domingo, 16 de novembro de 2014

Resenha de Filme - Interestelar

Interestelar. Brincando Com O Paradoxo Dos Gêmeos.
Uma interessante ficção científica mesclada com drama. “Interestelar”, de Christopher Nolan, é um filme bem família cujos personagens principais tocam uma fazenda de interior com uma grande plantação de milho. Mas, entre essas relações familiares, há viagens espaciais, buracos de minhoca e buracos negros. E a mensagem ecológica implícita, cada vez mais vinculada à sobrevivência da espécie humana.
Vemos aqui um futuro sombrio para a Terra. Devido aos constantes problemas climáticos, espécies vegetais como o quiabo e o trigo estão se extinguindo. Gigantescas tempestades de poeira causam graves doenças respiratórias que logo acabarão com a humanidade. A mudança climática violenta no planeta mudou também o comportamento da espécie humana. De desbravadora e exploradora, ela passou a concentrar seus esforços na produção de alimentos. Investir dinheiro em exploração espacial, por exemplo, torna-se uma insanidade em virtude do desperdício. Todos os esforços devem estar voltados na produção de comida, muito escassa. O fazendeiro Cooper (interpretado pelo sempre excelente Matthew McConaughey), antigo engenheiro e piloto da NASA, não consegue aceitar sua vidinha atual. Ele estimula o conhecimento e inteligência aguçada da filha Murph, que pensa ver fenômenos sobrenaturais. Cooper consegue “enxergar” coordenadas geográficas nesses fenômenos, levando pai e filha a uma instalação secreta da NASA. Lá, ele reencontra o Professor Brand (interpretado pelo também excelente Michael Caine), que encabeça um projeto de se buscar outros planetas habitáveis para a raça humana, pois uma civilização alienígena instalou nas cercanias de Saturno um buraco de minhoca que serve de portal para outra galáxia, onde há planetas candidatos a abrigar os terráqueos e para onde já foram cientistas para explorá-los. Agora, é a vez de uma equipe liderada por Cooper, que conta com a filha do professor Brand (interpretada por Anne Hathaway) partir e contactar os cientistas para verificar qual é o melhor candidato.
“Interestelar” é uma ficção científica que aborda muito as questões da relatividade e do espaço-tempo, assim como as interações da física relativística com a mecânica quântica. O filme também abusa da ideia de paradoxo dos gêmeos onde, na relatividade especial, se você imagina a situação hipotética de dois irmãos gêmeos onde um permanece na Terra e outro viaja numa nave espacial a velocidade da luz, o tempo passará mais lentamente para nosso viajante, de forma que, quando ele retorna à Terra, muito tempo já se passou e seu irmão está velhinho, ao passo que a idade do viajante é praticamente a mesma. Como do outro lado do buraco de minhoca há um buraco negro onde há planetas candidatos próximos, a nave espacial deve ir próxima ao buraco negro, cuja violenta deformação no espaço-tempo provocaria o paradoxo dos gêmeos. Assim, Murph, que ficou muito ressentida com a viagem do pai, vai se tornar mulher feita (interpretada por Jessica Chastain) enquanto que o tempo para o pai do outro lado do buraco de minhoca parece passar pouco. Nesse momento, a ficção científica passa mais para o drama, onde são exploradas as implicações emocionais que a violenta diferença de idade provocada pelo paradoxo dos gêmeos acaba suscitando. Um drama regado a teoria da relatividade especial.

Outra informação a ser dada é que a película tem uma longa duração, cerca de duas horas e quarenta. Essa duração exagerada vai contra o filme, pois a história parece ficar arrastada em alguns momentos, principalmente naqueles em que o drama ocupa mais espaço na narrativa do que a ficção científica. Não espere, também, um filme de ação. Há alguns momentos de luta, mais tensos, que exigem um ritmo mais rápido. Mas, definitivamente, não é a tônica do filme. “Interestelar” é uma ficção científica bem mais cerebral, um tanto irresponsável em alguns momentos (mas também não seria ficção se não fosse irresponsável!). A mistura de ficção científica com drama pode desagradar aos amantes de ambos os gêneros. Entretanto, “Interestelar” pode ser entendido como um bom filme pois, apesar do tema já explorado da busca de outros planetas para salvar a raça humana, o uso da relatividade e da mecânica quântica como arcabouços teóricos para a trama são louváveis. A longa duração do filme e a química nem sempre eficiente entre ficção científica e drama são seus maiores defeitos. Ainda assim, a história é boa  e prende a atenção. É um filme que vale a pena.

 
Cartaz do Filme


Cooper. De piloto frustrado a herói da humanidade


Bom relacionamento com a filha Murph é afetado pela viagem espacial


Naves que simulam gravidade artificial como em 2001.


A filha do professor Brand também está na missão.


Planetas estranhos...


Belos efeitos especiais.

Ops! Já vimos isso antes!!!!

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