sábado, 11 de abril de 2015

Resenha de Filme - O Último Ato

O Último Ato. Ensaio Sobre A Decadência.
Al Pacino está de volta (ele já estava fazendo muita falta!). O bom “O Último Ato” lança mão de todo o talento desse ator ítalo-americano. O enredo é curioso, pois tem a ver justamente com a carreira de um ator, só que de teatro. Vemos aqui a curva descendente que a carreira do renomado ator teatral Simon Axler (interpretado por Pacino) vai tomando ao longo do tempo. Ao encenar mais uma das muitas peças em sua carreira, ele esquece suas falas e começa a recitar a fala de uma peça de dez anos antes. Tomado pela crise em pleno palco, Simon se joga de lá, numa tosca tentativa de suicídio. Sentindo que não consegue mais atuar, fica com tendências suicidas e depressivas, internando-se numa clínica e fazendo sessões de análise através de teleconferências com seu psiquiatra. Na clínica, ele conhece Sybil (interpretada por Nina Arianda), uma mulher que afirma que o marido abusou sexualmente da filha e quer matá-lo com a ajuda de Simon, já que ele havia interpretado um assassino num filme, metendo nosso protagonista numa tremenda saia justa. Depois de receber alta, ele se isola numa casa no campo, mas recebe a visita da filha de um antigo casal de amigos, Pegeen (interpretada por Greta Gerwig). A moça revela que, quando menina, era perdidamente apaixonada por Simon, mas agora tem uma companheira. Mesmo assim, Simon e Pageen começam um caso, o que dá uma reviravolta na vida do ator veterano, que vai se envolver em uma série de problemas em virtude da diferença de idade e de mentalidade entre os dois. Para complicar a situação, os pais da moça vão reprovar veementemente o relacionamento e a amante de Pegeen assim como Sybil, passam a perseguir Simon.
Esse é mais um daqueles filmes que mistura gêneros. Podemos dizer que temos aqui um drama, onde Pacino se sente bem confortável para atuar, principalmente quando vemos o histórico de seus personagens. Ele interpreta com maestria os homens atormentados, cheios de caras e bocas de expressões perdidas e desoladas. Tudo isso está lá e se torna mais convincente ainda com os traços da idade do ator. Mas o filme também tem traços de comédia, onde algumas situações engraçadas arrancaram bons risos da plateia. Talvez esse extrato de comédia tenha sido colocado para amenizar o forte traço de crise existencial do ator, que realmente sofre com sua situação de estar no limbo da carreira. Ele não quer mais atuar e se dedicar a sua Pegeen, mas ao mesmo tempo, a grana falta e ele precisa assumir compromissos profissionais. Entretanto, as ofertas que surgem lhe parecem humilhantes para sua carreira, como fazer um anúncio para produtos de queda de cabelo. Há um convite para ele interpretar “Rei Lear”, na Broadway, mas ele está relutante, até porque esse convite só apareceu depois que ele se atirou do palco.
Um detalhe interessantíssimo do filme era uma espécie de delírio que ele tinha onde ele visualizava situações que, a princípio, pareciam reais, mas que eram alucinações da cabeça do ator. E aí, embarcávamos nessas alucinações junto com ele. Chega uma hora em que não sabemos mais o que é real no filme ou o que é alucinação de Simon. Essas alucinações tinham um fundamento. Nas palavras do próprio Simon, depois de passar a vida inteira atuando, ele não conseguia ver mais sua experiência cotidiana de vida fora desse contexto. E aí, ele vivia numa espécie de vida paralela, onde sua imaginação trabalhava para que essa vida fosse uma encenação permanente de uma peça ou filme.

Assim, a gente pode perceber que “O Último Ato” é um filme cheio de bons elementos, muito bem cimentados pela presença de Al Pacino. É aquela velha história já cantada aqui muitas vezes. O bom cinéfilo, daqueles que tem celuloide correndo nas veias (e não DVD, porque ele trava de vez em quando), ainda vai ao cinema para ver o filme do ator A, ou ator B, mesmo que o filme possa parecer uma porcaria no trailer. O nome de Pacino já faz isso. Mas o filme não é ruim e tem uma boa história escrita, para quem gosta de um bom drama. E você ainda leva uns bons risos de brinde. Uma boa surpresa está reservada ao desfecho, mas essa fica para você ir para a sala. Não deixe de assistir.

Cartaz do filme


Simon. Vivendo uma vida paralela


Esquecendo suas falas.


As velhas e admiradas expressões perdidas


Pegeen. Dando uma nova vida para o velho ator.



Dificuldades no relacionamento.



Uma namorada inconformada


Um agente admirando o trabalho de seu ator...


Sybil pedindo o impossível.


Nos palcos da vida.


Pacino divertindo-se no set.







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