quarta-feira, 27 de maio de 2015

Resenha de Filme - A Vida Privada dos Hipopótamos.

A Vida Privada Dos Hipopótamos. Uma História Surreal.
Um curioso documentário brasileiro. “A Vida Privada dos Hipopótamos” tem um enredo que poderia dar uma interessante história de ficção, mas temos aqui uma história real. O filme fala de um americano, Christopher Kirk, um técnico de informática americano que estava entediado com sua vidinha confortável lá nos Estados Unidos e decide se aventurar pelo mundo. Ele ficou conhecendo a história de Pablo Escobar, o chefão do Cartel de Medelín, uma organização que traficava cocaína. Depois da morte de Escobar pela polícia, sua fazenda ficou abandonada. Mas o traficante mantinha um pequeno zoológico particular. Com o abandono da fazenda, alguns animais morreram e outros foram transferidos para zoológicos. Entretanto, nada foi feito com os hipopótamos da fazenda, que são animais muito selvagens e grandes, não podendo ser transferidos para outros lugares. Como o clima da Colômbia e o habitat eram praticamente os mesmos dos hipopótamos na África, eles tiveram todas as condições de se multiplicarem, tornando-se um transtorno para os fazendeiros locais. Kirk achou essa história “fascinante” (sem trocadinhos, por favor) e foi em direção à Colômbia, num contato maior com o “exotismo” da América do Sul. E ele realmente teve a oportunidade de entrar em contato com tal exotismo. Ao chegar ao país sul-americano, ele conheceu uma moça de descendência japonesa e colombiana, que muito o atraiu. A tal moça ainda era, segundo Kirk, muito tímida e reservada, o que despertou ainda mais o interesse do “sucker”, ops, quer dizer, do americano. A partir daí, ele caiu como um patinho nos joguetes da moça que ele não sabia muito bem quem era e o que fazia, até terminar na prisão em São Paulo, por tráfico internacional de drogas. O filme, então, recolherá depoimentos de Kirk na prisão, onde o bom moço vai contando a história de seu relacionamento com a tal moça, chamada de V. no filme, e são exibidas fotos e filmes contidos no HD particular de Kirk, que tem apenas uma imagem do rosto de V., mesmo assim com uma péssima visibilidade.
Para não cairmos muito nos “spoilers”, só vou contar aqui o que parece que já ficou bem claro. O tal Christopher Kirk assinou um tremendo atestado de trouxa ao se meter com o exotismo sul-americano. E com a tal da V. que, ao que tudo indica, fez gato e sapato do moço, aproveitando de sua boa vontade. De qualquer forma, os depoimentos de Kirk na prisão mostram que ele era um tremendo boa-praça, rindo da sua própria situação de tão inusitada que ela era e não se deixando abater ou ficando amargurado. Se o carinha vai sair ou não da prisão, deixo para vocês descobrirem, seja no cinema ou quando vocês pegarem o DVD na locadora. De qualquer forma, o filme é um bom curso de o que você NÃO deve fazer quando encontrar uma garota colombiana de descendência japonesa nas ruas de Bogotá, principalmente se ela se revelar uma picareta com o tempo. O problema é que a moça tinha uma lábia desgraçada e acabou colocando nosso Kirk em maus lençóis, e esse Kirk nem tinha um Spock para ajudá-lo (agora com trocadilho).
O documentário também levanta a questão de até aonde Kirk fala a verdade ou está mentindo. Um conhecido dele nos Estados Unidos fala que ele é um tremendo garganta. Imagens com um Pinóquio em animação sugerem que não podemos confiar de todo na história do moço. Cabe ao espectador tirar suas conclusões. Ou ele solta um tremendo "bullshit" para o filme ou vai na onda da narração do americano.

Dessa forma, não pode haver um título surreal melhor para esse documentário, que conta uma história igualmente surreal e inusitada. Vale a pena dar uma olhadinha. Só não riam muito da cara do tal Kirk. Ele era um cara bonzinho, tadinho...

Cartaz do filme.


Christopher Kirk na prisão. Um americano, digamos, simpático...


Cotidiano na prisão em São Paulo...


Os hipopótamos...


A misteriosa V.


Uma suposta pintura do rosto de V


Um homem festeiro, segundo testemunhos de seu próprio HD.

Casa embrulhada em papel alumínio. Suposta brincadeira de um amigo


Os diretores do documentário, Matias Mariani e Maíra Bühler

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