quarta-feira, 3 de junho de 2015

Resenha de Filme - James Brown

James Brown. Uma Trajetória Sem Medo De Esconder Os Percalços.
Uma cinebiografia interessante em nossas telas. “James Brown” conta a trajetória do grande astro da música americana e de como foi a sua vida, mostrando todas as virtudes do cantor e da figura humana, mas também sem medo de expor seus piores defeitos. Um filme que mostra a personalidade forte de James Brown e a forma decidida com a qual ele enfrentou a vida numa América sempre muito dura para com os negros.
O fio narrativo do filme não é daqueles que conta a história ordenadamente com início, meio e fim. Ele possui as famosas “idas e vindas” no tempo, onde o espectador deve ficar atento, pois ele deixa pontas soltas que serão amarradas em partes mais adiante na trama. Infelizmente, ficam algumas dúvidas em alguns momentos quanto à reconstrução da sequência cronológica do filme em nossas cabeças. É uma forma de se fazer cinema, mas que pode embaralhar um pouco as coisas para o espectador e faz com que a história não fique muito bem contada.
E os atores? Para o papel de Brown, tivemos Chadwick Boseman, que deu conta do recado, embora ele tenha feito umas caretas que pareceram um tanto caricatas. Será que foi um defeito na sua interpretação ou Brown em pessoa era tão caricato assim? Fica a dúvida. O grande amigo do cantor, Bobby Bird, foi muito bem interpretado por Nelsan Ellis, de forma contida e na medida certa. Ainda, foi muito bom ver Dan Aykroyd de volta, “caçafantasma” e “irmão cara de pau”, onde o próprio Brown em pessoa atuou como um pastor num culto gospel, clara influência do cantor. Aykroyd tinha que participar desse filme e ele interpretou o papel do empresário branco do cantor, Bem Bart. Outro medalhão muito bem vindo, mas que atuou pouco foi Octavia Spencer, como a Tia Honey, dona de um prostíbulo onde Brown trabalhava quando menino, levando clientes para lá.
A história enfoca, como dissemos, a personalidade de Brown, muito forte. Ele se vangloriava de já ter nascido morto no parto e ser reanimado por sua tia-avó com uma respiração boca a boca. Ou seja, ele enfrentou as dificuldades desde sempre e jamais se deixou abalar, pois ele sabia que isso significava a morte. Vemos um Brown também engajado nas lutas dos negros, querendo ir a todo custo fazer um show no Vietnã para os soldados americanos, em sua maioria negros, ou fazer de qualquer jeito um show para 10 mil pessoas, de maioria também negras, um dia após o assassinato de Martin Luther King Jr. Obviamente, o show fora cancelado pelo prefeito branco da cidade para evitar aglomerações de negros. Um detalhe interessante usado no filme é que há momentos em que Brown ignora tudo o que acontece à sua volta no filme e passa a se dirigir a nós, espectadores, o que cria um clima muito intimista entre o personagem do filme e seu público espectador, rompendo os limites da tela. O cara meio que conversa com a gente, assim como Jeff Daniels fez em “A Rosa Púrpura do Cairo”, de Woody Allen. É um artifício muito legal. Os defeitos do personagem não foram esquecidos. Por ser muito determinado e autoconfiante, ele tratava sua banda de forma bem áspera, chegando a multar seus músicos por seus erros e criando um verdadeiro mal-estar. Mas, chega de spoilers!
Só é de se lamentar que a cópia exibida estivesse com defeitos no som justamente nos números musicais do filme, que não são poucos. Além disso, houve uma falta de legendas em trechos relativamente longos e tivemos que completá-las pela nossa intuição, o que foi um tanto desagradável. Esses defeitos surgiram pelo menos na cópia que eu vi. Espero que as outras cópias exibidas por aí estejam melhores.

Assim, “James Brown” é mais um bom filme que passa nos cinemas da cidade e merece a atenção do espectador, pois possui um bom elenco e conta a história exaltando as virtudes do consagrado cantor, mas sem esconder os defeitos. Vale a pena ficar até os créditos finais. 

Cartaz do filme


James Brown, grande ídolo da música funk.


Início com músicos gospel.


Bird, fiel escudeiro


Com seu empresário branco. Xiiii...


Relacionamento turbulento com sua banda.

Cantando com crianças...


Mick Jagger, um dos produtores


O verdadeiro James Brown


Um showman!!!

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