quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Resenha de Filme - Que Mal Eu Fiz A Deus?

Que Mal Eu Fiz A Deus? O Lado Cômico Da Intolerância.
Um filme francês bem comercial, mas não menos reflexivo passa nas telonas. “Que Mal Eu Fiz A Deus?” é uma forma divertida de se encarar o verdadeiro barril de pólvora em que se transformou a Europa contemporânea quando o assunto é imigração e tolerância às diferenças. Uma comédia que aborda um tema muito sério, sem ser apelativa ou piegas.
Vemos aqui a história do casal de católicos Claude e Marie Verneuil (interpretados, respectivamente, por Christian Clavier e Chantai Lauby). Eles têm o que consideram um problema: suas três filhas são casadas com um chinês, um judeu e um muçulmano. Essa situação provoca um verdadeiro mal estar nesse casal que teve o desgosto de não ver suas filhas casadas na Igreja e vê com preconceito os genros. Mas a intolerância não se limita ao velho casal. Podemos ver atritos entre os genros, principalmente quando todos jantam juntos. O relacionamento entre os membros da família é altamente explosivo e, ao fim das contas, todos propõem uma espécie de trégua para mais se aturarem do que praticarem a tolerância em si. A grande esperança de Claude e Marie está na filha caçula, que consegue um namorado católico, mas ele é negro e africano, despertando mais intolerância ainda de todos, acentuada pelo fato do namorado ser negro. Mas ainda há a família do jovem africano, cujo pai vê os europeus com todo o preconceito do mundo.
Dá para perceber que a coisa é tensa. Mas toda a situação foi trabalhada de forma divertida , para que esse tema espinhoso fosse abordado de um jeito mais ameno. Fica bem claro aqui que o preconceito não é privilégio de ninguém e o etnocentrismo impera em todos os lugares e cabeças. Todos acabam sendo preconceituosos contra todos ao fim das contas. A religião, os ressentimentos coloniais, a dominação econômica de um grupo étnico sobre outro, o conflito árabe-israelense, tudo é motivo suficiente para despertar a discórdia, levando a várias situações onde presenciamos até dissolução de relacionamentos. Tudo isso é colocado de forma bem contundente para mostrar os absurdos em que as pessoas mergulham de cabeça por simplesmente não aceitarem as diferenças.

Como estamos falando de uma comédia num filme comercial, temos um desfecho meio “fake”, ainda mais se nos lembrarmos da situação cotidiana, onde o preconceito e a intolerância só se fazem aumentar. Mas pelo menos o filme tocou no assunto e mostrou o quanto pode ser ridículo todo o contexto em que vivemos, onde os ataques são mais agudos que as alfinetadas que aparecem na película. Vale a pena dar uma conferida. Boas risadas e boa reflexão, dois ingredientes que dão qualidade à produção.

Cartaz do filme

Um casal desgostoso com os genros...

Genros multiculturais


As filhas saúdam o novo genro, católico mas...

Preconceito aparece em todas as etnias...

Sogrões paus d'água...

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