segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Resenha de Filme - As Sufragistas.

As Sufragistas. Perdas E Lutas.
Um bom filme reflexivo nas telonas. “As Sufragistas” tratam da luta das mulheres inglesas da década de 10 do século XX pelo direito de voto. Temos uma película altamente contundente que mostra, sem qualquer intenção de minimizar, todas as dificuldades que as mulheres passaram na sua batalha pelo direito de voto: a violência policial nas ruas, as seguidas prisões, o repúdio de uma população ainda muito conservadora na época. E, principalmente, tudo aquilo que já é conhecido num processo de lutas pelos direitos civis: é algo lento, demorado, com muitas perdas individuais. O filme se centra na personagem Maud Watts (interpretada por Carey Mulligan), que trabalha numa espécie de lavanderia com seu marido Sonny (interpretado pelo “Q” do James Bond atual, Ben Whishaw). A moça tinha uma vida de muito trabalho duro e pouco salário, em pleno começo do século XX. Uma das operárias da lavanderia, Violet (interpretada por Anne-Marie Duff) era uma sufragista que realizava ações políticas como destruir vidraças de lojas com tijolos (e vocês pensavam que eram somente os “black-blocks” que faziam isso?). Essa ação mais violenta só foi tomada depois das mulheres reivindicarem pacificamente o direito de voto e sequer serem ouvidas. Um belo dia, Violet é convocada para dar um depoimento a uma comissão que vai decidir se as mulheres terão direito a voto ou não, mas como ela apanhou violentamente do marido, Maud vai em seu lugar. Cabe dizer que Maud se engaja no movimento depois que vê o capataz da lavanderia tentar estuprar uma menina mais nova e a moça lembrar que havia sofrido os mesmos abusos do mesmo capataz na adolescência. No dia em que a decisão da comissão seria anunciada, as mulheres esperavam ansiosas por uma resposta, mas o direito de voto não foi dado, o que provocou uma manifestação e a consequente prisão de Maud. Foi o início de uma participação mais efetiva num movimento bem tortuoso, com direito a muitas agressões policiais, prisões e retaliações cada vez mais violentas do movimento sufragista, com respostas igualmente bárbaras da polícia.
O filme tem várias virtudes. Além da reflexão que ele faz sobre o direito de voto das mulheres e sobre os argumentos esdrúxulos que a sociedade da época dava para justificar o não direito de voto feminino, vemos uma boa reconstituição de época no figurino, locações e até nos carrinhos antigos funcionando perfeitamente. O elenco também não deixa a desejar. Além de Carey Mulligan e Ben Whishaw, temos a boa presença de Helena Bonham Carter fazendo o papel da média Edith, e uma rápida participação de Meryl Streep interpretando a líder das sufragistas, Emmeline Pankhurst. Também temos a boa presença do ator Brendan Gleeson, que já havia trabalhado com Whishaw em “No Coração do Mar”, que interpretou de forma magistral o Inspetor Arthur Steed, um policial dividido entre cumprir as leis e questionar silenciosamente tudo o que acontecia.

O filme, como quase todo aquele baseado numa história real, revelou ao final o que aconteceu após o exibido na película, e lá pudemos nos deparar com informações muito interessantes e até surpreendentes que, obviamente, não contarei aqui. Assim, “as Sufragistas” são um grande filme daqueles que nos fazem refletir e que nos emociona com a luta de um grupo aparentemente indefeso, mas que, unido, podia chegar a ser muito forte. Vá ao cinema e dê uma conferida. Ah, e não deixe de ver o trailer do filme depois das nossas “fotinhas”.
Cartaz do filme
Maud, no meio de um turbilhão...
Uma vida difícil na lavanderia
E ainda tinha que ser mãe em casa (dupla jornada)
Um depoimento vai mudar sua vida
Lutando por direitos...
Buscando toda e qualquer estratégia...
Conflitos com o marido
Repetida violência policial
A coerção também era psicológica...
Meryl Streep como a líder do movimento...
Belo trabalho de caracterização. A sufragista Emily Davison caracterizada por Natalie Press
Estreias... 

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