quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Resenha de Filme - Reza a Lenda

Reza A Lenda. Mad Max Cabra Da Peste!!!
Um curioso filme brasileiro em nossos cinemas. “Reza a Lenda”, dirigido por Homero Olivetto e escrito por Homero Olivetto, Patricia Andrade e Newton Cannito, se propõe a ser um filme de ação inspirado em “Mad Max”, só que, tendo como pano de fundo as mazelas da seca do Nordeste. É uma história muito louca de ação que se imbrica com elementos da cultura nordestina. E, por incrível que pareça, deu certo!
Vemos aqui a trajetória de Ara (interpretado por Cauã Reymond), que lidera uma gangue de motociclistas que tem como objetivo fazer chover no sertão nordestino e trazer água, muito escassa na região. Para isso, a gangue vai até um grupo liderado por um bruxo, o Galego Lorde (interpretado por Júlio Andrade, que interpretou Paulo Coelho no cinema em “Não Pare na Pista”), que disse que a gangue devia recuperar uma santa de um cruel fazendeiro, Tenório (interpretado por Humberto Martins). Ao roubar a santa, a gangue foge em alta velocidade pela estrada e provoca um acidente onde um carro com duas garotas foi envolvido. Uma das garotas sobrevive ao acidente e será oferecida como oferenda ao tal Galego Lorde, que parece mais um maconheiro muito do doidão do que um bruxo. E, enquanto isso, Tenório e seus capangas caçam os ladrões da santa. Ah, eu me esqueci de dizer. Tanto a gangue quanto os capangas de Tenório e o grupo do bruxo estão armados até os dentes. E muita porrada e tiro vai acontecer ao longo dessa película, em meio a velozes perseguições pela estrada.
Quais são as semelhanças desse filme com “Mad Max”? Em primeiro lugar, as loucas perseguições pela estrada em meio a ambientes desérticos. Nisso, os dois filmes são praticamente iguais. Ainda, se em “Mad Max” toda a perseguição e guerra ocorria em virtude da escassez de combustível e água, em “Reza a Lenda” há também uma guerra pela água, com um elemento da cultura nordestina local incorporado, que era a santinha cuja fé nela poderia trazer a água da chuva. Dessa forma, a guerra da água se traduzia na posse da santa. Outro elemento de “Mad Max” no filme era a violência explícita, onde as velozes perseguições eram incrementadas com tiroteios vigorosos e atropelamentos sanguinários e espetaculares.
Os atores estiveram muito bem. Cauã Reymond, o Ara, mostrou ser um bom protagonista, exibindo crueldade e conflitos internos nos momentos certos. Sophie Charlotte, a Severina, namorada de Ara, provou que pode fazer papéis de mulheres muito duras, além de ser uma cara bonitinha nas novelas da tv. A boa surpresa ficou por conta de Luisa Arraes no papel de Laura, a mocinha da cidade sequestrada pela gangue depois do acidente. Sua interpretação foi espontânea e não artificial. Até Humberto Martins, geralmente muito canastrão, foi bem como o fazendeiro vilão, um papel que é relativamente fácil de se fazer.
O filme ainda abre margem para uma pequena reflexão sobre a fé religiosa. Até que ponto acreditar na santa traz a chuva? Por que existe tanto sofrimento na face da Terra? É por algum motivo? O ato de fé é tão poderoso que não precisa da simbologia de uma imagem?

Assim, “Reza a Lenda” realmente traz o novo, dentro de antigas falas. É um filme instigante que, se se inspirou num filme estrangeiro, não se furtou de contar sua história numa roupagem diferente do que se vê por aí no cinema brasileiro, e ainda fez uma breve mas interessante reflexão sobre a fé religiosa. Vale a pena ir ao cinema para dar uma conferida. E não deixe de ver o trailer após as fotos. 

Cartaz do Filme

Um casal de uma gangue de motociclistas...

Uma menina da cidade

Um bruxo doidão

Um capanga psicopata

Um fazendeiro malvado

Coletiva...






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