quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Resenha de Filme - Mommy

Mommy. Não Tem Jeito.
Um filme canadense. “Mommy” aborda o já batido tema dos adolescentes-problema. E, como sempre, de forma nua e crua, ou seja, como problema insolúvel, onde os filmes sérios sobre o assunto dão o mesmo desfecho. Esse filme de Xavier Dolan recebeu o prêmio do júri em Cannes no ano passado, além de ter sido nomeado para a Palma de Ouro.
Vemos aqui a história de Diane “Die” Després (interpretada por Anne Dorval), uma viúva desempregada que não é o melhor exemplo de bons modos, sendo agressiva e desbocada. Ela tem um filho, Steve (interpretado por Antoine-Olivier Pinon), um moleque para lá de endiabrado que tem problemas sérios de comportamento, com explosões de violência. Ele está trancafiado numa espécie de reformatório e foi expulso de lá depois de provocar um incêndio que provocou sérias queimaduras em um dos internos. Assim, Diane e Steve terão que viver debaixo do mesmo teto, numa relação que nem é preciso dizer que é altamente conflituosa, senão perigosa. Do outro lado da rua, vive Kyla (interpretada por Suzanne Clemént), uma professora que está de licença depois de ter passado um violento trauma, que inclusive lhe custou uma espécie de gagueira temporária. Num dos arroubos de violência extrema entre Diane e Steve, Kyla foi socorrer mãe e, principalmente filho, que ficou seriamente ferido depois que a mãe se defendeu de uma das tentativas de assassinato que o filho fazia contra ela num acesso de loucura. A natureza frágil e doce de Kyla vai tornar Steve um pouco mais domado e a moça vai começar a dar aulas particulares para o adolescente. O que vemos daí em diante é uma tentativa muito esforçada de Diane e Kyla na recuperação de Steve, não sem enfrentar caminhos altamente tortuosos.
Tais filmes sempre são um convite à reflexão. Nossa reação inicial é a de entrar no filme e cobrir o garoto de porrada. Mas, com o desenrolar da história, começamos a entender porque o menino é daquele jeito tão violento, pois perdeu o pai e não se conformava com isso. Aí percebemos como é difícil e tortuoso o caminho para recuperar um adolescente cheio de problemas. Os filmes que abordam essa temática geralmente mostram que as tentativas na busca pela recuperação são, na maioria das vezes, um beco sem saída, como vemos na vida real. Seria clichê demais um final feliz num assunto tão polêmico. O filme até parece enveredar nessa direção, mas é mais um delírio de Diane. Como a arte imita a vida aqui, o desenrolar da trama é muito tenso e doloroso, embora entremeado de alguns momentos de felicidade. O desfecho nos deixa no ar, com a impressão do problema visto como insolúvel. Ou seja, pau que nasce torto, morre torto e o resto é conversa fiada.
A grande virtude do filme está na atuação dos atores, altamente convincente. Embora o personagem de Steve seja um tanto estereotipado e, talvez, mais fácil de interpretar, Antoine-Olivier Pilon soube conduzir bem o personagem. Mas Suzanne Clément deu um show, sabendo ser contida e mais solta nos momentos certos, às vezes separados por intervalos de tempo muito pequenos. Anne Dorval também não decepcionou.

Dessa forma, “Mommy”, apesar de ser muito pesado, tem a grande virtude de convidar o espectador à reflexão da responsabilidade de se educar um filho e formar um ser humano. Quando tal tarefa é mal feita, as consequências podem ser trágicas. E filmes como “Mommy” não deixam a gente esquecer disso.

Cartaz do filme.


Die. Uma mãe perdida.


Steve. Mais perdido ainda.


Mãe e filho. Relação explosiva.


Kyla chegará para ajudar. Bons momentos.


Nas coletivas de imprensa da vida...

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