno circo havia sido acrobata mas abandonou a carreira depois de um acidente. Cheio daquela vida, ele decide abandonar seu pequeno negócio de entretenimento, sua esposa e parte com Berta-Marie para uma nova vida de acrobacias. Suas apresentações irão despertar o interesse de Artinelli, um acrobata que precisa de um novo parceiro, já que seu colega de apresentações faleceu. Ao conhecer Boss e Berta-Marie, Artinelli logo se apaixona pela moça e inicia um caso com ela.  Boss descobre, mata Artinelli a facadas e se entrega. Fica dez anos preso sem dizer uma palavra sequer em sua defesa. Com o pedido de clemência feito por sua esposa, é chamado a contar a sua história e recebe o perdão da justiça.
“Varieté” é um típico produto cultural da época da Repúbica de Weimar, nome dado à Alemanha do período entreguerras. Dirigido por Ewald André Dupont e escrito pelo mesmo Dupont a partir de um romance de Felix Hollander, não podemos classificar esse filme como especificamente expressionista, mas existem vários elementos expressionistas nele, como a interpretação antinatural dos atores, com o objetivo de externar ao máximo as emoções e os sentimentos, onde o olhar tem uma importância fundamental, assim como nuances de claro e escuro (a roupa dos acrobatas era bem branquinha, tendo um crânio humano negro em destaque, assim como o voo dos acrobatas claros, sob o teto negro do picadeiro).  No tocante à interpretação dos atores, Emil Jannings foi um dos mestres de sua época e podemos ver todo o seu talento nesse filme, ainda quando comparamos com suas atuações em outros filmes da mesma época. Lya de Putti estava lindíssima, com a proporção dois para um entre olhos e boca e o batom pintando os lábios em formato de coração, bem ao estilo da época. Não podemos nos esquecer de que este é um filme datado, com atuações um tanto específicas para seus dias, que hoje podem parecer engraçadas. Outro fator de estranhamento é a velocidade das imagens, já que as câmaras em 1925 filmavam a apenas 16 quadros por segundo, e a sensação de rapidez é muito grande, principalmente quando víamos a plateia aplaudindo os acrobatas. Ainda assim, “Varieté” é um grande filme, onde é mostrado que um crime passional podia muito bem ser passível de absolvição. Outras épocas, outras mentalidades. Mas não deixa de ser um clássico do cinema que aconselho muito você procurar nos dvds, blu rays ou internets da vida. E não deixe de ver um pequeno fragmento do filme após as fotos.

Cartaz do Filme

Boss e Berta-Marie. Amantes

Mas o amor pode se tornar doentio

Festas típicas dos anos loucos

Aventuras no trapézio

Voos sob uma lona negra

Triângulo amoroso

Muitas dúvidas...

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