sexta-feira, 18 de março de 2016

Resenha de Filme - Convergente.

Convergente. Reificando O Discurso Da Eugenia.
E a saga “Divergente” continua. Chegamos, agora, ao terceiro filme, “Convergente”. E a divisão do mundo em facções controlada por um grupo central se mostrou apenas a ponta do “iceberg”. Nesse terceiro filme, o discurso mais descambou para uma visão eugênica do que qualquer coisa.
Nossa heroína Tris (interpretada por Shailene Woodley) e seu namoradinho Four (interpretado por Theo James), depois da morte de Jeanine (interpretada por Kate Winslet) e da subida ao poder da mãe de Four, Evelyn (interpretada por Naomi Watts) ficam horrorizados por presenciar uma série de execuções promovidas por Evelyn e pela sua proibição de sair dos limites de Chicago, aventurando-se pelo mundo exterior. O casal pós-adolescente protagonista organiza um plano de fuga com seus companheiros para desbravar o que tem depois do muro. Depois de muito sacrifício, eles conseguem romper a barreira e descobrem um mundo totalmente estéril com resquícios de tempos onde a radioatividade era intensa. Ainda perseguidos pelos capangas de Evelyn, são salvos por um grupo que logo se mostrará muito avançado tecnologicamente, chegando, inclusive, a levantar um muro holográfico intransponível. Tris descobrirá que esse grupo é liderado por David (interpretado por Jeff Daniels), que diz a Tris que as cinco facções são uma experiência não para encontrar divergentes, mas para separar os geneticamente puros dos degenerados, e que Tris é a única pura. David pretende seguir com os experimentos para salvar toda a raça humana e aprimorá-la geneticamente. Mas o que parecia um monte de boas intenções logo se revelará mais um grupo de pessoas que segrega outras, com o agravante de que agora esse novo grupo é muito mais forte por possuir um grande aparato tecnológico. Tris e Four então percebem que o negócio é voltar para Chicago e defender o que restou de sua cidade e suas facções dessa ameaça, que é a maior de todas que apareceu até agora nessa curiosa saga.
Devo confessar que, na minha modesta opinião, esse foi um dos filmes mais fracos da série, pois o enredo simplificou demais as coisas. Enquanto a história se concentrava mais nas facções e suas diferenças, a trama era bem mais interessante, pois havia uma diversidade maior de situações provocadas pelas interações entre as facções. Nesse último filme (que de último parece não ter nada), o discurso ficou muito mais plano. A cidade de Chicago e as facções viraram um enorme balão de ensaio de um grupo de cientistas pós-apocalípticos que busca o genoma perfeito, ou seja, o Santo Graal da Eugenia. Tris é colocada como esse paradigma e cai na conversa de David, para desespero de Four. Mas, se ela é tão perfeita assim, seria feita de trouxa tão fácil? Sei não, creio que ficou um furo nisso aí. Reduzir a história do filme para uma mera questão de eugenia me pareceu empobrecer a trama.
No mais, muitos efeitos especiais num abuso de CGIs, deixando a coisa demasiadamente artificial, o que também foi uma pena, mas já sabíamos que o filme não ia escapar muito disso mesmo. Talvez o CGI tenha sido menos artificial que a interpretação de alguns atores jovens do elenco. Pelo menos tivemos o Jeff Daniels, a Naomi Watts e a fofíssima Octavia Spencer para dar um pouco de apoio às “crianças”.

Dessa forma, “Convergente” acabou não sendo muito lá essas coisas, sendo até agora o pior dos filmes da série. Se as visões de mundo dos personagens se expandiram, ultrapassando os limites de Chicago, o enredo se empobreceu, com a rica história das facções sendo substituído por um discurso eugênico simplório. Vamos ver se vem mais alguma coisa por aí... E não deixe de ver o trailer após as fotos.

Cartazes do Filme.

Tris e Cia., agora saindo de Chicago e vendo como é o mundo exterior.

Tris, a "perfeita"...

Jeff Daniels, o David, ainda com o cartaz do filme antigo...

Four, o namoradinho herói...

Disquinhos irados...





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