domingo, 21 de fevereiro de 2016

Resenha de Filme - Anomalisa

Anomalisa. Animação Existencial.
Mais um filme que concorre ao Oscar nas telonas. “Anomalisa” disputa a estatueta de melhor animação e é uma película dedicada a adultos. Um filme que trata de relacionamentos humanos e de crises existenciais. Um filme que é um libelo contra a estreiteza de visão que às vezes nós manifestamos. Feito no sistema de stop motion, sem computação gráfica (os bonequinhos eram filmados quadro a quadro, como nos velhos tempos), esse filme vem da cabeça do controvertido Charlie Kaufman, que fez filmes polêmicos como “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”.
Vemos aqui a história de Michael Stone (interpretado por David Thewlis), um famoso palestrante motivacional especializado em profissionais que atendem o cliente. O cara é uma personalidade e amado por seus leitores, que sempre aumentam a sua produtividade em 90% depois que leem seus livros. Ou seja, Stone é um expert em ensinar como se deve relacionar com humanos. O problema é que, em sua vida pessoal, ele se comporta de uma forma totalmente inversa, ou seja, não consegue se relacionar direito com ninguém, o que provoca muita dor não só nele, como também nas pessoas que o cercam. Para Stone, todas as pessoas se parecem incrivelmente iguais, sejam homens e mulheres, com as mesmas feições de rosto e com a mesma voz masculina (interpretada por Tom Noonan): sua esposa, seu filho, uma antiga namorada, o recepcionista do hotel, a garçonete do bar do hotel e por aí vai. Até que, numa viagem que Stone faz para Cincinnati, ele conhece uma moça, Lisa Hesselmann (interpretada por Jennifer Jason Leigh) que é completamente diferente das outras pessoas, tendo, inclusive, uma voz feminina. Stone fica perdidamente apaixonado por Lisa, que tem uma autoestima muito baixa, e fica maravilhada com a forma em que o seu ídolo Michael Stone a admira e valoriza. Mas esse relacionamento ainda iria sofrer muitos percalços.
O filme tem uma enorme carga simbólica. A forma como Michael Stone vê as outras pessoas, simplesmente todas iguais na sua aparência, o que lhe dava uma enorme sensação de desespero, é, obviamente, produto da mente do protagonista que, na sua enorme dificuldade de se relacionar com os outros, não consegue enxergar mais as peculiaridades das pessoas e só tem uma visão plana de todos que estão à sua volta. Ao enxergar uma pessoa diferente das demais, justamente outra pessoa frágil e insegura, ele se identificou e se entusiasmou. Mas Stone era extremamente reprimido por seus problemas existenciais e, por mais que tentasse se libertar, ele não conseguia. E o pior, ele não conseguia identificar seu problema psicológico e não conseguia resolvê-lo. Suas crises se manifestavam curiosamente na queda de parte de seu rosto, como se ele fosse um boneco que revelava um vazio por dentro. E o pior de toda a situação é que a sua falta de capacidade de se expressar provocava ainda mais dor em todos os que o amavam à sua volta, seja o filho, a esposa, a ex-namorada, aqueles que o idolatravam como palestrante. É o tipo do filme que mostra que quando você tem uma dificuldade de relacionamento com muitas pessoas, o problema está dentro de você e não nos outros, o que sempre é difícil para a gente admitir.

Dessa forma, “Anomalisa”, apesar de ser uma animação, é um filme, acima de tudo, adulto, e de temática complexa como a natureza das relações humanas. É um daqueles filmes que acende a luzinha de alerta em nossa cabeça, chamando a atenção para como nos relacionamos com os outros e a nossa parcela de culpa nas falhas que acontecem nesses relacionamentos. Mais um filme que nos faz refletir. Mais uma indicação merecida ao Oscar. E não deixe de ver o trailer depois das fotos.

Cartaz do Filme

Michael Stone. Um homem em crise existencial.

Problemas de relacionamento com um antigo caso.

Até em aviões, Stone passa por difíceis situações.

O encontro com Lisa transformará a sua vida

A moça é doce e insegura...

Stone não consegue se livrar de suas crises

Fazer o filme deu um trabalho danado...





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