terça-feira, 1 de março de 2016

Resenha de Filme - A Ovelha Negra

A Ovelha Negra. Protegendo As Bichinhas.
Um filme muito peculiar estreou em nossas telonas. “A Ovelha Negra” (“Hrútar”) vem lá da longínqua Islândia, uma terra bem diferente da nossa em muitas coisas, a começar pelo clima glacial, que até me dá uma pontinha de inveja, principalmente quando me lembro desse calor inclemente que faz por aqui. E a Islândia tem outra peculiaridade. A população de ovelhas é maior que a de humanos, sendo a criação desses bichinhos de grande importância econômica para o país. E o filme vai abordar justamente esse tema.
Vemos aqui a história de dois irmãos criadores de ovelhas, Gummi (interpretado por Sigurour Sigurjónsson) e Kiddi (interpretado por Theodór Júlíusson). Os dois vivem num estado de constante beligerância. E a situação só se faz piorar porque há um concurso anual na região em que moram para se premiar o melhor carneiro. Kiddi venceu o concurso com um carneiro negro, deixando seu irmão em segundo lugar por uma estreita diferença. Gummi, inconformado, foi na calada da noite examinar o carneiro de Kiddi e suspeitou que ele estivesse com scrapie, uma doença contagiosa que atacaria todos os animais da região. Quando os veterinários da cidade examinam as ovelhas e detectam o scrapie, todos os criadores são obrigados a sacrificar seus rebanhos, o que provoca não só um violento trauma econômico, mas também psicológico, pois, como vimos, a criação de ovelhas está muito arraigada à cultura local. E isso só vai piorar ainda mais a relação entre os dois irmãos. Gummi, entretanto, não aceita a situação e vai resistir ao sacrifício em massa, o que vai trazer outras consequências ao desenrolar da história.
Esse filme pode ser classificado mais como um drama com leves pitadas de comédia. Geralmente, películas lá daquelas bandas setentrionais geralmente apresentam atores com atuações um tanto robotizadas para nossos olhos latinos e tropicais. Mas o que impressionou é que aqui isso não aconteceu. Muito pelo contrário. Os atores que interpretaram os dois irmãos tiveram boas atuações, altamente emotivas. Kiddi transbordava frustração e tristeza, seja em seus momentos de agressividade, seja em seus momentos de bebedeira. E Gummi, o protagonista, emocionava ao se abraçar e chorar com as bichinhas que precisavam ser sacrificadas. Ele também foi responsável por alguns lances cômicos do filme, ao fazer divertidas caras e bocas durante as situações mais inusitadas. Definitivamente, a película foi mais centrada nesses dois personagens e nas ovelhas, é claro. Só é de se destacar a resistência dos dois irmãos ao frio. Eles passavam por situações literalmente congelantes, onde qualquer um viraria picolé (já imaginaram o que é um inverno na Islândia?) e sempre sobreviviam. Definitivamente, é um lugar onde comprar geladeira é um baita desperdício de dinheiro.
Além de uma boa história para se contar, o filme apresenta outra virtude: tem uma belíssima fotografia, que registra as paisagens descampadas da Islândia, onde vemos um infinito gramado que cobre montanhas e planícies, onde as casinhas e celeiros dos dois irmãos brotavam, branquinhas. Foi realmente uma coisa bonita de se ver.
Eu creio que, por ser uma película relativamente curta (cerca de 93 minutos), o diretor e escritor do roteiro Grimur Hakórnarson optou por um desfecho meio que em aberto, o que sempre nos dá aquela sensação do “ué, já acabou?”. Mas vou repetir o que eu já disse em outras resenhas de filmes que tinham final semelhante, de que isso não é de todo ruim. Pelo contrário, pode ser algo até interessante, pois dá margem ao espectador para fazer especulações sobre o que aconteceu depois do final. E cada um sai da sala com sua leitura própria de interpretação do filme. Tal desfecho, em algumas situações, propicia uma interação maior do público com a película. É uma espécie de convite que o filme faz ao público para entrar em sua própria diegese, ou seja, a realidade referente à da narrativa ficcional.

Assim, “Ovelha Negra” é um interessante filme, pois nos coloca frente à frente com uma realidade muito distante de nós (a da Islândia), tem uma interpretação de atores que chama a atenção, uma excelente fotografia e a possibilidade que dá ao espectador para alçar voos maiores de sua imaginação. E não deixe de ver o trailer após as fotos.

Cartaz do Filme

Gummi, um apaixonado por seus carneirinhos e ovelhas

Kiddi, em luta constante com Gummi

Um concurso aumenta a rivalidade entre os irmãos...

Desespero ao ter que sacrificar as bichinhas

Isso só vai piorar a relação entre os irmãos

O que fazer???



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