terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Resenha de Filme - Garota Sombria Caminha Pela Noite

Garota Sombria Caminha Pela Noite. Vampira Do Irã!
Um filme muito louco passou de forma bem obscura em pouquíssimas de nossas telas. “Garota Sombria Caminha Pela Noite” é uma produção americana escrita e dirigida por Ana Lily Amirpour, que conta com Elijah Wood (o Frodo do “Senhor dos Anéis”) como um dos produtores executivos, e curiosamente se passa no... Irã. Temos uma verdadeira mistureba nessa película que a tornou muito exótica. Senão, vejamos. A história fala de um carinha, Arash (interpretado por Arash Marandi), que tem um pai viciado em drogas e precisa pagar as dívidas dele para um traficante. Arash tem um carrinho muito do irado, antigo, de meados das décadas de 50, 60, novinho em folha, e o perde para o traficante em virtude das dívidas do pai. O problema é que o traficante conhece uma menininha adolescente (interpretada por Sheila Vand), com cara de bobinha e uma longa burka negra, que ele leva para casa, crente que vai ter uma noitada daquelas. Mas, com o tempo, o traficante acaba descobrindo que a doce mocinha é uma... vampira!!! E tudo isso no Irã, por favor não esqueçam! Já dá para perceber que o enredo é bem louco. Mas os exotismos não param por aí. Vemos uma série de referências no filme. Sentimos desde um climão de Tarantino, passando por uma insinuação adolescente meio “Malhação” até a referência óbvia a filmes de terror. Tudo isso sob um preto e branco muito bem usado, com ótimos realces de contraste claro/escuro. Na exibição que eu vi no Estação Botafogo 2, a luz do projetor estava um pouco fraca, o que ajudou a aumentar o ambiente soturno da coisa. A atriz que interpretou a vampirinha (Sheila Vand) muito impressionou, com a Burka negra aberta como a capa do Drácula sendo uma excelente ideia, o que amplificava, e muito, a aura maligna da personagem.
O filme também buscava desafiar certas convenções sociais do Estado Iraniano Teocrático. Se as mulheres apareciam de burka na rua, algumas delas usavam trajes um tanto sensuais. E, dentro do ambiente doméstico, elas apareciam sem a proteção para a cabeça e, em alguns casos, de forma bem insinuante, como quando Arash (que vai ter um “affair” com a vampirinha) trabalha numa casa de classe alta e terá que fazer uma obra no quarto da dona da casa, que está lá apenas de camisola. Em outra passagem, uma prostituta viciada (interpretada por Mozhan Marnò) faz uma dança sensual para o pai de Arash, que a pica com uma injeção cheia de droga. Aliás, o tema do vício e do tráfico de drogas é outro indício do desafio aberto às instituições iranianas, ao sugerir que tais práticas ilícitas existem no Estado persa, práticas essas lá punidas com a morte. É curioso perceber que, num filme tão fragmentado, cheio de referências diversas, haja lá dentro, de forma implícita, esse “desafio” às instituições iranianas. Talvez essa fragmentação tenha sido usada para disfarçar (ou, quem sabe, amplificar) essa postura desafiadora do filme.
A película também tem um problema, que é o ritmo excessivamente lento (e até sonolento) da história em alguns momentos. Mas a gente até aceita isso, diante da forma variada de referências que o filme apresenta.

Assim, “Garota Sombria Caminha Pela Noite” atrai principalmente por ser uma interessante curiosidade, onde podemos identificar vários elementos que já vimos em outros filmes, tudo isso banhado num bom preto e branco que possui um bom contraste de claro/escuro. Vale a pena dar uma conferida. E não se esqueça do trailer depois das fotos.

Cartaz do filme

Arash... climão Tarantino...

Uma doce menininha...

...é uma vampira!!!

Que fome, hein???

Sanguinária e assassina!!!

Burka como capa de Drácula

Seduzindo Arash...

Ambiente soturno com lindas mulheres.

Sangrenta, mas sem perder a ternura...




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