sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Resenha de Filme - O Fio de Ariane

O Fio De Ariane. Pura Fantasia.
Um belo filme francês nas telas. “O Fio de Ariane” é, em sua própria definição, uma fantasia. E uma daquelas fantasias bem inusitadas, com uma forte presença do onírico. Dirigido por Robert Guediguian, o filme é um convite ao lúdico, com direito até a uma tartaruga falante (!).
Vemos aqui a história de Ariane (interpretada por Ariane Ascaride), uma mulher que prepara a própria festa de aniversário e espera seus convidados. Mas, aos, poucos, o telefone toca, e sua secretária eletrônica grava mensagens de todos os seus convidados desmarcando suas presenças na festa. Sozinha, com o bolo e as velas acesas, Ariane larga tudo, pega o seu carrinho verde e sai por aí até chegar a um pequeno restaurante no subúrbio, onde vai conhecer as figuras mais inusitadas.
Esse é o tipo de filme onde temos uma divertida comédia regada a pitadas de drama. Um filme totalmente centrado nos personagens. Ariane, a protagonista, tem um comportamento considerado por muitos um tanto “sui generis”: ela é uma pessoa emotiva, frágil e tem uma compulsão fortíssima a ajudar aos outros, resolvendo seus problemas e angústias, algo que a torna uma pessoa cativante, fazendo com que todos que vivem em torno do restaurante praticamente a adotem. Mas esse seu comportamento também pode levar os outros personagens a enrascadas federais. E aí a comédia toma corpo e graça, sem perder a dramaticidade. Os personagens também têm suas peculiaridades: um dono de restaurante mal-humorado, um escritor que só gosta de falar em inglês, uma ex-caixa que se torna prostituta (com excelentes cenas de nu frontal na praia!), um ex-segurança do Museu de História Natural que pirou. E Ariane, com toda a sua sensibilidade, interagindo no meio desse povo, dando-lhes um puxão de orelha nos momentos de maior insensibilidade do grupo. O personagem mais sereno e racional do filme era a tartaruga do dono do restaurante que, inesperadamente, começa a falar com Ariane, dando-lhe os melhores conselhos de como lidar com as pessoas que a cercam. Esse foi um elemento curioso e divertido do filme.
E os atores? Esses estiveram muito bem, com destaque especial para Ariane Ascaride, que fez uma protagonista deliciosa em todos os sentidos e, ao mesmo tempo, muito delicada. Essa atriz sempre foi muito eficiente e trabalhou em “As Neves do Kilimanjaro”. Outro ator excepcional e que chegou a fazer três papéis nesse filme foi Jean Pierre Darroussin, um ator multifacetado que trabalhou em vários filmes como “O Porto”. Em “O Fio de Ariane”, sua melhor atuação foi como o motorista de táxi que conduz pela cidade uma confusa Ariane. Ele tinha sempre uma reclamação, repetia constantemente que a corrida “ia custar uma baba” e tinha a música certa em seu CD player para cada situação, indo do clássico ao blues, proporcionando um rápido e muito divertido momento do filme.

Assim, “O Fio de Ariane” é uma interessante comédia dramática, passando, até o momento em que eu escrevia essas linhas, lamentavelmente em apenas uma sala (O Joia, de Copacabana), onde o inusitado e o onírico são suas características principais. Vale a pena dar uma chegadinha à tímida, mas simpática sala de Copacabana. E não deixe de ver o trailer após as fotos.

Cartaz do filme

Ariane.Uma mulher sonhadora

Ariane e sua amiga tartaruga

Largando tudo para trabalhar de garçonete.

Um dono de restaurante mal humorado

Um escritor que só fala em inglês

Salvando uma peça de teatro

Estreia no Festival de Berlim



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