quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Resenha de Filme - Olmo e a Gaivota

Olmo E A Gaivota. Geleia Existencial.
Um filme um tanto multifacetado passou em nossas telonas. “Olmo E A Gaivota” é uma co-produção que envolve Brasil, Portugal, Suécia, Dinamarca e França. O filme é dirigido pela brasileira Petra Costa, juntamente com a dinamarquesa Lea Glob e com Tim Robbins como produtor executivo. Curiosamente, o filme é classificado como drama e documentário. A história se foca numa companhia teatral que vai encenar a peça “A Gaivota”, de Anton Tchekov, em Nova Iorque e Montreal, mas uma das atrizes, Olivia (interpretada por Olivia Orsini), fica grávida e tem perigo de perder o bebê, precisando ficar praticamente em repouso absoluto em casa. Seu marido Serge (interpretado por Serge Nicolai), também faz parte do elenco da peça e faz a tal viagem, deixando a esposa em casa por uma semana. Enquanto passa por esse período de repouso forçado, Olivia faz um balanço de sua vida profissional, pessoal e afetiva, passando por várias crises existenciais cheias de nuances, e esse é o motivo principal do filme.
É interessante perceber como o filme transita da ficção para o documentário impunemente, onde tem horas que não sabemos quem mais é o ator e quem é mais a personagem. Olivia Orsini está realmente grávida e encara uma gestação durante as filmagens, o que aumenta essa sensação de confusão. Para deixar o contexto mais nebuloso ainda, as diretoras falam com os atores durante as filmagens, lembrando muito o que Glauber Rocha volta e meia fazia em seus filmes. E aí ficamos meio com cara de embasbacados olhando o ator conversando com o diretor, como se o filme simplesmente fosse posto de lado. Fica aquela impressão de, quando você está numa festa, você quer puxar conversa com um grupo de pessoas e ninguém te dá a mínima. É algo que incomodou no filme, mas ajudou a aumentar sua injeção de “realidade”. Devemos nos lembrar que Petra Costa dirigiu “Elena”, um documentário que muito falava de sua própria família. Assim, parece que a diretora, ao se colocar como uma das personagens do filme, em cortes sobre o próprio filme, tateia essa vertente do documentário pessoal que usou na primeira película. Ficou algo destacado da trama principal? Pode ser... mas não deixou de ser um elemento um tanto que original, pois nos sacode na cadeira e nos intriga...
De qualquer forma, “Olmo E A Gaivota” é um interessante exercício existencial, que mergulha no íntimo de uma personagem, sem deixar de mostrar que estamos num mundo interligado. Olivia e Serge falam francês, mas tem colegas atores de muitos outros países, precisando ser versados em várias línguas, fruto de uma sociedade cuja velocidade da informação integra ainda mais as pessoas. Prova disso está na festa praticamente “internacional” que Olivia e Serge dão em casa, poucos dias antes do nascimento do bebê. Mas, por mais que as pessoas estejam integradas mundialmente, ainda há espaço para a solidão e o isolamento que um indivíduo pode sofrer, levando-o a crises existenciais, como foi o caso de Olivia.
Dessa forma, “Olmo E A Gaivota” é mais um interessante filme em cartaz, pois aborda a questão da crise existencial  e da globalização, adicionando a isso a curiosa intervenção das diretoras no meio da película, atingindo o espectador em cheio. Confiram o trailer depois das fotos.

Cartaz do filme

Olivia irá passar por uma crise existencial

Uma gravidez de risco

Apoiada pelo marido Serge

Rindo na adversidade

Momentos de muita reflexão

U
Uma mulher e seu ofício...

A diretora Petra Costa.




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