domingo, 14 de fevereiro de 2016

Resenha de Filme - A Garota Dinamarquesa

A Garota Dinamarquesa. Um Primor De Delicadeza.
Mais outro filme que briga pelo Oscar. “A Garota Dinamarquesa” concorre a quatro estatuetas: melhor ator, melhor atriz coadjuvante, melhor figurino e produção. Independentemente da disputa pelos prêmios, esse é um filme de relevante importância, pois, apesar de se passar no ano de 1926, trata de um tema para lá de atual: o preconceito contra o homossexualismo.
Vemos aqui a história de Einar Wegener (interpretado por Eddie Redmayne), um conceituado pintor dinamarquês, e sua esposa Gerda (interpretada por Alicia Wikander), também artista plástica, mas que ainda busca afirmação em sua carreira. Eimar desde cedo mostra uma certa atração por roupas femininas, mas isso não é visto com estranheza por Gerda.  A moça, inclusive, coloca roupas femininas no marido para que ele sirva de modelo para seus quadros, algo ao qual Eimar não se opõe. Pelo contrário, até um nome fantasioso é dado para o personagem criado: Lili. Os dois chegam a levar Lili para um evento social, onde o pintor travestido de mulher recebe um flerte de Henrik (interpretado pelo “Q” Ben Wishaw), o que choca Gerda. Com o tempo, Einar progressivamente desaparece e Lili se torna cada vez mais frequente na vida do casal. Até que é tomada a decisão drástica de uma operação de mudança de sexo, algo pioneiro para a época.
Dá para perceber que essa película, inspirada numa história real, trata de um tema bem delicado, já que fala de uma época em que o preconceito e a homofobia eram muito fortes, quase tão violentos como os que vemos no nosso selvagem Brasil de hoje em dia. O filme exibe situações tacanhas, indo desde a inerente estreiteza de visão dos médicos da época, que chegavam a considerar a homossexualidade inclusive esquizofrenia, até os típicos casos de agressões na rua que conhecemos muito bem. Mas, por um outro lado, pudemos presenciar também situações tolerantes com o homossexualismo, principalmente por parte de Gerda e do amigo de Eimar, Hans (interpretado por Matthias Schoenhaerts).
E se pudéssemos resumir esse filme em apenas uma só palavra, qual seria ela? “A Garota Dinamarquesa” se traduz numa grande e singela delicadeza. Eddie Redmayne esteve simplesmente magnífico, num papel talvez ainda mais difícil do que ele interpretou em “A Teoria de Tudo” e lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator ano passado, que foi o do cientista Stephen Hawking. Só é uma pena que o efeito Leonardo DiCaprio este ano pareça diminuir as chances desse brilhante trabalho. A forma com a qual Redmayne tocava as vestimentas femininas com as pontas dos dedos, nutridos de uma enorme suavidade, serão inesquecíveis, e uma marca na carreira desse jovem, mas já muito bem conceituado ator. A atriz concorrente a estatueta de coadjuvante também não ficou atrás. Alicia Wikander, destacada por sua atuação em “O Amante da Rainha” e “O Agente da U.N.C.L.E.”, agora se consagrou. De uma pintora em busca de seu espaço, com atitudes levemente masculinizadas, até a frágil esposa que sofre pela opção sexual de seu marido, Wikander não perdeu o ritmo e segurou toda a carga dramática nas costas da personagem. A troca de olhares dela com Redmayne são memoráveis. Quando ficava magoada, seu olhar fixo de onde brotavam tenras lágrimas era de dar dó! Aquela mocinha sabia como cativar o público com seu olhar sofrido de vítima! Aliás, o olhar nesse filme tem algo de mágico, tem algo de altamente expressivo, sendo uma característica gritante aqui. O páreo está realmente duro para atriz coadjuvante: Kate Winslet, Jennifer Jason Leigh, Rachel McAdams e Rooney Mara, concorrendo com Wikander. Qualquer uma será um prêmio merecido. Mas torço pela Winslet, pois a amo com todas as minhas forças, e, também, pela Wikander.

Assim, “A Garota Dinamarquesa”, se não ganhar qualquer Oscar, ainda assim será uma película inesquecível por ser um digno e lindo filme de arte que trata um tema ainda muito polêmico com uma delicadeza altamente singela, o que faz tudo fluir com uma suavidade de nível celestial, suavidade essa coroada pelas atuações magníficas de grandes atores. Às vezes, tem um significado muito maior ter um DVD ou blu ray de um filme desses na estante do que uma estatueta dourada e careca. O filme é arte pura, já a estátua é apenas um prêmio que recorda a arte. Prêmio maior é o reconhecimento do público, que se deleitou com a arte que o filme produziu. Filosofias à parte, “A Garota Dinamarquesa” é um daqueles filmes para se ver, ter e guardar. E não deixe de ver o trailer após as fotos. 

Cartaz do Filme

Einar, um homem com muitas dúvidas sobre si mesmo

Descobrindo sua sexualudade

E eis que surge Lili!

Em flertes homossexuais

Alicia Wikander e sua esplêndida atuação. De dar dó...

A delicadeza da película é impressionante

Recebendo a ajuda de um amigo

A verdadeira Lili e a caracterização de Eddie Redmayne

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