domingo, 7 de fevereiro de 2016

Resenha de Filme - Os Tubarões de Copacabana.

Os Tubarões De Copacabana. Uhuuuu De Meia Idade.
Um filme brasileiro reestreou no Odeon há alguns dias atrás.  A película “Os Tubarões de Copacabana” é um tanto inusitada, pois ela é cheia de “gatões de meia idade”, velhos surfistas aposentados. Eles estavam separados pelo tempo e pelo espaço, mas uma situação “sui generis” acabou reunindo o grupo. Um dos jovens senhores foi atropelado pelo carro que conduzia o presidente da república depois que seu motorista sofreu um derrame fulminante. O ex-surfista não resistiu e morreu. Tal morte tão espetacular serviu de pretexto para que todos comparecessem ao velório sem ser avisados depois de ficarem sem se ver muitos anos. Mas, cá para nós, poderia haver uma desculpa melhor e menos pirotécnica, não? Bom, o cara que tinha morrido havia se casado com uma garotinha de nome Zulma, agora uma respeitável senhora (interpretada por Alcione Mazzeo), que havia namorado antes outro surfista do grupo, Nando (interpretado por Raul Gazolla). Assim, Zulma e Nando se reencontram depois de muitos anos. A filha de Zulma era Nicole (interpretada pela estonteante mas um tanto inexperiente Rayanne Morais) e ela se reencontraria com Nando depois do velório no dia em que ela e o noivo procuravam uma casa para comprar (Nando é corretor de imóveis). Logo, logo, a mocinha vai dar em cima do cinquentão e a conclusão disso é óbvia. Só que não podemos nos esquecer que Nicole é filha de Zulma, que namorou Nando. E aí...
Apesar da torrente de clichês, o filme não é tão óbvio assim. E foi isso que salvou um pouco essa película que, infelizmente, não foi lá essas coisas. A começar pelo título “Tubarões de Copacabana”, que propunha falar de um grupo de velhos amigos que se encontram depois de muitos anos. Ao início do filme, as coisas pareciam tomar essa direção. Os caras se reuniram na beira da praia, tomaram uma cervejinha, pegaram umas ondas. E... acabou!!! Todos os tubarões sumiram de uma vez, com exceção de Nando e Zulma. E a história ficou girando em torno do romance de Nando com Nicole e a não aceitação de Zulma quanto a isso. Os demais tubarões devem ter sido pescados ou apareciam muito esporadicamente, como Barbante (interpretado por Ricardo Macchi). Isso definitivamente é um problema de roteiro. Tantos personagens não podiam simplesmente desaparecer da película. Eles deviam interagir um pouco mais com o núcleo principal Nando-Nicole-Zulma e até dar um pouco mais de graça à trama. Do jeito que ficou, foi simplório demais e a grande quantidade de personagens foi desperdiçada ou fazia uma subtrama paralela que influenciava apenas indiretamente a história principal. Ou seja, o filme poderia ter bem mais possibilidades dramáticas. A única explicação plausível para que isso não tenha ocorrido pode estar num orçamento que tenha sido apertado. Mas, mesmo assim, se o roteiro fosse escrito de outro jeito, talvez esse problema pudesse ter sido sanado.
Dentre as atuações dos atores, Gazolla esteve bem. Ele, inclusive, melhorou muito como ator em relação ao que era há anos atrás. Ricardo Macchi é que não estava lá essas coisas. Parecia o mesmo robô de sempre. Já Rayanne Morais era deslumbrante mas artificial e excessivamente afetada nas cenas dramáticas. Quem salvou o barco no campo da atuação foi Alcione Mazzeo, mais rodada e experiente que todos os tubarões juntos duas vezes. Outro ator que atuou muito bem foi Guil Silveira, que interpreta um moribundo pai de Nando, tomado pelo câncer.

Assim, o filme “Os Tubarões de Copacabana” não foi lá grande coisa. O roteiro escrito por Rosário Boyer, que também assina a direção, não ficou muito legal. O que realmente salvou essa película foi um desfecho não óbvio e as atuações de Alcione Mazzeo, Guil Silveira e Raul Gazolla, estritamente nessa ordem. É uma pena, pois me pareceu mais uma boa ideia que foi desperdiçada. Melhor sorte da próxima vez. Esse humilde articulista é um entusiasta do cinema brasileiro, mas tem que ser honesto quanto às suas impressões. E não deixe de ver o trailer após as fotos.

Cartaz do filme.

Um grupo de cinquentões.

Um velório reúne o grupo

Um pai moribundo

Uma moça estonteante vai fisgar o gatão de meia idade

Cenas tórridas, mas comportadas

Promovendo o filme


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