terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Resenha de Filme - Lobo do Deserto

O Lobo Do Deserto. Imperialismo Destruindo Culturas Locais.
Uma interessante co-produção que envolve a Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Catar e Reino Unido, que concorre ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. “O Lobo do Deserto”, dirigido por Naji Abu Nowar, é um daqueles filmes históricos que mostram a nós os efeitos nocivos do colonialismo no meio privado. E essa película a faz de forma muito impactante e instigante, dando um peso em nossa consciência ao fim da sessão.
Vemos aqui a história de Theeb (interpretado por Jacir Eid Al-Hwietat), um menininho que vive com seu irmão mais velho, Hussein (interpretado por Hussein Salameh) numa tribo beduína no Império Otomano. Estamos na época da Primeira Guerra Mundial e, um belo dia, chega à tribo um militar inglês e seu guia. Hussein, que sabe onde estão os poços ao longo do deserto, irá guiar os dois forasteiros. Mas Theeb não quer ficar afastado do irmão e segue o grupo. A viagem é muito perigosa, pois os turcos otomanos veem os ingleses como inimigos, assim como outras tribos beduínas. E Theeb de repente se verá no meio de um enorme conflito.
Já dá para perceber qual é o tema principal do filme: a intervenção estrangeira nos povos de cultura árabe no Oriente Médio. A presença inglesa, por exemplo, traz as ferrovias, o que facilita a peregrinação dos muçulmanos a Meca, mas, por outro lado, acaba com uma profissão que os beduínos praticavam, que era guiar os peregrinos pelo deserto. Assim, como é citado no próprio filme, irmãos lutam contra irmãos, já que algumas tribos beduínas ficam ao lado dos ingleses e outras tribos beduínas ficam ao lado dos turcos quando, ao fim das contas, todas as tribos são muçulmanas. Percebemos claramente que o Imperialismo criado pelos europeus acaba atuando de forma desastrosa em regiões consideradas subdesenvolvidas, onde a tecnologia chega, não também sem levar a guerra, a discórdia e a exploração econômica.
As locações do filme eram uma atração à parte, onde o deserto se mostrou em todo o seu esplendor. Confesso que me recordei um pouco de “Lawrence da Arábia” ao ver essa película. Outro elemento que desponta curiosidade no filme é o uso dos camelos, algo que a gente não vê todo o dia. Algumas sequências também eram impregnadas de moscas, o que provocava enorme aflição, pois os insetos pousavam calmamente nas bocas, narizes e orelhas dos atores. E não pareciam ser moscas cenográficas. Tudo isso contribuía para aumentar o ambiente de decadência na guerra entre irmãos que o processo Imperialista provocava.
Agora, um fato que chama demais a atenção é a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas indicar para melhor filme estrangeiro um filme que critica o processo imperialista usando, ainda por cima, elementos da cultura árabe e muçulmana, tão criticada pelo Ocidente (por exemplo, outro filme indicado para o Oscar de Filme Estrangeiro, “As Cinco Graças”, critica o machismo na cultura árabe e muçulmana).

Dessa forma, “O Lobo do Deserto” é mais um filme que concorre ao Oscar em nossas telonas e seria muito legal ver essa película ganhar o prêmio, já que ela faz uma crítica ao Imperialismo do Ocidente no que se refere a provocar guerras em culturas locais em virtude de interesses econômicos de potências europeias. E não deixe de ver o trailer após as fotos.

Cartaz do Filme

Theeb e Hussein. Unha e Carne

Querendo viajar com o irmão

Guiando um inglês

Uma viagem que pode ter muitos perigos.

Fotografia esplendorosa...


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