terça-feira, 3 de novembro de 2015

Resenha de Filme - Os Árabes Também Dançam

Os Árabes Também Dançam. Superando As Fronteiras Da Guerra.
Mais um bom filme passa timidamente por nossas telonas. “Os Árabes Também Dançam”, baseado no romance de Sayed Kashua e dirigido por Eran Riklis, é mais uma daquelas películas que abordam o conflito árabe-israelense. Mas desta vez, a coisa é enfocada do ponto de vista de pós-adolescentes, tornando-se um lindo ensaio sobre a tolerância, o afeto e a compreensão.
Vemos aqui a história do jovem Eyad (interpretado por Tawfeek Barhom), um menino muito inteligente de origem árabe e nacionalidade israelense que vivia com sua família em Israel. Apesar de ser israelense, Eyad, assim como todas as pessoas de origem árabe, era visto com muito preconceito. Mas o menino queria desenvolver seus estudos e acaba indo a Jerusalém para estudar, à despeito de todos os casos de preconceito que iria ter que enfrentar. Na Academia de Artes, Ciência e Filosofia (uma espécie de Universidade), Eyad vai conhecer a bela judia Naomi (interpretada por Daniel Kitsis) com quem começa um namoro. Uma das condições de Eyad para estudar nessa universidade é fazer um trabalho voluntário ajudando um rapaz israelense que tem uma doença degenerativa que destrói os músculos. Seu nome é Yonatan (interpretado por Michael Moshonov), cuja mãe se chama Edna (interpretada por Yäel Abecassis). Eyad logo desenvolve uma amizade com Yonatan e Edna, sendo uma presença muito importante para os dois. Entretanto, essa boa convivência entre judeus e árabes no seio de Israel passará por sérias turbulências, à medida que os conflitos se desenvolviam, desde a guerra do Líbano, em 1982, chegando à guerra do Iraque, em 1991. E Eyad passará por tocantes experiências com suas novas amizades judias.
É um filme muito bom para refletir, pois nos mostra que, mesmo numa região de conflito intenso, duas etnias diferentes podem assegurar uma boa convivência, à despeito dos casos de intolerância que sempre se farão presentes. Apesar da película ter um clima meio que de “Malhação” no Oriente Médio, já que os personagens protagonistas eram pós-adolescentes ainda em idade escolar, a saga de Eyad é vista com muita simpatia, pois vemos o personagem protagonista amadurecendo e descobrindo-se para o mundo à medida que ele interagia com novas pessoas, saindo do gueto ao qual estava confinado pelos preconceitos da guerra. Se Eyad fazia um par amoroso com Naomi, pareceu que o relacionamento entre Eyad e Yonatan foi bem mais interessante, pois a doença degenerativa do segundo tornou os personagens bem mais próximos e solidários, assim como o relacionamento entre Eyad e Edna, principalmente depois do agravamento do problema de saúde de Yonatan. Deu gosto de ver a proximidade entre a mãe, o filho e o árabe numa trinca cheia de ternura, bem mais envolvente que o par amoroso do árabe com a judia. Uma verdadeira lição para aqueles que veem o outro como inimigo o tempo todo.

Dessa forma, “Os Árabes Também Dançam” é uma película de ritmo um tanto lento e cadenciado, mas que mostra de forma deliciosa a questão da tolerância numa zona de conflitos tão aguçados como o Oriente Médio. Um filme que acaba com rótulos e comprova aquela máxima de que, ao fim das contas, somos humanos e só temos apenas a nós mesmos, por mais que a religião permeie as mentalidades e ações daquela região. Um bom filme para reflexão.

 
Cartaz do filme

Eyad, em busca por um futuro melhot

Buscando manter seu namoro com a judia Naomi

Pais de Eyad. Corujice à toda prova do pai.

Uma família muçulmana, com certeza

Grande amizade com Yonatan...

... e com Edna, mãe de Yonatan...





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